Um candidato não tem programa; o outro tem (o que é pior), mas como
prefeito de São Paulo deixou de cumprir 9 entre 10 metas fixadas. Coluna
de Carlos Brickmann, publicada nesta quarta-feira:
O caminho (que pena!) parece traçado. Vamos ter de escolher entre um
candidato de porta de cadeia e um de porta de quartel. Um candidato que
se opõe aos esquerdistas mas apoiou as candidaturas presidenciais de
Lula e de Dilma, ou o que diz que o candidato a presidir de fato o país é
outro, mas a chapa está em nome dele. Um que cita com saudades um
campeão da tortura, outro que cita com saudades os campeões da
roubalheira.
Que é que acham das mulheres, no campo político, esses candidatos? Um
acha normal mulher ganhar menos que homem, outro usa com orgulho,
mesclado a seu próprio, o nome do dono da chapa, aquele que convocou as
mulheres de grelo duro a brigar por ele. Um disse que teve quatro filhos
e, na quinta vez, fraquejou e teve uma filha. O outro, o que é mas não
põe o nome, disse que uma antiga companheira de partido, surpreendida
por uma operação de busca e apreensão, ficou feliz, achando que os cinco
federais que entraram em sua casa, de manhã cedinho, “tinham caído do
céu”.
Um candidato não tem programa de governo. Seria difícil. Em toda a
sua vida, foi estatizante, nacionalista, antiliberal, mas entregou seu
projeto econômico a um pregador do liberalismo. O outro candidato tem
programa de governo – o que é pior. Como prefeito de São Paulo, ficou
longe de cumprir seu plano de metas. Em suma, um candidato de estado de
sítio e um candidato de sítio de Atibaia, que é do outro mas está em seu
nome.
Ói ela aí tra veiz
Dilma é candidata ao Senado por Minas. Conhece tudo de lá, uai:
“Dois Haddads. Não, dois Pimentéis. Não, um Fernando”.
Ela queria dizer Dois Fernandos: Pimentel e Haddad, ambos do PT.
As pesquisas da semana
Depois das pesquisas BTG, Ibope, Datafolha e DataWorld/Sensus, vêm
agora as da Paraná Pesquisas/Empíricus, nesta quarta. Virtua/Genial
Investimento, na quinta, e XP/Ipespe, na sexta.
Meu nome é Geraldo...
Há quem diga que o Centrão só espera, para abandonar Alckmin, a
confirmação por novas pesquisas de sua inviabilidade. Bobagem: o Centrão
já jogou Alckmin ao mar. Os candidatos do Centrão no Nordeste estão com
Ciro ou Lula, e o que restou da aliança foi o tempo de TV – que, até
agora, para nada serviu. O sinal que o Centrão recebeu foi simples:
Alckmin perde em seu Estado, São Paulo, do qual foi quatro vezes
governador, e que é o maior reduto do PSDB, para Bolsonaro e Haddad. Só
um milagre o salva.
... mas pode me chamar de Cristiano
Alckmin está sendo cristianizado – alusão a Cristiano Machado,
mineiro que disputou a Presidência em 1950 pelo maior partido do país, o
PSD. Seu partido o largou para apoiar o adversário Getúlio Vargas, do
PTB. Alckmin já tem a desvantagem de ser tucano, partido
tradicionalmente desunido nas eleições nacionais. O prefeito de São
Paulo, Bruno Covas, não tem feito muito esforço em seu favor; e João
Doria, candidato a governador, afilhado político de Alckmin, foi mais
longe, com a Bolsodoria – voto em Doria para governador e Bolsonaro para
presidente. Segundo a Paraná Pesquisas, já no primeiro turno 38,6% dos
eleitores de Doria devem votar Bolsonaro.
Mi mi mi
O ótimo blog jurídico gaúcho Espaço Vital (www.espacovital.com.br)
pesquisou os principais tribunais do país, depois de cansar de ouvir
que “os juízes têm sido parciais” contra o PT, seus líderes e afiliados.
A pesquisa mostrou que, nos cinco tribunais superiores e no TRF-4
(Tribunal Regional Federal da 4ª Região – que condenou Lula em segunda
instância), em treze anos de Lula e Dilma foram nomeados 99 ministros e
magistrados – a maioria dos 141 ministros em atuação. No STF, foram 7
dos 11 ministros; no STJ, 28 dos 33 ministros; no TRF-4, 22 dos 27
desembargadores.
Chega de reclamar: Lula e Dilma não teriam, deliberadamente, escolhido magistrados que tivessem posições definidas contra eles.
Então, tá
A Câmara Federal divulgou a pauta da próxima semana, e garantiu que
haverá debates todos os dias. Os deputados estão ocupados com a eleição e
não têm qualquer outra preocupação. Considerando-se que não há desconto
no salário de quem faltar, dá para imaginar como as Excelências
debaterão.
É caro. E daí?
Coisas do Brasil. O substituto legal do presidente Michel Temer é o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Na falta de Rodrigo Maia, o vice é o
presidente do Senado, Eunício Oliveira. Como ambos são candidatos, não
podem assumir o cargo, sob pena de inelegibilidade. Quando Temer viaja,
como agora, para a abertura da Assembleia Geral da ONU, Eunício e Maia
também viajam, com passagens, hospedagem, diárias, tudo paga por nós.
Se eles não podem assumir, por que são escolhidos para ocupar os cargos?
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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