domingo, 3 de junho de 2018

Governo tirou do social, ignorou lições da crise e até tentou blindar Parente


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Parente causou a crise e queria ser  “blindado”
Bernardo Mello Franco
O Globo

O ministro Eliseu Padilha afirmou que o governo fez “um sacrifício muito grande” para bancar o subsídio ao preço do diesel. Faltou dizer que boa parte deste sacrifício será empurrada aos mais pobres, que vão sofrer com os cortes em programas sociais.
A equipe econômica cancelou despesas de mais de R$ 1,2 bilhão. A tesoura atingirá o orçamento de áreas como saúde, educação, saneamento e habitação popular. Os cortes estão detalhados em 36 páginas de uma edição extra do “Diário Oficial da União”.
SAÚDE NA PENÚRIA – Só o Ministério da Saúde vai perder R$ 160 milhões. Serão afetados os hospitais universitários, o atendimento às populações indígenas e a Rede Cegonha, que acompanha as gestantes.
O governo também voltará a tirar dinheiro de vitrines da gestão petista, como o Farmácia Popular e o Mais Médicos. Os dois programas, que já foram achatados na gestão Michel Temer, vão sofrer novos cortes de R$ 45 milhões.
BOLSAS DE ESTUDO – Na Educação, os alvos da tesoura serão os estudantes pobres que recebem bolsas no ensino superior. Na Integração Nacional, programas de segurança alimentar, de obras contra as secas e de saneamento em comunidades ribeirinhas.
Outros cortes parecem atender ao lobby ruralista, que exerce cada vez mais influência no Planalto. A reforma agrária perderá R$ 30,7 milhões no Orçamento. As ações de demarcação e proteção de terras indígenas, outros R$ 625 mil.
PARENTE BLINDADO – Até o Criança Feliz, um dos poucos programas sociais lançados na era Temer, sofrerá corte de R$ 3,9 milhões. A marca foi associada à primeira-dama, mas não reduziu a impopularidade presidencial.
O governo decidiu tirar do social para não mexer na política de preços da Petrobras. Isso parecia significar que a blindagem de Pedro Parente continuava intacta, mesmo depois de uma greve provocada por sucessivos aumentos nos combustíveis, mas a demissão acabou saindo neste manhã.
Os números do “Diário Oficial” também mostram que o Planalto ignorou outras lições da crise. Para cobrir o subsídio do diesel, serão cortados mais de R$ 8 milhões em investimentos no transporte ferroviário e aquaviário. Essas verbas ajudariam a reduzir nossa dependência das rodovias — e o risco de um novo colapso quando os caminhoneiros voltarem a parar.
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