Sessenta e oito pessoas morreram na quarta-feira em um incêndio em celas
de prisão do Comando da Polícia do Estado de Carabobo, na cidade de
Valencia, no norte da Venezuela, que teria começado durante uma
rebelião, em uma das maiores tragédias carcerárias do país. Após várias
horas de incerteza, o procurador-geral Tarek William Saab confirmou à
meia-noite o número de vítimas e citou, como causa, um incêndio. Saab
não informou como o fogo teve início, mas a ONG Uma Janela à Liberdade –
que defende os direitos dos presos – afirma que tudo começou durante
uma rebelião. “Diante dos terríveis fatos ocorridos no Comando da
Polícia do Estado de Carabobo, onde um suposto incêndio matou 68
pessoas, designamos quatro procuradores (…) para esclarecer estes
dramáticos fatos”, anunciou Tarek William Saab no Twitter. “As
indagações preliminares indicam o falecimento de 66 homens e de duas
mulheres que se encontravam na qualidade de visitantes”, revelou Tarek
William Saab. O procurador-geral afirmou que o Ministério Público
“aprofundará” as investigações “para esclarecer de forma imediata estes
dolorosos acontecimentos que enlutaram dezenas de famílias, assim como
estabelecer as responsabilidades”. O incidente ocorreu na manhã de
quarta-feira, durante uma tentativa de fuga da prisão, quando os
detentos teriam ateado fogo aos colchões e tomado a arma de um agente,
segundo a ONG Uma Janela à Liberdade. Carlos Nieto, diretor da ONG,
havia informado um balanço de 78 mortos, acrescentando que “alguns
morreram queimados e outros, intoxicados”. Nieto destacou que o
incidente em Valencia “não é uma situação isolada”, já que “todas as
delegacias de polícia da Venezuela estão em condições iguais ou piores
de superlotação, falta de alimentos e doenças” em relação à detenção do
Comando da Polícia de Carabobo. Familiares dos detentos tentaram entrar
no Comando da Polícia e foram reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo.
Rafael Lacava, governador do estado de Carabobo, manifestou sua
“consternação” pelo incidente e prometeu uma severa investigação. A
superlotação nas penitenciárias da Venezuela obriga os agentes de
segurança a utilizar as delegacias como locais de reclusão permanente.
Ao menos 388 pessoas morreram nas prisões venezuelanas desde 2011, de
acordo com dados oficiais.
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