terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Engenheiros presos não utilizaram equipamentos que indicariam rompimento de barragem, avalia Justiça


Rafaela Matias
rsantos@hojeemdia.com.br
29/01/2019 - 11h58 - Atualizado 16h58
HOJE EM DIA
Suspeitos foram levados para prestar esclarecimentos no Ministério Público
Suspeitos foram levados para prestar esclarecimentos no Ministério Público
Os engenheiros e diretores da Vale que foram presos na manhã desta terça-feira (29) teriam atestado que as estruturas da barragem que se rompeu em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, eram seguras.
Em documentos enviados pelo Ministério Público à Justiça estadual, os engenheiros André Jum Yassuda e Makoto Mamba, que prestavam serviço por meio de uma terceirizada alemã, e Cesar Augusto Paulino Grandchamp, engenheiro contratado da Vale, informaram que as estruturas das barragens se encontravam em consonância com as normas de segurança necessárias.
Já os outros dois funcionários detidos, Ricardo de Oliveira, que era gerente de meio ambiente, saúde e segurança, e Rodrigo Artur Gomes Melo, gerente executivo operacional responsável pelo complexo minerário, estavam diretamente ligados ao licenciamento e funcionamento das estruturas das barragens da Vale.
A Justiça estadual mineira determinou busca e apreensão nas residências dos investigados e de seus celulares. A decisão foi proferida em plantão pela juíza Perla Saliba Brito. No texto, a magistrada considerou “imprescindível” a prisão temporária dos investigados, para auxiliar as investigações do inquérito policial. “Trata-se de apuração complexa de delitos, alguns, perpetrados na clandestinidade”, disse.
Entre outros pontos, a juíza destacou que a tragédia demonstra a incompatibilidade dos documentos, assinados pelos investigados, com a verdade, “não sendo crível que barragens de tal monta, geridas por uma das maiores mineradoras mundiais, se rompam repentinamente, sem dar qualquer indício de vulnerabilidade”.
A decisão ressaltou também que especialistas afirmaram que há sensores capazes de captar, com antecedência, sinais de rompimento dessas estruturas, “através da umidade do solo, medindo de diferentes profundidades o conteúdo volumétrico de água no terreno e permitindo aos técnicos avaliar a pressão extra provocada pelo peso líquido”.
Assim, a Justiça concluiu que havia meios para se evitar o ocorrido, mas que esses recursos não foram usados ou considerados pelos responsáveis.
Outro lado
A Vale informou, por nota, que está colaborando plenamente com as autoridades. "A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas".
Já a empresa alemã Tüv Süd Brasil, que designou os engenheiros André Jum Yassuda e Makoto Mamba, se posicionou por meio de nota afirmando “que fez duas avaliações da barragem que se rompeu a pedido da Vale: uma revisão periódica da segurança da barragem, em junho de 2018, e uma inspeção regular da segurança da barragem, em setembro de 2018”. A companhia disse que não irá se pronunciar neste momento e que fornece todas as informações solicitadas pelas autoridades.

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