sábado, 28 de abril de 2018

O italiano Domenico De Masi demonstra ser um “brazilianista” de araque


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De Masi pensa que conhece o Brasil…
Carlos Newton
O Brasil é realmente muito estranho, o único pais do mundo em que três presidentes da República se declaram “perseguidos políticos” – Lula da Silva, que já está preso; Dilma Rousseff, que sofreu impeachment mas manteve os direitos políticos (aliás, foi o primeiro caso na História do Direito Internacional e certamente será o último);  e Michel Temer, que está no poder, mas se sente um refugiado. Neste clima surreal, como é que os observadores estrangeiros podem entender o Brasil? Realmente, não há a menor condição. É por isso que há várias décadas não se fabricam mais “brazilianistas”, que era como os chamávamos.
Um dos últimos intelectuais que se julgam “brazilianistas” é o sociólogo italiano Domenico De Masi, que em Roma deu entrevista à repórter Mariana Londres, colaboradora do blog do jornalista Domingos Fraga, hospedado no site R7, do grupo Record de Comunicação.
SUCESSO NA WEB – A entrevista do sociólogo italiano está fazendo grande sucesso na internet, já transcrita em grande número de sites e blogs, por causa da crítica que ele fez à prisão de Lula. A repórter perguntou como vê a polarização esquerda/direita, que causa tensão social no Brasil, e De Masi respondeu:
Muito tensão social, não pouca. Não vou ao Brasil há seis meses, e com isso não sei exatamente qual é a situação psicológica atual. Mas na Europa, Lula é um símbolo. Nos Estados Unidos, Lula é um símbolo, e na Ásia, Lula é um símbolo. E eu creio que se está arriscando muito, como se diz na Itália, com a prisão de Lula. Terem prendido Lula é perigoso, quase infantil. Porque 36% dos brasileiros dizem votar pelo Lula. E o segundo que está atrás do Lula [nas pesquisas de opinião] está muito atrás dele. Então, o Lula é um líder que está na prisão. E isso é uma anomalia. Eu creio que isso seja um fator perigoso. [Que pode] criar uma guerra civil e [aumentar] a força dos militares. Isso é muito perigoso”, afirmou o sociólogo.
AMOR PELO BRASIL – É impressionante o amor que De Masi tem pelo Brasil, somente comparável a Franco Zefirelli e a outros personagens de sucesso que costumam vir curtir o calor dos trópicos incognitamente, como o designer Calvin Klein e tantos outros.
De Masi ficou mundialmente famoso por ter criado a Teoria do Ócio Criativo, segundo a qual o ócio, ao invés de ser negativo, seria um estimulador da criatividade pessoal. Não se sabe se concebeu esta tese antes, durante ou depois de conhecer o Brasil, mas é bem provável que tenha se inspirado pelo comportamento do povo brasileiro, que chega a humilhar o famoso “dolce far niente” dos italianos.
O sociólogo conhece e admira os hábitos brasileiros, mas é igual aos outros “brazilianistas” e realmente não consegue entender nossas práticas políticas. Sua análise é de um primarismo absurdo, do tipo Dias Toffoli, e isso depõe contra o notório saber do intelectual latino.
NADA DE NOVO – Ao contrário do que diz De Masi, a política brasileira é tão louca que nada nos abala. Estamos há três anos numa crise terrível e a Bolsa de Valores, ao invés de cair, subiu, e a cotação do real se manteve estável.
O país tem um presidente altamente corrupto, que não pode ser deposto por causa de jabuticabas jurídicas, os três Poderes estão apodrecidos e a opinião pública não demonstra surpresa nem esboça reação. Além disso, ao contrário do que pensa De Masi, não há aumento de tensão nem ameaça de golpe militar.
O Brasil caminha em paz para a eleição geral e espera-se que, desta vez, possamos escolher o menos pior.

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