quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Em palestra no Brasil, Obama reconhece falhas


O ex-presidente fez firme defesa do jornalismo independente, mas evitou criticar diretamente a concentração da publicidade digital do duopólio Google-Facebook

BAHIA.BA
Foto: Wilson Pedrosa/Estadão Conteúdo
Foto: Wilson Pedrosa/Estadão Conteúdo

Em visita ao Brasil, onde participa de palestras, o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, creditou o crescimento de movimentos nacionalistas e autoritários a uma distância entre os cidadãos e o poder político.
De acordo com a Folha, o democrata reconheceu que não foi capaz de “aproximar as pessoas” em polos opostos do espectro político.
“Fomos bem-sucedidos em evitar uma grande depressão (depois da crise iniciada em 2008, quando foi eleito), mas não foi tão rápido assim, e as pessoas foram para cada uma para seu canto”, disse.
Segundo Obama, a população americana se vê alijada da “Washington distante”. “Não é surpresa que movimentos nacionalistas, potencialmente autoritários, tenham feito progresso e ameaçado nossas tradições”, disse.
O Brasil, completou, “também corre esse risco”, apesar de sua história própria.
O ex-presidente não citou nominalmente o sucessor, Donald Trump, mas criticou vários aspectos de suas políticas. Disse ser impossível argumentar com quem rejeita a ciência do aquecimento global, como o republicano.
Em sua exposição, falou sobre os riscos inerentes à internet. “Ela tribalizou a política. É o melhor é o pior dos tempos”. Obama fez firme defesa do jornalismo independente, mas evitou criticar diretamente a concentração da publicidade digital do duopólio Google-Facebook que ameaça seu modelo de negócio.
“As plataformas são neutras na essência. Concentração de mídia não é algo novo, o importante é ver como a informação é disseminada”, afirmou.
Ao defender o pluralismo informativo, brincou: “O mundo na Fox News [rede de TV de posições conservadoras e próxima da gestão republicana de Trump] não tem conexão com o que você lê no “The New York Times” [jornal liberal, mais alinhado ao Partido Democrata de Obama]. Se eu assistisse à Fox, não votaria em mim também! Mas eu leio o ‘NYT'”.

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