O DEFENSOR
Faltando menos de um mês para o São
João, o destino da maior festa do Nordeste do país ainda é incerto este
ano. Devido à paralisação nacional dos caminhoneiros, que entra no 10º
dia nesta quarta-feira (29), os prefeitos já não têm certeza se os
arraiás serão mantidos. Até o momento, 30% da arrecadação dos municípios
foi comprometida pela greve.
Segundo o presidente da União dos
Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro, a paralisação dos
caminhoneiros está tirando o sono dos prefeitos e obrigando os gestores a
encurtar e, em alguns casos, até mesmo cancelar a festa.
Em Bom Jesus da Lapa, onde Eures é
prefeito, a festa de São Pedro seria de três dias, mas foi reduzida para
dois. Além disso, algumas bandas foram dispensadas, o que deve gerar
economia de 40% nas despesas. Mesmo assim, o presidente da UPB acredita
que, após as festas, os prefeitos terão que fazer demissões, corte de
horas extras e suspender serviços.
Ele contou que em Porto
Seguro, Sul da Bahia, a festa foi cancelada e que alguns prefeitos não
conseguiram fazer a inscrição para receber a ajuda de recurso do governo
do estado para o São João. O motivo: não tem combustível para vir à
capital. “Conversei com o governador e o prazo foi estendido até o dia
cinco”.
Alguns municípios estão
com atraso na entrega dos equipamentos para montagem dos palcos. Outras
cidades remarcaram ou cancelaram festas por falta de combustível para
os geradores ou porque temem que a queda na arrecadação tributária
comprometa os pagamentos.
Reserva
O prefeito de Irecê, Elmo Vaz (PSB), contou que dois eventos que estavam programados para acontecer na cidade esta semana precisaram ser revistos. Um deles foi cancelado e o outro foi adiado por falta de combustível.
O prefeito de Irecê, Elmo Vaz (PSB), contou que dois eventos que estavam programados para acontecer na cidade esta semana precisaram ser revistos. Um deles foi cancelado e o outro foi adiado por falta de combustível.
“Sentimos a queda na
arrecadação e no comércio, com os patrocinadores. O São João não corre o
risco de ser cancelado porque as bandas já foram pagas e já foi
licitada a empresa que fará a montagem da estrutura, mas estamos
preocupados porque os equipamentos vêm de fora da cidade, pelas
estradas”, afirmou.
Na segunda, o município
decretou estado de emergência. Apenas os serviços essenciais estão
sendo mantidos, como o de hemodiálise, ambulâncias e viaturas. As aulas
não foram suspensas, mas a merenda e o gás só têm estoques para mais uma
semana.
Remarcado
O São João de Senhor do Bonfim, no Centro Norte do estado, é um dos mais famosos do estado, e começa cerca de um mês antes da data. Este ano, os tradicionais forrós de bairro tiveram que ser remarcados por conta da falta de combustível.
O São João de Senhor do Bonfim, no Centro Norte do estado, é um dos mais famosos do estado, e começa cerca de um mês antes da data. Este ano, os tradicionais forrós de bairro tiveram que ser remarcados por conta da falta de combustível.
Segundo o secretário
municipal de Cultura, Rodrigo Wanderley, um comitê foi montado nesta
segunda para acompanhar a greve. Ele afirmou que a festa não está
ameaçada e que a medida foi uma precaução. Cerca de 80% dos mil leitos
de hospedagem da cidade já estão reservados.
“Antes da festa maior
acontecem outras menores, os forrós de bairro. No último sábado teria o
primeiro deles, mas nós remarcamos para a próxima sexta porque não tinha
combustível para o gerador. Agora, teremos que remarcar novamente, ele e
o que estava previsto para acontecer no próximo sábado”, disse.
O secretário contou que
o palco principal leva 15 dias para ser montado e, por isso, a obra
precisa começar na próxima semana. A empresa responsável pela estrutura
disse que vai obedecer o prazo, se a greve terminar nos próximos dias.
“Se demorar mais de uma semana a coisa vai pegar”.
Atraso
Em Amargosa, no Sudoeste do estado, os equipamentos usados na montagem dos palcos já deveriam ter chegado, mas até agora nada. Segundo o prefeito Júlio Pinheiro (PT), o atraso na entrega do material está sendo provocado pelo bloqueio nas estradas. Ele tem esperança de que tudo esteja resolvido nos próximos dias.
Em Amargosa, no Sudoeste do estado, os equipamentos usados na montagem dos palcos já deveriam ter chegado, mas até agora nada. Segundo o prefeito Júlio Pinheiro (PT), o atraso na entrega do material está sendo provocado pelo bloqueio nas estradas. Ele tem esperança de que tudo esteja resolvido nos próximos dias.
“As estruturas de som,
palco e iluminação ainda não chegaram devido a paralisação, mas, por
enquanto, a festa de São João está mantida. Esperamos que essa semana
tudo se resolva e que tanto os equipamentos como os insumos da festa
cheguem. Caso a greve se estenda para além dessa semana, aí ficaremos
mais preocupados”, disse.
A cidade também foi
afetada pela falta de combustível e alimentos. Na última sexta-feira, o
prefeito decretou situação de emergência e criou um comitê de crise para
acompanhar os desdobramentos da paralisação dos caminhoneiros.
As aulas foram
suspensas, e na área da saúde estão em funcionamento apenas as
transferências hospitalares e o serviço de hemodiálise. Nesta terça,
dois comboios com combustível foram escoltados até os postos do
município. Segundo o prefeito, 30% do material será usado em
ambulâncias, viaturas e nos carros da coleta de lixo, e os outros 70%
foram disponibilizados para os consumidores comuns.
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