sábado, 31 de março de 2018

Empresa do coronel não tinha condições de tocar grandes obras, diz ex-sócia


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Empresa do coronel Lima está sediada nesta casa
Vinicius Sassine
O Globo

A Argeplan, empresa do coronel da PM João Batista Lima Filho, era incapaz de executar sozinha grandes contratos com o poder público, superiores a R$ 100 milhões, segundo uma ex-sócia da empresa presa na quinta-feira pela Polícia Federal (PF) na Operação Skala. A engenheira elétrica Maria Eloisa Adensohn Neves foi sócia da Argeplan até 2011, quando deixou a empresa em razão de ter sido chamada à PF já naquele momento para prestar esclarecimentos.
Em depoimento prestado à PF no mesmo dia de sua prisão, Eloisa foi questionada pelos policiais se a Argeplan tinha capacidade econômica e operacional para assinar contratos com o poder público superiores a R$ 100 milhões.
INCAPACIDADE – “Pelo que observava das atividades que conhece da Argeplan, acredita que somente por meio de consórcio empresarial ou de contratação de uma empresa de maior porte”, cita o depoimento da engenheira.
A PF suspeita que o coronel Lima, amigo íntimo do presidente Michel Temer, era o responsável por captar “recursos irregulares” a Temer, por meio da Argeplan e outras empresas. Eloisa disse em seu depoimento que a participação no contrato social da Argeplan se deu por “exigência da presença de um engenheiro para atividade de engenharia, não sabendo de onde partiu tal determinação”. Ela afirmou que atuava apenas tecnicamente na empresa.
“Em relação aos projetos que realizou, afirma que os mesmos eram economicamente não muito significativos, com pouca complexidade”, registra o depoimento da engenheira.
CONTRATAÇÃO – “Entretanto, quando a Argeplan era contratada para executar projetos com maior complexidade, a mesma contratava uma empresa que tinha todas as disciplinas (engenharia civil, engenharia mecânica, etc), recordando-se que isto ocorreu com órgão público”, assinalou. A PF aponta contratos com órgãos públicos superiores a R$ 100 milhões.
A PF apontou ainda, nas perguntas a Eloisa, a existência de relações comerciais da Argeplan com empresas do setor portuário. O inquérito no STF, que resultou na Operação Skala, investiga se um decreto de Temer de 2017 beneficiou grupos como Rodrimar e Libra.
Eloisa afirmou não ter mantido qualquer tipo de contato com o coronel Lima. Ao deixar a sociedade da Argeplan, ela nada recebeu pela cessão de suas cotas, segundo seu depoimento. A cota oficial na empresa era de 12 reais, segundo registro da Junta Comercial de São Paulo citado pela PF no depoimento.
APENAS EMPREGADA – “Sempre se considerou como empregada da sociedade empresária, cujo trabalho seria a responsabilidade técnica em engenharia elétrica”, registra.
Cunhado de Eloisa, dono da MHA Engenharia e também preso na Operação Skala, Eduardo Luiz de Brito Neves disse em depoimento à PF que sua empresa manteve diversas parcerias com a Argeplan, ora como subcontratada nas parcerias com o poder pública, ora subcontratando a empresa do coronel Lima.
Conforme a PF, o empresário foi o responsável por apresentar Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar, ao coronel amigo de Temer. Ele afirmou acreditar que a Argeplan tinha condições econômicas e operacionais para executar os contratos.
E disse que apresentou Grecco ao coronel Lima “sem nenhum propósito específico, mas tão somente para formação de networking”. “Esse tipo de prática é comum entre empresários”, disse no depoimento.
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