domingo, 1 de julho de 2018

O fantasma do desemprego


Ireuda Silva

Tribuna da Bahia, Salvador
29/06/2018 22:38
   


Todos os dias assistimos, ouvimos ou lemos notícias que apontam uma retomada da economia brasileira após anos de recessão e pessimismo generalizado. Tal perspectiva promissora, porém, não parece ser compartilhada pelo povo baiano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média de desemprego na Bahia, em 2017, ficou em 16,9%, a mais alta desde 2012, e acima da média nacional, que é de 12,8%. Atualmente, temos a terceira maior taxa de desocupação (já tivemos a primeira) do país em relação aos outros estados.
Em Salvador, vivemos um quadro menos drástico: no ano passado, o desemprego caiu de 17,1% em 2016 para 14,8%, e deixamos de ser uma das capitais do desemprego para ocupar a 9ª posição no ranking. Ainda assim, é um índice altíssimo, mas que nos traz algumas reflexões: a maior parte das pessoas que se mantiveram no mercado de trabalho é composta, em grande medida, pela mão de obra mais qualificada (embora muitos profissionais com ensino superior também sejam afetados pela onda de demissões que veio no embalo da crise).
No entanto, isso nos mostra que investir em formação, tanto no que se refere a recursos como a uma gestão eficaz do sistema de ensino, é fundamental para tornar a sociedade mais resistente a novas turbulências econômicas. E é preciso que esse entendimento parta do trabalhador, por um lado, e do poder público, por outro.
Nesse contexto, também precisamos mencionar que mulheres e homens negros, talvez por conta do seu histórico de exclusão social, compõem significativa parcela dos desempregados e daqueles que ganham menores salários. De acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), as mulheres negras, nos últimos dois anos, diminuíram seu rendimento de R$ 1.308 para R$ 1.248 e os homens negros diminuíram de R$ 1.663 para R$ 1.516, uma redução de 4,6% e 8,8%, respectivamente. Homens e mulheres brancas tiveram um rendimento de R$ 1.745 e R$ 1.345, respectivamente.
É inadmissível que o nosso estado e a nossa capital ainda registrem níveis tão altos de desemprego. E, considerando que a população negra é a mais atingida, temos aí um quadro que reflete o racismo estrutural que ainda se ramifica na nossa sociedade. Enquanto isso não for mudado, nunca teremos um nível de desenvolvimento humano que não nos envergonhe.
*Ireuda Silva é vereadora de Salvador pelo PRB.

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