quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Bem-vindo ao Brasil, presidente!


Adilson Fonsêca

Tribuna da Bahia, Salvador
02/01/2019 10:23
   


Agora é à vera. Não há mais tergiversação sobre o cargo, a função, e a responsabilidade de governar esse país de mais de 200 milhões de brasileiros. Já não há mais presidente eleito, mas sim um presidente de fato. E já não há mais espaços para intenções, mas sim de transformar essas intenções em ações para que se chegue aos resultados almejados.
Esse gigante adormecido ao longo dos últimos anos chamado Brasil precisa acordar. E acordar com disposição para iniciar uma nova jornada. Ficaram para trás as disputas nas urnas, os mimimis nas redes sociais, as fake news. E surgem à frente imensos desafios. Na economia, na área social, na ecologia, na infraestrutura, na saúde, segurança e na educação. E principalmente, na geopolítica, que reúne o conjunto de todas essas variantes, internas e externamentes. Chegou o momento de governar.
E os desafios começam pela definição das prioridades. E as prioridades das prioridades está justamente na Economia e na Justiça, que está sob o comando dos super ministros, Paulo Guedes e Sérgio Moro. Guedes tem a responsabilidade de destravar os inúmeros gargalos, da infraestrutura à burocracia, para poder gerar recursos para as demais áreas. E Moro, manter o país focado no combate aos inúmeros crimes de corrupção.
Para o brasileiro que inicia 2019, o desemprego continua sendo a prioridade das prioridades, e será preciso que o novo presidente adote medidas capazes de reverter o quadro, que a despeito das oito quedas sucessivas nos índices, ainda é bastante alto. Mesmo tendo recuado dos 14 milhões de desempregados, há oito meses, para 12,2 milhões no fechar das contas de 2018, o número de trabalhadores que está fora do mercado de trabalho ainda é astronômico.
Em novembro, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no fechamento do último trimestre de 2018, o índice caiu em relação ao trimestre anterior (12,1%) e também na comparação com o mesmo período do ano passado (12%). Mas o número de desempregados no Brasil ainda é de 12,2 milhões de pessoas. Isso representa queda de 3,9% em relação ao trimestre anterior.
Existem também problemas na economia de iguais dimensões, que impactarão nas demais áreas do governo. As contas públicas, que ainda apresentam déficit elevado. Mesmo apresentando uma ligeira melhora, com o governo atingindo a meta fiscal anual de um déficit nominal de R$ 161,3 bilhões, é um rombo considerável. A isso se somam a questão da Previdência, o endividamento dos estados e os juros de mercado, não a Taxa Selic, que regula o mercado de ações e transações na Bolsa de Valores, mas os juros bancários, que impactam diretamente no consumidor.
Mesmo para quem não votou em Jair Bolsonaro nas eleições de outubro, é preciso entender que pelos próximos quatro anos ele será o presidente do Brasil, e de suas decisões acertadas ou não, dependerá o rumo que o país vai tomar nesse período. A expectativa de uma mudança de paradigmas da gestão pública é grande, assim como um natural temor de que o barco não navegue como seria o ideal.
Daí porque a necessidade de se olhar o Brasil de 2019 diferente de como se olhou o Brasil de outubro de 2018 e no período imediato após o resultado final das eleições. E inegável que medidas serão tomadas nos primeiros dias de novo governo, mas o bom senso também nos diz que os resultados não vêm com a mesma velocidade. Entre a ação e o seu resultado, existe um intervalo que é o da adaptação e assimilação, para que só então seja permitido uma avaliação plena dos seus efeitos.
Bem-vindo, presidente ao Brasil real que estará sob sua responsabilidade pelos próximos quatro anos.

* Adilson Fonsêca é Jornalista (adilson.0804@gmail.com)

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