domingo, 3 de junho de 2018

Solução dos problemas do país vai exigir sacrifícios enormes à população






Willy Sandoval
O grande problema da administração Temer foi a questão moral, e ele fazia parte do problema, pois integra essa combalida classe política, merecidamente execrada pela nação, e foi incapaz de ser parte da solução. Porque a solução exige, sim, sacrifícios enormes da população, e via de regra, só quem tem autoridade moral é capaz de fazer com que as pessoas estejam dispostas a se sacrificar pelo grande objetivo geral, que é o de retomar a prosperidade.
Temer teve suas chances, uma das maneiras seria montar um Ministério de notáveis, os melhores nomes para cada pasta, Educação, Saúde, Minas e Energia etc. Mas praticamente só nomeou políticos, um pior do que o outro. Uma das poucas exceções foi o ministro Meirelles, e, só aí, a economia já melhorou e muito. E vou ser justo também com o ministro da Educação, Mendonça Filho, que fez um trabalho razoável.
NO PORÃO – Mas a gota d´agua em termos morais foi a conversa com o empresário marginal da JBS. A partir da gravação de Joesley Batista, o governo ficou refém de um Congresso fisiológico, do qual Temer foi um dos expoentes.
A greve dos caminhoneiros, a pá de cal no governo, foi mais consequência do que causa. E, diga-se de passagem, consequência muito mais da fraqueza moral do que das subidas diárias de preço no diesel, tenho certeza de que, se fosse outro governo com mais autoridade moral, dificilmente uma categoria teria tanta força para travar o país.
Hoje mesmo estava ouvindo no rádio um expert no recrutamento de CEO´s, e uma das coisas mais importantes que ele estava dizendo era sobre a diferença cultural entre o Oriente e o Ocidente, e no caso, principalmente, o Oriente e a maior parte da América Latina. Além do nosso imediatismo, o que fazemos de errado é muitas vezes apelarmos para extremos.
DEU TUDO ERRADO – Assim, tivemos o intervencionismo do governo Dilma, que praticamente quebrou as estatais Petrobrás, Eletrobrás e outras elétricas. Daí se parte para outro extremo, que é o da total liberalização de preços, com subidas até diárias. A virtude, com certeza, está no meio, mas não sabemos exatamente onde.
Temos que pensar agora em termos de expectativas. É muito provável uma disputa entre Ciro Gomes e Jair Bolsonaro. Nota-se que Ciro Gomes é muito incisivo sobre o que fazer e como fazer. No caso das estatais, por exemplo, ele defende claramente uma maior intervenção nas empresas.
Apesar de acreditar muito mais no liberalismo, acho que isso necessariamente talvez não seja tão ruim assim. Vai depender muito mais do modo que for feito e novamente da questão moral.
DIFERENÇAS – Aparentemente Ciro Gomes não foi atingido por esses tsunamis políticos da corrupção. E não foi por falta de chance, pois, se quisesse, teria participado mais ativamente do governo Dilma e se beneficiado.
Bolsonaro, que tem um conhecimento muito mais limitado em termos de economia e também de política de “alto clero”, não consegue se posicionar com clareza em relação a maioria dos temas, exceção talvez à segurança pública. Moralmente também, tudo indica que esteja com a ficha limpa.
E há a terceira força, o governador Alckmin. Apesar de não estar tão diretamente envolvido na corrupção, pelo fato de ter sido eleito duas vezes governador de São Paulo em primeiro turno, mas isso não ocorreu sem uma razoável ajuda de empreiteiras. Aí, fica uma pergunta: teria sido possível ganhar sem essa ajuda, tanto legal como por caixa 2?
GOVERNO ZUMBI – Agora, definitivamente, temos um governo “zumbi” que precisamos aguentar até o final do ano, ou pelo menos, até o dia da apuração dos votos no segundo turno, último domingo de outubro, quando é de se esperar que o presidente eleito possa definir os novos rumos para o país.
Acho que o novo presidente será um dos três citados acima, com uma pequena chance para Alvaro Dias, que também não enfrenta muitos questionamentos morais.
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