O TABULEIRO
O
ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, recebeu
nesta segunda-feira (30) representantes de entidades religiosas na
tentativa de sensibilizá-las a ajudar o governo a reduzir a
criminalidade no Brasil, tendo como foco a juventude mais vulnerável.
Após apresentar dados indicando que pôr
as pessoas na cadeia não está resolvendo o problema da violência,
Jungmann fez um pedido para que as igrejas “abracem” os jovens a fim de
prevenir a criminalidade, especialmente nas cidades onde mais se mata no
país.
Este é o segundo encontro do ministro
com segmentos específicos. Na semana passada, ele e o presidente Michel
Temer estiveram reunidos com integrantes do Sistema S e das federações
de indústria e comércio. O foco da estratégia do governo são as 111
cidadesque registram metade dos homicídios ocorridos no país. Na
quarta-feira (2), Jungmann se reunirá com os ministros da área social
para discutir as parcerias que deverão ser firmadas com os diferentes
setores da sociedade.
Segundo Jungmann, as igrejas são
“insubstituíveis” nesse papel, pois já promovem trabalhos sociais. A
Federação Espírita Brasileira mencionou a existência de milhares de
grupos de assistência social em todo o país. “As igrejas se preocupam
com a juventude, que também está presa dentro do sistema carcerário, e
elas têm uma palavra de valores, princípios, respeito ao outro, porque é
comum a todas as religiões a defesa da vida”, afirmou o ministro.
Durante a apresentação, Jungmann mostrou
números sobre o crescimento da população carcerária brasileira, que já é
a terceira maior do mundo. O Brasil fica atrás apenas dos Estados
Unidos e da China, que são bem maiores em termos demográficos. A maioria
dos jovens presos está nessa situação por ter cometido crimes
considerados menos graves, mas acaba sendo cooptada pelas facções
criminosas e não consegue se reinserir na sociedade.
“Nós temos atualmente repressão social, e
ela tem que haver, sobretudo para o criminoso que mata, estupra, chefe
de gangue etc. Aí, mão dura do Estado. Mas também precisamos ter uma
forte política de prevenção social, para evitar o crime, antes que o
delito e a desordem ocorram. É dsso que a gente tem que cuidar.
Precisamos estender a mão para os jovens e encontrar maneiras de
inseri-los dentro da sociedade para que não sejam atraídos pelo crime
organizado", afirmou Jungmann.
Nos próximos dias, o governo deve
convidar para discutir o projeto representantes de organizações não
governamentais (ONGs), centrais sindicais e o setor financeiro. A
intenção do ministro é reunir mensalmente os diferentes grupos, em uma
espécie de conselhão em prol da segurança pública. Quanto à medida
provisória que vai liberar recursos "vultosos" para a segurança
pública neste e nos próximos anos, Jungmann afirmou que deve ser editada
pelo presidente Michel Temer até a semana que vem.
“Está claro que precisamos abraçar essa
juventude, envolvê-la, antes que seja atraída para o crime, vá para o
sistema fechado, faça um juramento e nunca mais possa deixar, ou será
deixada pelas gangues criminosas”, acrescentou o ministro.
Participaram também do
encontrorepresentantes da Confederência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, da Aliança
Evangélica Brasileira, da Assembleia de Deus e da Igreja Universal.
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