quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Notícias do fim do mundo


A campanha anti-Trump continua forte nos EUA (e não só lá). Ana Paula do Vôlei ironiza: "os iluminados da imprensa bem que alertaram que Trump era mau, feio e bobo, mas não ouvimos e o resultado está aí. Antes do atual Ministério da Verdade das redes sociais, temos o Ministério da Verdade das redações. Ouve quem quer, acredita quem tem juízo". Segue o texto na íntegra:

Com tantas notícias ruins veiculadas sobre o governo Trump nos últimos dias, é hora de reconhecermos que a esquerda tem razão ao querer despejar o agente laranja da Casa Branca.

Fomos contra a volta da família Clinton ao poder, possivelmente a mais corrupta da história da política americana, mas quem poderia imaginar que teríamos tantos escândalos como os atuais? Os iluminados da imprensa bem que alertaram que Trump era mau, feio e bobo, mas não ouvimos e o resultado está aí. Antes do atual Ministério da Verdade das redes sociais, temos o Ministério da Verdade das redações. Ouve quem quer, acredita quem tem juízo.

Trump, desde sua eleição em 2016, está sendo acusado de ter se associado ao governo russo para vencer as eleições presidenciais de forma fraudulenta. Depois de mais de um ano e meio da mais ampla e profunda investigação que se possa imaginar, nada de concreto foi encontrado ainda, mas se a imprensa disse que Trump é mau e se associou a Vladimir Putin, quem somos nós para discordar? Eles certamente sabem de algo que nem o time do procurador Robert Muller, ex-diretor do FBI por 12 anos, conseguiu descobrir. Sem pressa, gente! É questão de tempo, dizem. Enquanto isso, podemos popular as páginas dos jornais com os antigos casos extraconjugais do bufão laranja.
Robert Muller, que hoje trabalha no Departamento de Justiça, equivalente americano ao Ministério da Justiça no Brasil, é o encarregado da investigação do possível conluio Trump-Rússia. Muller montou uma equipe com opositores ferozes de Trump e tem plenos poderes para revirar tudo relacionado com a eleição. Um caminhão de dinheiro público já foi gasto, mas ainda estamos aguardando provas, uma única que seja, das acusações que dominam as páginas e as manchetes americanas desde a eleição do agente do Putin na Casa Branca. Elas virão, já que grande parte da imprensa, tão isenta e impessoal na busca pela verdade, a mesma que dizia que o governo Obama era “scandal free” (“livre de escândalos”), disse que Trump é mau e tem que cair.
O que se tem até o momento contra Trump pouco ou nada contribui para a tese de que ele não conseguirá terminar o mandato. Dois ex-colaboradores do presidente, Paul Manafort e Michael Cohen, estão enrolados até o pescoço com a justiça, mas os delitos revelados até o momento não incriminam Trump diretamente, para desespero das redações Democratas. Mesmo que se prove que o presidente, para ficarmos no caso mais comentado, deu dinheiro para uma atriz pornô se calar sobre um relacionamento entre eles, sua conduta imoral, por mais difícil que seja explicar para Melania, não configura crime.

Sabemos que Trump não é santo, nunca foi ou disse que era, e muita coisa ainda pode aparecer, mas o silêncio em relação aos escândalos dos Clinton e do companheiro Obama falam cada vez mais alto nas ruas por aqui. Uma das coisas mais interessantes do caso Trump-Rússia é que a mesma imprensa que já declara que Trump está a um passo de sofrer um impeachment não se interessou até agora por fatos relevantes, amplamente documentados e provados que envolvem os Democratas. Vamos a alguns fatos que os engajados progressistas das redações não noticiam.

A mulher de Bill, sim, aquele que aliciava jovens no Salão Oval (não confundam com oral), contratou através da empresa de inteligência Fusion GPS um espião britânico aposentado para forjar um dossiê inverossímil contra Trump, então candidato. O dossiê, pasmem, foi usado quatro vezes pelo Partido Democrata e o FBI para justificar uma autorização judicial especial (FISA) para o mesmo FBI de Obama espionar seu adversário durante a eleição de 2016. Já sabemos que fatos costumam ser um incômodo para redações engajadas em narrativas, mas não noticiar o uso do aparelho de espionagem do estado para espionar o candidato da oposição estaria na primeira página dos jornais em qualquer lugar do mundo. Mas se a imprensa diz que Obama é “livre de escândalos”, quem somos nós para duvidar?

Brasil e EUA são países bem diferentes e com sistemas eleitorais bem distintos, mas existe mais em comum entre brazucas e ianques na política de que se imagina. Alguns amigos americanos chegaram até a duvidar de mim quando contei do caso da nossa Procuradoria Geral da República, sob o comando do impoluto Rodrigo Janot, que encampou a delação premiada dos bilionários Joesley e Wesley Batista que serviu de pretexto para uma campanha que uniu grande parte da imprensa para a derrubada do governo Michel Temer. Os irmãos Batista chegaram a ser presos quando a armação foi provada, o acordo da delação cancelado, mas quem se importa? Ianques ainda têm muito o que aprender conosco, temos muito mais experiência em aparelhamento das instituições democráticas para favorecer agendas políticas de governos.

Vocês podem achar que é exagero, mas o aparelhamento da PGR em tempos petistas é quase nada perto do que Obama fez com verdadeiros pilares americanos como o FBI e a CIA. A “comunidade de inteligência” dos EUA foi invadida pelos ajudantes de ordem de Obama e os prejuízos para a nação apenas começam a ser conhecidos. A espionagem de Obama em Trump e em cidadãos comuns faz Watergate, que levou à renúncia de Richard Nixon, parecer uma brincadeira de criança. Em tempos menos estranhos, seria a notícia mais importante do país, mas como a grande imprensa se tornou uma extensão do Partido Democrata por aqui, passamos o dia ouvindo fofocas sobre os casos de Trump com prostitutas de luxo. Prioridades.

Washington DC é uma das regiões mais ricas da América, portanto, ser ligado direta ou indiretamente ao governo é cada vez mais um grande negócio por aqui. Depois de oito anos do governo “scandal free” de Obama, ou em tradução (Lula) livre, “governo paz e amor”, as instituições democráticas e o “deep state” estão cada vez mais parecidos com o que vemos no Brasil. A fúria do sistema contra Trump e qualquer pessoa remotamente ligada a ele é facilmente compreendida quando se percebe como sua eleição colocou freios na transformação da América numa democracia com uma elite apenas preocupada na sua perpetuação no poder. Soa familiar?

Enquanto Trump já está “impichado” nos tablóides de fofoca como CNN e afins, que dia sim e outro também entrevistam ícones americanos do momento como atrizes pornôs e seus advogados, a administração atual promoveu um dos maiores arranques da economia americana e suas conquistas são estonteantes: o mais longo “bull run” da bolsa, crescimento superior a 4% do PIB no último trimestre, reforma tributária, aumento da renda para todos os segmentos da população, menor taxa de desemprego entre negros e latinos na história do país, menor número de pedidos de seguro-desemprego desde 1969 e por aí vai.

Não se via a economia americana tão pujante desde o mítico governo Reagan, mas para os iluminados das redações e a elite envernizada da capital federal, os tempos são sombrios. Ao menos para eles. Make newspapers great again!

Aos amigos brasileiros que me perguntam quase que diariamente sobre as notícias politicamente incorretas da América, aqui alguns detalhes, bobos, coisas irrelevantes no reino da planfletagem: a aprovação do governo Trump está próxima dos 45% (e dos 50% quando se refere à economia), um índice quase mágico para o presidente mais atacado pela imprensa em todos os tempos, com mais de 90% de cobertura negativa.

Uma pesquisa recente do Instituto Gallup mostrou que entre os assuntos não-econômicos, o possível conluio de Trump com a Rússia, manchete diária número um dos jornais atuais, ocupa a 27ª colocação na lista de preocupações do americano. O descolamento do sentimento das “classes falantes” em relação à população que tem mais dinheiro no bolso, mais emprego e oportunidades, é evidente, mas nada que tire o ânimo destas elites para derrubar o presidente que, é cheio de defeitos, que fala demais e que não é nada presidenciável, ousou desafiar o sistema.

Em novembro teremos eleições para a Câmara, hoje com maioria Republicana, e se o cenário virar e os Democratas tomarem a casa, o que é provável já que americanos prezam muito pela alternância de poder, um processo de impeachment poderá ser iniciado (ainda precisarão de 2/3 do Senado para a conclusão do mesmo). Os Democratas não falam abertamente do possível pedido de impeachment com receio de perderem votos nas eleições deste ano, uma vez que a economia americana está de vento em popa, mas até as pedras de Washington sabem que uma maioria Democrata no Congresso deve apostar tudo na aposentadoria precoce do presidente. Será que a gente avisa que se ele cair quem assume é o Mike Pence e não a Hillary?

A batalha está longe do fim, mas Trump dá sinais que não está disposto a aceitar uma eventual derrota e já sinalizou que se cair, cairá atirando. E seu alvo preferencial é Hillary Clinton. Pipoca? Poucos dias antes de tomar posse, Obama disse que iria “transformar fundamentalmente a América” e quase conseguiu. Só faltou combinar com os eleitores. Com Trump ou Mike Pence, America is great again.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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