segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Chegada de Bolsonaro à Presidência muda mapa do poder de Brasília

BOCÃO NEWS
[ Chegada de Bolsonaro à Presidência muda mapa do poder de Brasília ]
31 de Dezembro de 2018 às 07:50 Por: Gustavo Uribe - 4.abr.18/Folhapress Por: FolhapressA chegada de Jair Bolsonaro ao governo muda o mapa do poder de Brasília.
Saem restaurantes sofisticados, charutos importados e academia à beira do Lago Paranoá frequentados pelo alto escalão do governo Michel Temer. Entram locais de comida nordestina a quilo, self-services em bairro de classe média e espaço fitness de baixo custo, ambientes preferidos pelo entorno do presidente eleito.
Nos últimos dois anos e meio, para encontrar deputados, senadores e ministros influentes, bastava ir a restaurantes de alto padrão tradicionais da capital federal, como Lakes ou Piantella.
Uma mesa na varanda do refinado Tejo, de cozinha portuguesa, é diariamente reservada ao ministro Moreira Franco (Minas e Energia).
De propriedade de um amigo de longa data de Moreira, o restaurante foi escolhido, por exemplo, para celebrar o primeiro ano do governo Michel Temer. Em maio do ano passado, o ministro e equipe ocuparam uma sala reservada no segundo andar.
Foram servidos petiscos de frutos do mar e pratos individuais que custam em torno de R$ 100, garrafas de vinho e charutos cubanos que são fumados na área externa do ambiente (a R$ 75 cada).
A partir do dia 1º, a vida civil dos políticos terá outros ares.
Nas últimas semanas, os filhos de Bolsonaro estiveram em restaurantes como o Mangai, uma rede de culinária nordestina a quilo.
Garçons viram os filhos do eleito e notaram o frisson de alguns clientes pedindo permissão para selfies. Mesmo com a notoriedade, a casa não chegou a oferecer aos clientes ilustres tratamento VIP, mantendo-os misturados aos demais no salão com capacidade para 1.100 pessoas.
No Mangai, o buffet com comidas típicas do Nordeste sai por R$ 73,90 o quilo durante a semana. Há um cardápio à la carte, cujo prato mais caro é uma moqueca de camarão e peixe, a R$ 156, que serve até três pessoas.
Na última quinta-feira (27), quem esteve no restaurante foi o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão. O funcionário que o recepcionou tampouco ofereceu regalias pelo cargo que passará a ocupar a partir do dia 1º. O vice eleito gosta de consumir bebida alcoólica na hora do almoço, de preferência uísque.
No argentino Toro, onde esteve duas vezes nas últimas semanas, Mourão preferiu caipirinha (R$ 14 a R$ 22 a depender da bebida escolhida) para acompanhar um bife de vacio (R$ 76 o corte de 300 gramas e R$ 118 o de 600 gramas). O ambiente do Toro é discreto, mas não requintado. Uniformizados, os funcionários vestem polo preta com o patrocínio do café que é servido nas mesas. As geladeiras no bar estampam marcas de refrigerante.
Dois conselheiros importantes de Bolsonaro, os irmão Artur e Abraham Weintraub, gostam de ir ao Tchê Garoto, um all-you-can-eat de salada, arroz, feijão e grelhados a R$ 20, na Vila Planalto, bairro de classe média de Brasília.
O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, escolheu, nas poucas ocasiões em que foi a lugares públicos desde a eleição, o Coco Bambu do Lago Sul, parte da rede de restaurantes de frutos do mar com salões enormes e atendimento expresso.
No andar de baixo do Coco Bambu fica a BodyTech, academia cuja mensalidade sai por até R$ 800. É esta a preferida por ministros de Temer.
Já o deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro, 34, surfista nas horas vagas, frequentou, de junho a agosto, uma academia de baixo custo. Em uma unidade mais antiga da Smart Fit na Asa Norte, o filho do presidente eleito treinou dez vezes, a última delas em 7 de agosto, embora o plano fosse válido até setembro.
O pacote de R$ 89 por mês deu-lhe acesso a equipamentos de musculação e aeróbico e treinos de ginástica funcional (cross fit).
Em todas as ocasiões, Eduardo chegou pouco depois das 8h, fim do pico matinal, e quase passou despercebido.
Recepcionistas o notaram uma vez. Um instrutor disse que o seu perfil, malhado, de cabeça raspada, é o que mais tem. Ficou difícil reconhecer o filho de Bolsonaro entre os quase 8.000 alunos da unidade.
O perfil mais simples também se aplica à moradia. Até mudar-se para a Granja do Torto, o presidente eleito residia e um dos apartamentos que tem na capital federal —um funcional na Asa Norte e outro, propriedade sua, no Sudoeste. O bairro fica fora do plano piloto, a 15 minutos da Praça dos Três Poderes. O tipo escolhido foi o menor, de dois ou três quartos. No mesmo prédio, havia opções de três e quatro dormitórios.
O edifício fica em uma quadra padrão, com espaço esportivo, parque infantil e bancos públicos na área comum.
O presidente, parlamentar por 27 anos, porém, não costumava usufruir das comodidades. Até a campanha eleitoral, Bolsonaro em geral saía de carro de manhã e voltava à noite.
Mesmo que brevemente, não deixava de cumprimentar os funcionários e puxar papo, contou um porteiro que não quis se identificar.
Sua mulher, Michelle, e a filha caçula, Laura, 8, não eram vistas por lá, apenas os filhos políticos, Carlos, Flávio e Eduardo. Mas a família de outro presidenciável, sim. João Goulart Filho (PPL) mora lá. Outro morador do bairro é o ex-ministro petista José Dirceu.

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