Sandra Cohen
do G1
Primeiro premiê de Israel a visitar o Brasil e estrela na posse de Jair Bolsonaro, Benjamin Netanyahu aproveita o encontro com seu mais novo aliado para uma pausa estratégica que atenue a crise interna e o prepare para enfrentar a que já é considerada por especialistas a campanha eleitoral mais importante de Israel desde a sua fundação, há 70 anos.
Na véspera do Natal, o premiê dissolveu o Parlamento e antecipou para 9 de abril as próximas eleições. Ele se candidata a um quarto mandato consecutivo e, se as urnas confirmarem as pesquisas que o apontam como favorito, ocupará o lugar de Ben Gurion como premiê mais longevo do país.
TRÊS ACUSAÇÕES – Mas o maior problema de Netanyahu é ser suspeito de suborno e outras violações da lei em três casos de corrupção: receber presentes caros de empresários, promover os interesses da maior operadora de telecomunicações, a Bezeq, em troca da cobertura favorável a ele no site controlado pela companhia; e tentar um acordo com o jornal “Yedioth Ahronoth” com o mesmo objetivo.
O procurador-geral, Avichai Mandelblit, ainda não se decidiu se vai seguir as recomendações da polícia e processá-lo. Tampouco sabe-se o momento em que sua decisão será anunciada.
A convocação de eleições, sem um claro concorrente que o desafie, foi interpretada como uma jogada do premiê para se antecipar à decisão do procurador. “É crucial chegar à audiência que determinará seu destino como um primeiro-ministro recém-reeleito. Poderá argumentar que o povo o escolheu já conhecendo as suspeitas que pairam sobre ele”, avalia o colunista Yossi Verter, do “Haaretz”.
BLINDAGEM À BRASILEIRA – Especula-se ainda que, se reeleito, Netanyahu poderá propor à nova coalizão de governo uma lei que impeça o primeiro-ministro em exercício de ser processado. Ele nega categoricamente as acusações e se diz vítima de uma caça às bruxas orquestrada pela mídia israelense.
Os escândalos que afetam o premiê dividem a opinião pública. Mas, de acordo com pesquisas realizadas por três emissoras de TV, se as eleições fossem hoje, o Likud, partido nacionalista de direita, chefiado por Netanyahu, receberia o maior número de votos.
Outras crises fizeram naufragar sua coalizão, deixando-o com uma frágil maioria de 61 deputados entre os 120 que compõem o Parlamento. Há um mês, o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, do partido Yisrael Beiteinu, abandonou o governo por considerar fraca a resposta de Netanyahu à chuva de foguetes do Hamas em território israelense.
SEGURANÇA – Na época, o premiê, que passou a acumular as pastas de Defesa, Relações Exteriores, Saúde e Imigração, assegurou que não anteciparia as eleições alegando razões de segurança interna. O país ficou ainda mais vulnerável, após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar as tropas americanas da Síria.
Contudo, na última segunda-feira, o argumento sucumbiu. Netanyahu mudou repentinamente de ideia e convocou novas eleições, indicando que sua atitude não era movida pela fragilidade do país ou da coalizão que o sustentava, e sim por seu aguçado instinto de sobrevivência.
do G1
Primeiro premiê de Israel a visitar o Brasil e estrela na posse de Jair Bolsonaro, Benjamin Netanyahu aproveita o encontro com seu mais novo aliado para uma pausa estratégica que atenue a crise interna e o prepare para enfrentar a que já é considerada por especialistas a campanha eleitoral mais importante de Israel desde a sua fundação, há 70 anos.
Na véspera do Natal, o premiê dissolveu o Parlamento e antecipou para 9 de abril as próximas eleições. Ele se candidata a um quarto mandato consecutivo e, se as urnas confirmarem as pesquisas que o apontam como favorito, ocupará o lugar de Ben Gurion como premiê mais longevo do país.
TRÊS ACUSAÇÕES – Mas o maior problema de Netanyahu é ser suspeito de suborno e outras violações da lei em três casos de corrupção: receber presentes caros de empresários, promover os interesses da maior operadora de telecomunicações, a Bezeq, em troca da cobertura favorável a ele no site controlado pela companhia; e tentar um acordo com o jornal “Yedioth Ahronoth” com o mesmo objetivo.
O procurador-geral, Avichai Mandelblit, ainda não se decidiu se vai seguir as recomendações da polícia e processá-lo. Tampouco sabe-se o momento em que sua decisão será anunciada.
A convocação de eleições, sem um claro concorrente que o desafie, foi interpretada como uma jogada do premiê para se antecipar à decisão do procurador. “É crucial chegar à audiência que determinará seu destino como um primeiro-ministro recém-reeleito. Poderá argumentar que o povo o escolheu já conhecendo as suspeitas que pairam sobre ele”, avalia o colunista Yossi Verter, do “Haaretz”.
BLINDAGEM À BRASILEIRA – Especula-se ainda que, se reeleito, Netanyahu poderá propor à nova coalizão de governo uma lei que impeça o primeiro-ministro em exercício de ser processado. Ele nega categoricamente as acusações e se diz vítima de uma caça às bruxas orquestrada pela mídia israelense.
Os escândalos que afetam o premiê dividem a opinião pública. Mas, de acordo com pesquisas realizadas por três emissoras de TV, se as eleições fossem hoje, o Likud, partido nacionalista de direita, chefiado por Netanyahu, receberia o maior número de votos.
Outras crises fizeram naufragar sua coalizão, deixando-o com uma frágil maioria de 61 deputados entre os 120 que compõem o Parlamento. Há um mês, o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, do partido Yisrael Beiteinu, abandonou o governo por considerar fraca a resposta de Netanyahu à chuva de foguetes do Hamas em território israelense.
SEGURANÇA – Na época, o premiê, que passou a acumular as pastas de Defesa, Relações Exteriores, Saúde e Imigração, assegurou que não anteciparia as eleições alegando razões de segurança interna. O país ficou ainda mais vulnerável, após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar as tropas americanas da Síria.
Contudo, na última segunda-feira, o argumento sucumbiu. Netanyahu mudou repentinamente de ideia e convocou novas eleições, indicando que sua atitude não era movida pela fragilidade do país ou da coalizão que o sustentava, e sim por seu aguçado instinto de sobrevivência.
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