sábado, 2 de setembro de 2017

Governo vai trocar o diretor da PF, mas não conseguirá abafar a Lava Jato


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Jardim mudou o visual, mas continua o mesmol
Camila Mattoso
Folha
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, planeja trocar o comando da Polícia Federal em breve, segundo apurou a Folha. Diretor-geral do órgão desde janeiro de 2011, Leandro Daiello já avisou o governo que quer sair e participa das conversas para encontrar um substituto. O nome que aparece mais forte no momento é o de Rogério Galloro. Número dois da PF, ele ocupa o cargo de diretor-executivo desde junho de 2013 e tem currículo mais ligado às questões administrativas.
A expectativa é que a troca ocorra até o mês de outubro. A decisão, no entanto, ainda passará pelo presidente Michel Temer.
SEM ABAFAR... – Dos dois lados, ministério e PF, a preocupação é de tentar não passar a imagem de que uma troca no comando da polícia vai ocorrer para abafar grandes operações, em especial a Lava Jato.
Outra estratégia é esperar a saída do procurador-geral, Rodrigo Janot, do cargo, em 17 de setembro. O Planalto não quer tirar Daiello ao mesmo tempo para desvincular as duas mudanças e não expor o atual diretor-geral.
Nas últimas semanas, houve esforço de Jardim e Daiello nesse sentido: estreitar as relações entre ministério e PF, falar de projetos e, ao mesmo tempo, construir uma espécie de transição.
NOMES DELICADOS – Daiello tem dito nos bastidores que avalia ter obtido uma vitória importante ao não deixar que nomes considerados delicados dentro da polícia sejam cotados para sucedê-lo.
Galloro foi superintendente em Goiás e diretor de Administração e Logística Policial (Delog), em Brasília. Desde que Jardim tomou posse, no final de maio, Galorro e Daiello já fizeram uma série de viagens com o ministro, mais frequentemente no mês de agosto, dentro e fora do país.
Na última quinta (31), o ministro convidou Daiello e Galloro para um almoço. O encontro, revelado pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, tinha o objetivo de dar publicidade para a boa relação e afastar outros nomes que vinham sendo especulados como preferidos de Jardim, como o do delegado Fernando Segóvia, que já foi superintendente do Maranhão.
HABILIDADE -Subordinado a cinco ministros ao longo desses quase sete anos, Daiello tem como marca de sua gestão a habilidade na cadeira, tratando com governo e políticos, em meio às grandes operações. Ele é o segundo chefe da polícia mais longevo desde a redemocratização do Brasil.
Desde que entrou, Jardim deu entrevistas a respeito, mas nunca cravou a permanência de Daiello. Em um dos episódios, chegou a convocar a imprensa para uma entrevista, na tentativa de negar notícias sobre uma possível troca.
A Folha publicou naquele dia reportagem sobre uma reunião de Jardim com sindicalistas, em que ele disse que pretendia fazer mudanças no comando da polícia.
FALA RÁPIDA -Ao lado do chefe da PF, na entrevista, o ministro falou por cerca de dois minutos, se levantou e foi embora, deixando Daiello na mesa para ser interrogado por jornalistas.
A mensagem, porém, mais uma vez não ficou clara. Depois, a assessoria do ministério teve de entrar em contato com veículos de comunicação para dizer que Daiello estava garantido no cargo. Jardim tem repetido em dizer que o nome não é o mais importante para as instituições, mas sim os projetos que elas têm e podem fazer, e que a transição é natural.
Procurados, ministério e PF não comentaram o assunto.
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