Mycashback
é a mais recente das empresas a ofertar o serviço em BH. O cliente pode
pagar até conta de restaurante usando o crédito
Os consumidores
belo-horizontinos embarcaram de vez na febre dos cashbacks — sistema de
devolução de parte do dinheiro em compras realizadas em lojas on-line e
físicas. Nos últimos dois anos, somente na capital mineira, o setor
cresceu 77,3%, passando de 265 mil clientes em 2016 para 470 mil neste
ano.
Os dados são referentes à atuação
das três empresas presentes na capital mineira, Méliuz, BeBlue e
MyCashBack, que disputam o mercado em áreas como restaurantes,
supermercados, lojas de roupas, serviços de aviação e hotéis.
Precursora do cashback no país em
2011, a Méliuz tem 4,8 milhões de clientes e 1.600 lojas parceiras,
sendo 500 delas na capital mineira. Há dois anos, a empresa aderiu às
lojas físicas conveniadas, principalmente supermercados e farmácias, que
representam 50% das vendas com o aplicativo em Belo Horizonte. Essa foi
a forma de fisgar boa parte dos 300 mil clientes na capital. Por isso, a
empresa implantou um sistema direcionado para os supermercados, capaz
de traçar um perfil do consumidor por meio das compras que ele realiza.
“Esse é um jeito de oferecer uma
promoção de sabonete a um cliente que compra regularmente uma marca X no
mesmo local. É algo funcional para o supermercado, que vai personalizar
as promoções para os clientes”, diz Lucas Marques, executivo da Méliuz.
Outro diferencial da empresa é
devolver o dinheiro na conta do cliente — e não por meio de créditos
acumulados no sistema. A Méliuz retornou R$ 65 milhões para os usuários,
em sete anos de atuação.
Há dois anos no mercado, a BeBlue
devolve cerca de R$ 5 milhões aos clientes por mês. Hoje, a empresa
conta com 10 mil lojas parceiras e 2,5 milhões de consumidores, sendo
150 mil deles na capital mineira. Neste ano, inaugurou um sistema novo
de carteira digital, que permite aos usuários fazer pagamentos até sem
cartão bancário.
“Hoje, o cliente pode ter créditos
acumulados e, se vai a um restaurante parceiro, consegue fazer o
pagamento só ao digitar o CPF e a senha na máquina da BeBlue”, diz
Daniel Gava, co-fundador da Beblue.
Mais recente das empresas, a
MyCashback está no país desde novembro do ano passado, com 300 lojas e
100 mil clientes, sendo 20 mil deles só na capital. Por mês, a companhia
gera R$ 3 milhões de lucro, sendo que 20% dessa renda vem de Belo
Horizonte.
“Nós recebemos comissão a cada
compra que geramos e repassamos quase toda essa comissão para os nossos
membros, de modo que eles possam economizar o dinheiro dessas compras”,
diz Tomer Gooterman, CEO do MyCashback, que diz ter destinado R$ 150 mil
aos clientes em reembolso até junho.
Em geral, as porcentagens de retorno
para os consumidores do sistema de cashback variam bastante, de 0,5% em
compras sobre um item de supermercado, por exemplo, até 50% ou mais nos
consumos de eletrônicos, como TVs. Para a psicóloga Helen Silveira, que
há um ano reveza entre os aplicativos à procura de descontos, é preciso
estar atento às grandes promoções.
“Eu uso para alimentação. Mas
percebi que vale a pena em compras bem grandes, quando já é seu intuito
adquirir algo mais caro. Eu comprei uma cama por R$ 2 mil e tive R$ 700
de retorno numa promoção que durava um dia. Tem que pesquisar”, diz
Helen.
Nos últimos cinco anos, a adesão
entre aos brasileiros ao e-commerce passou de 58% para 65%, sendo que o
sistema cashback foi responsável por 70% dessa alta, segundo pesquisa
publicada pela Global Consumer Insights, neste mês.
Com o boom dos cashbacks, a Prefeitura de Belo Horizonte (PHB) contabilizou, apenas neste ano, 19 mil usuários do casback municipal, que devolve parte dos gastos com notas fiscais de serviços em créditos de desconto para o IPTU. Conforme a administração, o desconto dado aos belo-horizontinos chegou a R$ 1,7 milhão.
A implementação do programa na
capital mineira nasceu no final de 2009, a partir da aprovação da Lei
9795, que atualizou os valores do IPTU na cidade e propôs acrescentar ao
texto da legislação um incentivo na isenção de impostos para os
cidadãos.
Hoje, qualquer pessoa que emite nota
fiscal eletrônica de serviço na PBH pode ter até 30% de desconto gerado
a partir do Imposto Sobre Serviço (ISS), de acordo com o valor de cada
nota emitida. Na prática, esse desconto é repassado ao CPF da pessoa,
que pode abater o valor sobre o IPTU ao final de cada ano.
“Vale para todo mundo que está
cadastrado na prefeitura como emissora de nota fiscal de serviço
eletrônica. São mais as empresas que fazem esse serviço, porque os Micro
Empreendedores Individuais (MEI) não são obrigados a emitir notas
eletrônicas. Mas, se quiserem, podem entrar nessa e conseguir um
desconto anual no IPTU”, diz Érvio de Almeida, diretor de lançamentos e
desonerações tributárias da PBH.
“De 2017 para 2018 a gente conseguiu
um aumento grande de adesão na capital e, para o ano que vem, estamos
esperando um crescimento de até 5% na adesão, que será muito
satisfatório”, diz Érvio.
ANÁLISE
Apesar dos grandes descontos
oferecidos pelos aplicativos de cashback, o economista do Ibmec, Paulo
Pacheco, alerta para o fato de que as compras não devem ser
impulsionadas por todas as facilidades diárias oferecidas pelos apps.
“Nas compras rotineiras,
restaurante, supermercado, você já vai fazer aquela compra de qualquer
maneira. Então, é uma forma de você ter 5% ou 10% adicional de desconto,
o que é muito bom”, diz Paulo.
Porém, o economista chama a atenção
para os maiores descontos e reembolsos de créditos ou dinheiro que estão
nos produtos mais caros.
“O segundo meio de uso correto são
com promoções enormes de produtos mais caros, acima de R$ 1 mil, e que
dão acima de 50% de desconto. Assim, o consumidor consegue um retorno
alto em um produto que ele necessita. Mas, comprar só para acumular
pontos é uma cilada porque o consumidor vai gastar muito para conseguir
poucos créditos”, diz Paulo. (LS)
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