"Tudo isso me oprime, como eleitor, na busca de uma mudança, que não vi
acontecer nesses 30 anos. Ao contrário, só vi piorar a corrupção, a
saúde, a educação, a situação da previdência, o tamanho dos tributos, a
incompetência de um estado cada vez mais gastador e inchado e a
popularidade do jeitinho, do egoísmo, da alienação dos valores éticos, a
irresponsabilidade em relação ao país". Post do jornalista Alexandre
Garcia:
Tento acompanhar a campanha eleitoral, as declarações dos candidatos,
suas respostas, suas propostas, as perguntas que lhes fazem – e chego
sempre à mesma sensação de que estou revendo as campanhas anteriores,
nesses últimos 30 anos. O assunto é o mesmo, porque os problemas são os
mesmos, apenas agravados. E concluo que ninguém resolveu os problemas
que existiam em 1989, 1993, 1997, 2001, 2005, 2009, 2013. Sempre a
saúde, a segurança pública, os impostos, a previdência, a educação, as
estradas, a corrupção, o desperdício, a má administração. Chegamos ao
cúmulo de haver político que esteve ou está no poder por anos a fio e
não resolveu, e agora está anunciando que pode resolver todos os
problemas. Talvez mais grave que isso seja existir milhões de pessoas a
acreditar nessas fanfarronices.
Campanhas para presidente e para governador contêm a impostura de
candidatos que afirmam que vão fazer isso e aquilo, quando eles sabem
que para isso vão depender do voto da maioria da Câmara, do Senado e das
Assembléias. Temos um sistema de presidente fraco, sem poderes para
cumprir os programas anunciados na campanha. É quase um sistema
parlamentar, que está na alma da Constituição de 1988, feita
originalmente para o parlamentarismo, mas com emendas presidenciais. Deu
esse misto de presidente/governador com cobrança exigida pela
expectativa do eleitor, mas dependente de um legislativo poderoso, mas
de responsabilidade anônima e não percebida pelo eleitor, que sequer
sabe o nome de seu mandatário, para poder fiscalizá-lo e cobrar. O
legislador respeita mais os meios de informação que seus próprios
eleitores.
E assim vamos, diminuindo a esperança a cada eleição, porque a
prática do mandato é bem diferente da teoria da campanha. Um desperdício
grande das riquezas deste país-continente. Tanta terra, com um
potencial de riqueza ainda imensurável, na superfície e embaixo; tanta
força de trabalho que poderia ter qualificação; tanta água, clima tão
diverso, um cadinho étnico exemplar. E no entanto, desviam, furtam,
desperdiçam, administram mal, não planejam, não estudam. Ontem um
candidato a deputado me contou que no diretório do seu partido lhe
disseram que o custo da campanha de cada um vai ser de 3 milhões de
reais, mas que no primeiro ano já terão conseguido recuperar o
investimento. Será que é um negócio e não uma missão, um sacerdócio, um
sacrifício altruísta? Dá pena do Brasil.
Tudo isso me oprime, como eleitor, na busca de uma mudança, que não
vi acontecer nesses 30 anos. Ao contrário, só vi piorar a corrupção, a
saúde, a educação, a situação da previdência, o tamanho dos tributos, a
incompetência de um estado cada vez mais gastador e inchado e a
popularidade do jeitinho, do egoísmo, da alienação dos valores éticos, a
irresponsabilidade em relação ao país. No entanto, continua atual a
frase de John Kennedy: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você,
mas o que você pode fazer por seu pais”.
*Do Facebook do autor: https://www.facebook.com/alexandregarciaoficial/
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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