Coluna de Carlos Brickmann, surrupiada via Chumbo Gordo:
*Lula tinha avisado
há tempos que, no dia seguinte ao do julgamento de sua apelação no
TRF-4, viajaria para Adis Abeba, na Etiópia, a convite da FAO, para
reunião internacional sobre fome. Só não foi porque lhe tiraram o
passaporte. A FAO, entidade da ONU, é dirigida por José Graziano, que
foi ministro de Lula. E não tinha reunião alguma marcada para a Etiópia.
Veja em www.fao.org/about/meetings/regional-conferences/en:
a reunião é no fim de fevereiro, em Cartum, Sudão. Um engano, claro: se
a Etiópia não tem acordo de extradição com o Brasil, que tem isso a ver
com as calças?
*O ótimo site jurídico gaúcho Espaço Vital (www.espacovital.com.br)
diz que a Petrobras, em leilão internacional, vendeu por US$ 38,5
milhões duas plataformas marítimas, P59 e P60. Ambas estavam paradas, só
dando despesas. Mas uma única plataforma nova custa US$ 130 milhões. E
pensar que a Petrobras pagou US$ 720 milhões por ambas, em 2012!
Comprou-as do consórcio Paraguaçu, formado por Odebrecht, Queiroz Galvão
e UTC.
*Dilma, então
presidente, foi ao lançamento da P59, na Bahia. Fez um discurso com
elogios ao presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, “o grande
gestor que propiciou a construção dessa plataforma”. Elogiou ainda o
diretor Renato Duque, que em 2017 seria condenado a dez anos de prisão.
*Stedile, do MST, e
Boulos, do MTST, ameaçaram impedir a prisão de Lula, se for decretada.
Pode isso, Arnaldo? Não pode. Mas até agora pôde.
Voa, dinheiro!
O Brasil vai doar R$
792 mil ao Estado da Palestina, para restauração da Basílica da
Natividade, em Belém. A Medida Provisória 819 foi assinada por Rodrigo
Maia, presidente em exercício durante viagem de Temer. O Brasil é um
país cristão; mas outros países mais ricos – alguns, como a Suécia, onde
o cristianismo é religião de Estado – não contribuíram.
Dinheiro, voa!
André Luís Amado Simões, técnico em Administração do Tribunal de Justiça da Bahia, aposentou-se há uma semana (www.tjba.jus.br).
Valor da aposentadoria: R$ 49.643,28. O teto constitucional de R$
30.741,10 será respeitado. O interessante é que o salário de um técnico
em Administração seja o mesmo de um desembargador. Ou seja, aquilo que
era teto se transformou em salário-padrão. E não é só neste caso: na
área federal, há inúmeros profissionais ganhando acima do teto, o
rendimento mensal de ministros do Supremo. O próprio juiz Sérgio Moro,
pelo menos em uma ocasião, recebeu num mês o equivalente ao triplo dos
vencimentos dos ministros do STF. Tudo bem, é difícil, os beneficiados
se defendem, mas que tal começar por aí a reforma da Previdência? E
certos salários estatais não estariam acima do aceitável?
Tadinha!
A deputada federal
Cristiane Brasil, do PTB, aquela que vai talvez não se sabe um dia
desses virar ministra do Trabalho, divulgou um desastroso vídeo de
defesa de suas posições. No vídeo, a deputada está num barco, em
companhia de um grupo de homens sem camisa. Acabou tomando um puxão de
orelha por seus maus modos. Até aí, já é ruim: uma deputada e ministra,
espera-se, deve ter um comportamento público mais discreto. Mas o pior
não é isso: é que quem lhe deu o puxão de orelhas foi seu padrinho
politico (e pai) Roberto Jefferson, o político que denunciou o Mensalão,
irritadíssimo por ter recebido menos do que o combinado com os
dirigentes petistas. Cá entre nós, ter de ouvir lições de boas maneiras
de um parlamentar como Roberto Jefferson… que fim de feira!
Por trás dos votos
Sempre que acompanhar
o noticiário, lembre-se de que todo político tem, como primeiro
objetivo, o mais importante de todos, sobreviver. Pode, eventualmente,
deixar esse objetivo de lado em determinadas situações, mas não é para
acostumar: esses casos são exceções. Entre os 81 senadores, 23, cujos
mandatos terminam neste ano, estão sendo investigados pela Lava Jato e
congêneres, e perder o foro privilegiado é um terror permanente. Alguns
certamente vão desistir de tentar a reeleição, tentando manter o foro
com mandato de deputado federal, mais fácil de conseguir. Outros vão
correr o risco. E um deles não tem alternativa: Renan Calheiros. Seu
filho é governador de Alagoas e Renan só pode concorrer ao cargo que já
ocupa.
A grande lista
Estes são os 23
senadores que, se não se reelegerem nem conquistarem outros cargos,
ficam no final do ano sem foro privilegiado: Romero Jucá, Eunício
Oliveira, Lindbergh Farias, Humberto Costa, Renan Calheiros, Garibaldi
Alves, Jáder Barbalho, Édison Lobão, Gleisi Hoffmann, Cássio Cunha Lima,
Aécio Neves, Agripino Maia, Ciro Nogueira, Benedito Lira, Aloysio
Nunes, Vanessa Grazziotin, Lídice da Mata, Valdir Raupp, Ivo Cassol,
Ricardo Ferraço, Dalírio Beber, Eduardo Braga e Jorge Viana.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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