quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O ministro do trabalho escravo já saiu de cena sem deixar saudades


BRASÍLIA, DF, BRASIL, 22.12.2016. O presidente Michel Temer e o ex-ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira, participa de Cerimônia de assinatura de MP com Medidas do Programa de Manutenção e Geração de Empregos. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
Ministro era um escravo das ordens de Temer
Bernardo Mello Franco
Folha
Na última semana do ano, o petebista Ronaldo Nogueira deixou o Ministério do Trabalho. Dublê de deputado e pastor evangélico, ele será lembrado por uma atitude pouco cristã. Editou uma portaria sob medida para dificultar a repressão ao trabalho escravo.
Publicado em outubro, o texto expôs o país a mais um vexame. A ONU manifestou “profunda preocupação” e lembrou que o Brasil convive com o trabalho degradante “em fazendas, fábricas e domicílios”. A Organização Internacional do Trabalho alertou para o “aumento da desproteção e vulnerabilidade de uma parcela da população já muito fragilizada”.
CLARO RETROCESSO – Por aqui, a repercussão também foi desastrosa. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, definiu a portaria como um “claro retrocesso”. A ministra Rosa Weber, do STF, afirmou que o texto afrontava direitos fundamentais dos trabalhadores e decidiu suspender seus efeitos.
A portaria escravocrata virou um símbolo do espírito antiabolicionista que caracteriza grande parte do governo Temer. Foi mais uma vitória de setores retrógrados, que apostam na precarização do trabalho para aumentar suas margens de lucro.
CLT RETALHADA – Nogueira também ajudou a retalhar a CLT, com a promessa de gerar mais empregos. Nesta quarta, soube-se que o país perdeu 12.292 vagas com carteira assinada em novembro. Foi o primeiro mês com as novas regras em vigor. O anúncio foi feito pelo próprio ministro, que pediu o boné poucas horas depois.
O deputado-pastor era um ilustre desconhecido até ser nomeado. Foi escolhido por Roberto Jefferson, presidente do PTB e condenado no mensalão. Depois da sua saída, a pasta continuará a ser um feudo petebista. A sigla indicou o deputado Pedro Fernandes, eleito pelo Maranhão. O líder do partido na Câmara, Jovair Arantes, me disse que nada vai mudar. “Sai o Ronaldinho e entra o Cristiano Ronaldo. Vai marcar gol do mesmo jeito”, prometeu.
Vamos esperar sua primeira bola quadrada.
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