quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Até o final deste ano o Brasil terá seis mil novos casos de câncer de pênis


No país, esse tipo de tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste

Tribuna da Bahia, Salvador
28/11/2018 13:07 | Atualizado há 17 horas e 59 minutos
   
Foto: Reprodução/Uol

Por Rayllanna Lima
O Novembro Azul, mês destinado para a saúde masculina, faz um alerta para a prevenção do câncer de próstata. Há, contudo, outra doença pouco comentada, rara e muito perigosa, que também merece atenção: o câncer de pênis, neoplasia que pode resultar na amputação do órgão. No Brasil, esse tipo de tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste.
Dados levantados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, até o final deste ano, serão registrados cerca de seis mil novos casos da doença. Esse tipo de neoplasia está muito relacionado ao HPV (vírus do papiloma humano), uma DST (doença sexualmente transmissível) que causa verrugas genitais. Também contribuem para a doença a falta de higiene, idade avançada e fimose.
“Apesar de raro, este tumor está relacionado às baixas condições socioeconômicas e de nutrição, à má higiene íntima, tabagismo e doenças sexualmente transmissíveis (principalmente infecção pelo HPV)”, explica o urologista Paulo Fischer, do Serviço Social da Construção.
O alerta sobre o câncer de pênis vem sendo intensificado pelo médico Newton Sérgio de Carvalho desde 2008, com a publicação de uma revista sobre o tema no Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis. “O HPV tem uma média de associação de 30% a 40% com o câncer peniano, em especial os tipos 16 e 18. O vírus tem 150 variações” disse.
A pessoa diagnosticada com os tipos 16 e 18 do vírus apresenta mais chances de desenvolver câncer, não só no pênis, mas também em outras partes do corpo. “Importante ressaltar, no entanto, que a contaminação tem que estar associada a mais fatores, como a associação do HPV com ISTs, a exemplo da clamídia”, reforça.
Sintomas
Os especialistas em urologia explicam que a manifestação clínica mais comum do câncer de pênis é uma ferida ou úlcera persistente, ou também uma tumoração localizada na glande, prepúcio ou corpo do pênis.
A presença de um desses sinais, associados a uma secreção branca (esmegma), pode ser uma indicação para esse tipo de neoplasia. Nestes casos, é necessário consultar um especialista.
Prevenção
A recomendação para prevenir a doença é fazer a limpeza diária com água e sabão, principalmente após as relações sexuais e a masturbação. É fundamental ensinar às crianças desde cedo os hábitos de higiene íntima, que devem ser praticados todos os dias.
A cirurgia de fimose (quando a pele de prepúcio é estreita ou pouco elástica e impede a exposição da cabeça do pênis, dificultando a limpeza adequada) é outro fator de prevenção. A operação é simples e rápida e não necessita de internação. Também chamada de circuncisão, a cirurgia em questão é normalmente realizada na infância.
Tanto o homem circuncidado como o não-circuncidado reduzem as chances de desenvolver esse tipo de câncer se tiverem bons hábitos de higiene. A utilização da camisinha é indispensável.
Detecção precoce
Quando detectado inicialmente, o câncer de pênis possui tratamento e é facilmente curado. É importante, ao fazer a higiene íntima, realizar o autoexame do pênis. No autoexame, os homens devem estar atentos aos seguintes sinais: perda de pigmentação ou manchas esbranquiçadas; feridas e caroços no pênis que não desapareceram após tratamento médico e apresentem secreções e mau cheiro; tumoração no pênis e/ou na virilha (íngua); inflamações de longo período com vermelhidão e coceira, principalmente nos portadores de fimose.
Diagnóstico
Quando diagnosticado em estágio inicial, o câncer de pênis apresenta elevada taxa de cura. No entanto, segundo o INCA, mais da metade dos pacientes demoram até um ano após as primeiras lesões aparecem para procurar o médico.
Todas as lesões ou tumorações penianas, independentemente da presença de fimose (dificuldade ou incapacidade de exposição da glande, porque a pele que envolve o pênis possui um anel estreito), deverão ser avaliadas por um médico, principalmente aquelas de evolução lenta e que não responderam aos tratamentos convencionais. Essas lesões deverão passar por biópsia (retirada de um fragmento) para análise, quando será dado o diagnóstico final.
Tratamento
O tratamento depende da extensão local do tumor e do comprometimento dos gânglios inguinais (ínguas na virilha). Cirurgia, radioterapia e quimioterapia podem ser oferecidas. A cirurgia é o tratamento mais frequentemente realizado para controle local da doença. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o crescimento desse tipo de câncer e a posterior amputação do pênis, que traz consequências físicas, sexuais e psicológicas ao homem. Por isso, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de cura.

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