Escrevo este artigo na tarde de ontem, terça-feira, portanto antes da entrevista de Bolsonaro à Rede Globo. Minha base assim está focada na entrevista de Ciro Gomes, noite de segunda-feira, a William Bonner e Renata Vasconcelos. Esta entrevista, embora pautada em linguagem de alto nível, ressaltou mais contradições do candidato do PDT do que propriamente seu plano e projeto de governo. Foi uma pena. Uma pena para os telespectadores, mas um êxito para o candidato.
Seu lance mais forte na busca de votos terminou obtendo grande destaque na tela. Deu oportunidade a ele de colocar diante de milhões de pessoas seu projeto para retirar 63 milhões de brasileiros e brasileiras do rol de inadimplentes. Sobre este aspecto a meu ver, deve ter obtido mais intenções de votos do que aquele que possuía antes da entrevista.
CONTRADIÇÕES – No caso eleitoral somou para sua imagem, embora dificilmente possa concretizar a intenção dentro da perspectiva de sua vitória em outubro e de seu governo que começaria em janeiro de 2019. Mas falei em contradições da política. São enormes, inclusive parecem não ter fim.
Para citar um exemplo marcante de contradições, podemos lembrar o encontro entre Roosevelt, Churchill e Stalin em abril de 1945, na cidade de Yalta, ao sul da Rússia, a poucas semanas da rendição da Alemanha nazista. Estavam a mesa o presidente dos Estados Unidos, um liberal, o primeiro-ministro inglês, um conservador, e o ditador Stalin, comunista que sucedeu a Lenine no governo da então URSS. Discutiu-se a divisão da Alemanha entre duas partes a ocidental e a oriental, divisão que permaneceu de 1945 a 1989. Depois de Yalta, houve mais dois encontros. Um em Potsdam, outro em Berlim. Os três governos vitoriosos logo após o desabamento do Terceiro Reich, começaram a se desentender. Como explicar uma união entre os lados opostos do capitalismo e do comunismo? Mas foi o que aconteceu.
PRIMAVERA DE PRAGA – Os exemplos não ficam só nesse confronto. Em 1956, a então União Soviética invadiu a Hungria e mudou o governo do país. Em 1968 a invasão russa sufocou a Primavera de Praga, na então Checoslováquia, derrubando o governo que fazia tentativa de conjugar o comunismo com a liberdade. A liberdade era inadmissível para Moscou.
Aliás, há um terceiro exemplo. Em1948, ainda Stalin no poder, o governo comunista ameaçou invadir a Iugoslávia para conter o projeto de independência do Marechal Tito, que não aceitou e por isso teve sua fronteira fechada.
Mas esses exemplos são do passado. As contradições são de todas as épocas. Escreverei para amanhã artigo sobre a entrevista de Bolsonaro.
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