quinta-feira, 29 de março de 2018

Somos todos reais

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   Mariana Benedito – Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria. E-mail: mari.benedito@outlook.com

   As Redes Sociais são – hoje – as maiores ferramentas de propagação e ostentação de felicidade. É um movimento de massa mostrar-se sempre bem, mostrar as conquistas, a diversão, a superação. Com isso, as derrotas, frustrações, decepções, dores ficam na coxia; raramente sobem aos palcos. Esse padrão de comportamento desperta não somente a cobrança excessiva pelo se mostrar bem – quando muitas vezes esse não é o sentimento verdadeiro – como também a falsa ideia de que errar é o pior de todos os males.
   Cometer erros é básico em qualquer processo. Só é possível acertar cometendo falhas. Tentativa e erro. Aprendizado, tentativa, acerto. Toda e qualquer pessoa comete erros, não é algo que denigre, diminui, inferioriza; muito pelo contrário. Revelar-se verdadeiramente é o maior sinal de força; mostrar-se faltoso, errante, com dias não tão bons, com derrotas, com decepções, com tristeza é sinônimo de humanidade. A grande questão é que ninguém posta os erros. Ninguém posta suas dores. Daí vem a sensação de que o gramado do outro é sempre mais verde, pelo simples fato de só vermos do outro as conquistas, e acaba-se comparando uma visão parcial de um todo de outra pessoa com o todo nosso. Esse, sim, repleto de erros e acertos. Até mesmo o “erro e acerto” são bastante relevantes. O que é sinônimo de sucesso, felicidade pra um, não é necessariamente o mesmo para outro. Mas, possui-se, já enraizada na psique, a ilusão de que o outro é sempre mais bem sucedido, mais sortudo, mais capaz justamente porque não vemos suas tentativas, processos, caminhada. Vemos somente os resultados finais. E que, muitas vezes, não condizem com a realidade emocional, psicológica daquele sujeito. Porque voltamos ao círculo vicioso: é importante mostra-se bem, perfeito, feliz.
   Entretanto, no meio de toda essa cobrança por padrões de beleza, de comportamento, de opinião, de sociabilidade difundidos nas Redes Sociais, um novo movimento vem surgindo. Movimento pelo real. Mulheres mostrando-se reais, com seus corpos reais, em situações reais. Pessoas mostrando suas fraquezas, dores, angústias reais. Homens falando abertamente a cobrança que lhes é feita pela postura do macho alfa. Inúmeras pessoas falando sobre distúrbios alimentares, crises de ansiedade, depressão. Reais. Vividos. Sentidos. Muitos indivíduos mostrando suas inseguranças, suas dúvidas, seus erros, seus processos de autoconhecimento, de aprendizado. Seus encontros com suas sombras, seus defeitos.
   A única necessidade é de ser real. Ser real é existencial, disse o mestre espiritual indiano Osho. E nós somos todos reais.
   Mostremo-nos, pois!

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