segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Marun se esquiva sobre visita de Maia à Odebrecht em dia de repasse do caixa 2


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Ministro diz que reforma da Previdência é prioridade
Patrícia Cagni
O Globo
Com receio de criar mais empecilhos para a votação da reforma da Previdência, o ministro Carlos Marun foi cauteloso ao comentar sobre os documentos em posse da Polícia Federal (PF) que comprovam a presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na sede da Odebrecht, no Rio de Janeiro, nos mesmos dias em que o sistema de contabilidade de pagamentos ilícitos da empreiteira registra um repasse destinado ao seu pai, o vereador e ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM-RJ). 
“RESPEITO” – Ao ser questionado sobre as dificuldades que as provas obtidas pela PF trazem à pré-candidatura de Rodrigo Maia à Presidência da República, Marun se limitou a dizer que assuntos ligados ao pleito eleitoral de 2018 só serão tratados depois da aprovação da reforma da Previdência. Marun enfatizou, no entanto, que a pré-candidatura do presidente da Câmara “merece respeito”. “Como governo, eu não tenho como comentar isso. A pré-candidatura do Rodrigo Maia é algo que merece nosso respeito, mas só queremos tratar disso após a aprovação da reforma da previdência”,  ponderou o articulador político do Governo.
Delatores da Odebrecht informaram à força-tarefa da investigação que Maia esteve na empreiteira para negociar caixa dois para a campanha do pai. Os registros de entrada mostram que o presidente da Câmara esteve na sede da construtora quatro vezes – uma a cada ano, entre 2010 e 2013. Os acessos do deputado foram para encontrar o então diretor-presidente da empresa, Benedicto Junior, responsável por revelar, em sua delação premiada à Lava-Jato, que operou pagamentos ilícitos para Rodrigo Maia sob os codinomes Botafogo e Déspota — este último mais específico para o pai, Cesar Maia.
ELEMENTOS FRÁGEIS -Para o líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), os elementos trazidos pela investigação são “bastante frágeis”. Companheiro de legenda de Rodrigo Maia, Efraim destacou acreditar que o inquérito que investiga os repasses feitos por caixa dois será arquivado. “Eu acredito que, conforme as palavras do presidente, ele tem convicção da sua inocência. Considero os elementos trazidos bastante frágeis em virtude dos outros depoimentos. Acredito que o caminho do inquérito será o arquivamento”, disse, acrescentando que os indícios não tendem a atrapalhar uma candidatura de Maia à Presidência. “O processo, na nossa convicção, será concluído pelo arquivamento. E aí ficará provada a verdade dos fatos”, afirmou.
Já o líder do PSOL na Câmara, deputado Glauber Braga (RJ), declarou que Rodrigo Maia tem usado sua cadeira de presidente da Casa legislativa como instrumento de “defesa do mercado”. Diante das novas provas adquiridas pela PF, Glauber Braga enfatiza que é hora de Maia explicar quais as relações mantém com as grandes empresas do mercado brasileiro. “Ele tem que se explicar. O carimbador oficial do Planalto faz da sua cadeira de presidente da Câmara instrumento de defesa do mercado. Que relações e até onde elas vão é a resposta política que ele tem de dar”, defendeu o líder do PSOL na Câmara.
OUTRO LADO –  Rodrigo Maia afirmou, em nota, que “não solicitou qualquer benefício a Benedicto Junior, tendo o próprio admitido em delação que não houve nenhuma solicitação nesse sentido por parte do deputado. Benedicto Junior. Também afirmou que só tratava de assuntos relacionados à política com Rodrigo Maia”. Entretanto, essa argumentação de Maia contradiz a delação. Foi o ex-executivo da empreiteira quem entregou as planilhas que tratam dos repasses à PF e, em depoimento, mencionou os pagamentos via caixa dois em dinheiro vivo a ambos.
De acordo com Benedicto Junior, as transferências para a família Maia começaram em 2008. “No ano de 2008 fui procurado por Rodrigo Maia que me pediu, a título de doação, para que o partido dele, o DEM, pudesse apoiar várias candidaturas no Rio, que nós fizéssemos uma doação de R$ 350 mil”, disse BJ. Na nota, Rodrigo Maia diz também que já “prestou todos os esclarecimentos solicitados”. Cesar Maia disse anteriormente que nunca pediu nem recebeu diretamente recursos da Odebrecht.
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