domingo, 3 de junho de 2018

É preciso nacionalizar a Petrobras, com a máxima urgência, para salvar o Brasil


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Charge do Amorim (Arquivo Google)
Carlos Newton
É impressionante como se consegue desviar a atenção de um fato importantíssimo, relegando-o a um plano inferior, para então passar a discutir o sexo dos anjos, como está ocorrendo agora em relação à possibilidade de intervenção militar, que é algo inconsistente, inexistente e inconveniente. O que o país precisa debater é a impatriótica e arrasadora política de preços da Petrobras, que acaba de provocar um das maiores e ameaçadoras crises da história deste país.   
Quando o assunto é petróleo, convém sempre consultar a Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras), que publicou na sexta-feira passada, dia 25, um artigo demolidor do engenheiro Paulo César Ribeiro Lima, considerado um dos maiores especialistas do país. Depois de fazer brilhante carreira na Petrobrás, Ribeiro Lima tornou-se consultor legislativo do Senado e da Câmara dos Deputados e deveria ser nomeado Ministro do Petróleo, tal o seu conhecimento de causa.
PREÇOS ABUSIVOS – No artigo, enviado à Tribuna pelo comentarista Carlos Frederico Alverga, o engenheiro demonstra que a Petrobras está esfolando o consumidor para tapar o rombo da roubalheira oficial.
A pretexto de preservar os interesses dos investidores estrangeiros e dos acionistas minoritários, o então presidente da estatal, o tucano Pedro Parente, estabeleceu uma política de preços flutuantes, com base na cotação do dólar e no valor do barril de petróleo no mercado internacional.
Aparentemente, trata-se de uma política até mesmo lógica, com a Petrobras se comportando como uma empresa moderna e competitiva, mas o objetivo não é exatamente este.
TUDO ERRADO – O estudo do especialista Ribeiro Lima mostra que na verdade a Petrobras estava adotando estratégias totalmente equivocadas, ao resistir à necessidade de adaptação das refinarias ao processamento de óleo pesado (maior parte da produção nacional), o que obriga o país a importar cada vez mais óleo diesel, enquanto as unidades de refino ficam subutilizadas.
É surpreendente ficar sabendo que o custo final de produção do diesel brasileiro é muito baixo, apenas R$ 0,93 por litro.  “Se todo o óleo diesel consumido no Brasil fosse produzido internamente a um custo de R$ 0,93 por litro, o preço nas refinarias, mesmo com uma margem de 50%, seria de R$ 1,40 por litro, valor muito inferior ao praticado pela Petrobrás, de R$ 2,3335 ou R$ 2,1016 por litro”, explica Ribeiro Lima, acrescentando que a Petrobras é uma das empresas mais viáveis do mundo.
ÊXITO DO PRÉ-SAL – Ao contrário do que se propaga, a tecnologia brasileira do pré-sal é um sucesso comercial. Em agosto de 2017, Pedro Parente deu entrevista para comemorar que o custo de extração do pré-sal já tinha caído para apenas 8 dólares o barril. Com a alta da moeda americana, está agora em 7 dólares.
“O preço mínimo do petróleo para viabilização dos projetos do pré-sal (break-even ou preço de equilíbrio), que era de US$ 43 por barril no portfólio da Petrobrás de três anos atrás, caiu para US$ 30 por barril no plano de negócios em vigor, o que representa uma redução de 30%”, revela o especialista, salientando:
“Mesmo se adicionarmos à extração do óleo as demais despesas – como depreciação e amortização, exploração, pesquisa e desenvolvimento, comercialização, entre outras – o custo total de produção pode chegar a apenas US$ 20 por barril”.
REFINO BARATO – Destaca Ribeiro Lila que não é apenas o custo de produção do Pré-Sal que é baixo, pois o custo médio de refino da Petrobrás no Brasil também é barato, muito inferior ao do exterior. Nos últimos quatro trimestres, o custo médio de refino da Petrobrás foi inferior a US$ 3 por barril.
Mesmo tendo este baixo custo de produção e refino, a Petrobras estava praticando um preço médio nas refinarias de R$ 2,3335 por litro, o que representa uma margem de lucro de 150%. Depois dessa redução de 10%, o preço do óleo diesel nas refinarias reduziu-se para R$ 2,1016 por litro, e a margem de lucro da Petrobras passou a ser de 126%, ainda altíssima em qualquer país capitalista.
O que dizer diante desses números? Ora, só se pode dizer que a economia poderia estar em outro ritmo de crescimento, caso a suposta estatal praticasse níveis civilizados de lucratividade, o que reduziria muito o Custo Brasil, que depende diretamente dos preços dos combustíveis e da energia das termelétricas, movidas a diesel ou óleo combustível.  

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