domingo, 3 de dezembro de 2017

Acusado de ser agente da propina, ex-diretor da Globo está sumido do mapa


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Marcelo Campos Pinto era eminência parda da CBF
Sérgio Rangel
Folha
Marcelo Campos Pinto foi um dos principais personagens dos bastidores do futebol brasileiro nas duas últimas décadas. Em 1999, o advogado criou e moldou dentro da TV Globo o setor responsável pela compra dos direitos de transmissão dos principais eventos esportivos no Brasil e no mundo. A divisão rendeu bilhões de reais para a emissora, com o sucesso comercial das transmissões. Como executivo, se transformou no principal pagador do esporte brasileiro e passou a ser reverenciado por cartolas e homens de negócios.
Em 2006, a emissora foi escolhida pela Fifa como a vencedora do leilão pelos direitos de transmissão para o Brasil das Copas do Mundo de 2010 e 2014, mesmo oferecendo US$ 100 milhões a menos que a Record.
APOIO DE TEIXEIRA – Para ter sucesso, Campos Pinto contou com a ajuda de Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, que integrava o Comitê Executivo da Fifa, órgão responsável pela decisão.
O advogado foi demitido pela Globo em 2015, seis meses após a prisão de uma série de cartolas, incluindo o brasileiro José Maria Marin, acusados de receberem propina na venda de direitos de torneios no Brasil e no exterior.
Na ocasião, comunicado assinado por Roberto Irineu Marinho, presidente do Grupo Globo, relatava que o executivo se aposentaria. “Ao Marcelo, meu agradecimento pelo importante trabalho realizado durante mais de 20 anos de atuação no Grupo Globo”, disse Marinho.
PAGANDO PROPINAS – Na Justiça de Nova York, a Globo foi acusada pelo empresário Alejandro Burzaco, dono da Torneos y Competencias, de pagar suborno aos cartolas. Em depoimento, o argentino admitiu ter pago milhões de dólares em propina junto com a Globo e a mexicana Televisa para dirigentes do continente em troca dos direitos de transmissão de competições, como a Copa do Mundo de 2026 e 2030.
Segundo o executivo, Campos Pinto participou de reuniões com Marin e Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, e deu o aval para o pagamento da propina.
Ainda segundo Burzaco, que assinou acordo de cooperação com a Justiça americana, Del Nero receberia junto com Marin US$ 600 mil em propina a cada ano relativo aos contratos de transmissão da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana. Os valores teriam aumentado para US$ 900 mil em 2013.
FORA DO AR… – O ex-executivo da Globo não se manifesta desde o depoimento. Em nota, a Globo “afirma veementemente que não pratica nem tolera pagamento de propina”.
Apesar de ter deixado o comando do braço esportivo da Globo, o advogado continuava trabalhando no setor. Ele abriu uma empresa de marketing esportivo e circulava o país negociando parcerias com cartolas. Seu projeto era aumentar a programação dos canais de TV dos clubes e ampliar a participação deles no ambiente digital, algo comum nos EUA.
Em agosto, ele foi uma das atrações de um seminário promovido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e pela Fifa no Rio. Falou por mais de uma hora sobre o tema “esporte nas mídias digitais”.
COM OS CARTOLAS – Campos Pinto permanecia próximo dos dirigentes da CBF. O ex-executivo da Globo era presença frequente na sede da Confederação brasileira. Na FGV, ele foi apresentado como um profissional que participa “ativamente das discussões sobre calendários e formatos de competições”.
O advogado trabalhou na Globo por 21 anos. Mestre em Direito Comparado pela Universidade de Illinois, nos EUA, foi contratado como diretor jurídico em 1994. Após cinco anos, passou a comandar o braço esportivo, que liderou até a sua saída da empresa.
O sucesso comercial da sua carreira lhe garantiu uma vida abastada. Ele mora no Jardim Pernambuco, uma das regiões mais nobres do Rio. Nos últimos dias, Campos Pinto não é visto pelos seus vizinhos. Mesmo assim, ele está no Brasil.
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