Os bloqueios em
estradas estaduais e federais na Bahia, por parte dos caminhoneiros,
estão custando aos produtores de leite do estado R$ 1,2 milhão em
prejuízos. Ontem, 800 mil litros do produto deixaram de ser coletados
nas fazendas.
Na Região Metropolitana
de Salvador, a paralisação dos caminhoneiros fez com que um dos mais
tradicionais centros de compras da cidade, a Feira de São Joaquim,
passasse o dia com boxes fechados e poucas opções de frutas e legumes à
disposição dos clientes. O vaivém e o burburinho de vendedores e
clientes deram lugar a galpões esvaziados. No setor de hortifruti, a
maioria dos boxes sequer abriu.
A BR-324, principal via
de acesso a Salvador, foi bloqueada pelos manifestantes e produtos
vindos do interior não chegaram à Ceasa, principal central de
abastecimento que atende a capital.
Sem oferta, os preços
das frutas e legumes aumentaram. A saca de cebola subiu de R$ 60 para
R$ 80 e da batata de R$ 60 para R$ 110.
Vendedores que compram
produtos do Recôncavo deram mais sorte: a produção chega pela Baía de
Todos os Santos e não foi afetada pela greve. A paralisação fez aumentar
a demanda por produtos da região.
Desabastecimento
Em cidades do sudoeste baiano, como Vitória da Conquista, e da região da Chapada Diamantina, como Jacobina, motoristas fizeram filas em postos de combustível para abastecer os carros, diante da baixa oferta de gasolina.
Em cidades do sudoeste baiano, como Vitória da Conquista, e da região da Chapada Diamantina, como Jacobina, motoristas fizeram filas em postos de combustível para abastecer os carros, diante da baixa oferta de gasolina.
Em Conquista, a rede de
postos São Jorge, com seis unidades na cidade, reservou o restante do
combustível em estoque para abastecer ambulâncias, viaturas da polícia e
do corpo de bombeiros.
“Estamos com dois
caminhões com combustível que não conseguiram nem sair da distribuidora.
O prejuízo é enorme”, diz o gerente da rede, Erval Arruda.
No setor leiteiro, os
bloqueios nas estradas afetam mais de 200 laticínios. “Essa
manifestação está afetando o setor leiteiro todo. O leite está sendo
perdido nas fazendas”, disse o presidente do Sindicato das Indústrias de
Laticínios e Produtos Derivados de Leite do Estado da Bahia, Lutz Viana
Rodrigues. As regiões onde mais se produz leite são o Sudoeste, Sul,
Extremo Sul e nas imediações de Feira de Santana, no Sertão.
Em Itapetinga, no
Sudoeste, a Cooperativa dos Produtores de Leite (Cooleite) informou que
deixará de coletar 4 mil litros de leite hoje de 30 produtores em
Itororó e Potiraguá porque o acesso via BA-130 está bloqueado.
A cooperativa tem seu
próprio posto de combustível, mas o estoque só era suficiente até a
noite de ontem. “Estamos vendo como fazer a coleta dos outros
fazendeiros que ficam em locais onde não há bloqueios”, informou o
presidente da Cooleite, Robson Viveiros Silva.
Caminhões paradosDe acordo com o Sindicom, que representa as distribuidoras de combustíveis na Bahia, mais de 500 caminhões estão nos terminais e bases de combustíveis parados em São Francisco do Conde, Itabuna, Jequié, Juazeiro e Luiz Eduardo Magalhães.
Em Jequié, o litro da
gasolina subiu para mais de R$ 5 em vários postos e, mesmo assim, carros
e motos fizeram filas para abastecer.
A Federação da
Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) divulgou comunicado no
qual manifesta sua “preocupação com os absurdos aumentos cobrados nas
tarifas de energia elétrica e com as abusivas altas nos preços dos
combustíveis”.
“Tudo com reflexos
diretos na manutenção e geração de empregos e nos preços dos alimentos
de subsistência e naqueles destinados à comercialização com o consumidor
final”, acrescenta.
Prejuízos em todo o país
A greve nacional dos caminhoneiros já prejudicou a produção de 16 fábricas de carros e caminhões, conforme balanço da Anfavea, entidade que reúne as montadoras, obtido pela Folha de S. Paulo. Desde anteontem, já vinham paralisadas as plantas da Ford, em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), e da General Motors, em Gravataí (RS) e São Caetano (SP).
A greve nacional dos caminhoneiros já prejudicou a produção de 16 fábricas de carros e caminhões, conforme balanço da Anfavea, entidade que reúne as montadoras, obtido pela Folha de S. Paulo. Desde anteontem, já vinham paralisadas as plantas da Ford, em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), e da General Motors, em Gravataí (RS) e São Caetano (SP).
Com a continuidade da
greve, no entanto, o problema se agravou muito. Ontem, mais 11 fábricas
pararam pelo menos um turno. O setor automotivo, que representa 4% do
PIB e 20% da indústria, é extremamente dependente do transporte por
caminhões, tanto para transportar peças quanto os veículos até as
concessionárias.
A paralisação
suspendeu as atividades de 91 mil trabalhadores de plantas industriais
de carne bovina, suína e de aves, ontem. De acordo com a Associação
Brasileira de Proteína Animal (ABPA), há 129 plantas paradas em todo o
país, principalmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Além disso, os Correios anunciaram a suspensão dos serviços de Sedex, enquanto perdurar a greve nas estradas do país.
Em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, a falta de óleo diesel compromete o transporte público.
Petrobras reduz preço do diesel
O presidente Michel Temer tentou. Pediu, literalmente, “uma trégua”, em suas palavras, “de dois ou três dias” para os caminhoneiros. A Petrobras sinalizou com uma redução temporária de 10% no preço do diesel, que poderá ter um impacto de R$ 0,25 nas bombas. Mas os caminhoneiros se mantiveram ontem irredutíveis e decidiram manter os bloqueios nas estradas de todo o Brasil no dia de hoje.
O presidente Michel Temer tentou. Pediu, literalmente, “uma trégua”, em suas palavras, “de dois ou três dias” para os caminhoneiros. A Petrobras sinalizou com uma redução temporária de 10% no preço do diesel, que poderá ter um impacto de R$ 0,25 nas bombas. Mas os caminhoneiros se mantiveram ontem irredutíveis e decidiram manter os bloqueios nas estradas de todo o Brasil no dia de hoje.
O presidente da
Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar
Bueno, disse que a paralisação dos caminhoneiros vai continuar porque o
governo não avançou nas propostas para a categoria, além do fim da
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Ao deixar uma
reunião com Temer, no Planalto, Bueno afirmou que durante a reunião, os
ministros mais justificaram a impossibilidade de atender à demanda do
que apresentaram contrapropostas. Um novo encontro foi marcado para
hoje.
Na tentativa de
facilitar o entendimento, o presidente da Petrobras, Pedro Parente,
reuniu a imprensa para anunciar a decisão de congelar o preço do
diesel. Ele foi enfático, porém, ao reafirmar a decisão da empresa de
manter a política atual de acompanhar o mercado internacional, com
revisões diárias, após esse período.
Segundo o executivo, o
prazo de 15 dias é suficiente para o governo negociar com os
caminhoneiros. Passado o período, a companhia voltará a acompanhar as
Bolsas estrangeiras da commoditty, porém, deve demorar mais tempo do que
isso para chegar à paridade. “São 15 dias para desanuviar o ambiente e
para poder trabalhar”.
Parente negou que a medida tenha impacto sobre o programa de desinvestimento e nas ações.
O presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem que vai tentar votar o quanto
antes o projeto da reoneração da folha de pagamento para alguns setores
da economia. Maia chegou a dizer que tentaria aprovar a mudança ainda
ontem. A proposta incluirá redução da alíquota do PIS-Cofins incidente
sobre o óleo diesel.
Maia disse que, na
reunião, ele prometeu votar a redução do PIS-Cofins e, na próxima
semana, “avançar” na votação da regulamentação do transporte de cargas,
tema que também interessa aos caminhoneiros.
Relator do projeto da
reoneração, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse estar trabalhando
em seu parecer para que a proposta seja votada o quanto antes. Pelos
cálculos de Silva, somando o corte na alíquota do PIS-Cofins com a
possível redução a zero da Cide, será possível alcançar até 9% de
redução no preço do diesel.
Pelo menos 15 cidades baianas tiveram bloqueios
Caminhoneiros ocuparam uma faixa de cada sentido da BR-324, na altura do Makro, durante boa parte do dia de ontem. A categoria, com a orientação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), decidiu ocupar apenas uma faixa dos sentidos Salvador e Feira de Santana. As outras faixas foram liberadas para carros de passeios, micro-ônibus, vans e ambulâncias. A intenção era fazer com que os caminheiros parassem para aderir à manifestação.
Caminhoneiros ocuparam uma faixa de cada sentido da BR-324, na altura do Makro, durante boa parte do dia de ontem. A categoria, com a orientação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), decidiu ocupar apenas uma faixa dos sentidos Salvador e Feira de Santana. As outras faixas foram liberadas para carros de passeios, micro-ônibus, vans e ambulâncias. A intenção era fazer com que os caminheiros parassem para aderir à manifestação.
No interior, foram
registrados bloqueios em Ipiaú, Itatim, Senhor do Bonfim, Capim Grosso,
Itabuna, Gandu, Presidente Tancredo Neves, Seabra, Itaberaba, Vitória
da Conquista, Poções, Alagoinhas, Feira de Santana e Jequié. A
Concessionária Bahia Norte também registrou três pontos de retenção ao
longo do Sistema de Rodovias BA-093.
Segundo o portal G1,
ontem a BRF conseguiu uma liminar da Justiça Federal proibindo o
bloqueio em rodovias baianas de caminhões pertencentes ou contratados
pela empresa de alimentos. A empresa aponta “flagrante violação ao
direito de ir e vir e ao exercício da atividade empresarial” com os
bloqueios.
Correio
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