É isso. Os que pagam suborno, a exemplo da Odebrecht, JBS e OAS, entre outras empresas, é óbvio que guardem em seus arquivos nem sempre secretos as provas da corrupção em que se envolveram. É claro, inclusive porque como corrupção não tem recibo, as fontes do dinheiro têm que tomar cautela redobrada, a fim de evitar as tradicionais divergências de valores. Como aconteceu no episódio Rocha Loures com a mala paulista de 500 mil reais.
A revista Época que está nas bancas publica com grande destaque, capa inclusive, reportagem de Diogo Escosteguy, revelando provas produzidas pela JBS numa série de casos de corrupção. Um deles envolve repasse de 21,7 milhões de reais a pedido do atual presidente da República, Michel Temer. A Odebrecht e a OAS têm arquivos semelhantes.
IMPACTANTES – Os documentos apresentados na reportagem da Época são bastante impactantes e se dúvida contribuem para enfraquecer a posição política de Michel Temer às vésperas da votação na Câmara dos Deputados da acusação feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Ouvido pelo O Globo, na edição deste domingo, O presidente Michel Temer afirmou que a versão contra ele é inverídica e foi levantada pelo “meliante” (sinônimo de ladrão ) Joesley Batista.
O presidente da República ao chamar o controlador da JBS de ladrão certamente esqueceu ter comparecido ao casamento dele, ter viajado em seu avião particular, além de ter recebido o ladrão no palácio Jaburu, com ele mantendo diálogo que durou 38 minutos. São coisas da política. Mas esta é outra questão.
AINDA HÁ DÚVIDAS – Ao tratar da votação marcada para 2 deagosto, quarta-feira, a reportagem de Júnia Gama e Letícia Fernandes, em O Globo do fim de semana, transmite a impressão de dúvida quanto a uma decisão concreta. Isso porque nem o governo nem a oposição têm 342 votos assegurados para possibilitar decisão.
A sessão será aberta com o quorum mínimo de 52 deputados, porém a votação, para ser efetivada, exige a presença de 342 parlamentares.
Há uma diferença entre a discussão e a votação final. A discussão, pelo entendimento de Rodrigo Maia, presidente da Casa pode ser iniciada com a presença de 257 deputados, maioria absoluta (metade mais um), porém a votação, também em seu entendimento, somente pode se concretizar com a presença de 342 deputados no plenário.
Dessa forma, segundo Júnia Gama e Letícia Fernandes, a bancada do Planalto pode reunir 257 votos, possibilitando a discussão, mas isso levará a oposição a ser retirar, para não dar quorum à votação do pedido do Supremo para afastar e investigar o presidente da República. O impasse pode se encontrar neste ponto sensível.
LONGO PROCESSO – Em tal caso pode ser aberto um longo processo, na medida em que a oposição não fornecer presença capaz de atingir o quorum de 342 parlamentares. Se o governo tiver digamos 260 votos, por exemplo, a oposição pode participar dos debates com 40 parlamentares completando assim o quorum de 300, porém estarão faltando 42 votos para proporcionar o desfecho que o presidente Michel Temer se empenha por apressar.
A questão o é complexa, porque se nem a bancada governista nem a oposição conseguirem os dois terços de presenças, o debate poderá se alongar indefinitamente trancando a pauta da Câmara. No caso de não haver número, como ficará o processo cujo desfecho é aguardado pelo Supremo Tribunal Federal? Ficará engavetado, claro.
É possível, entretanto, que a própria oposição resolva dar número para que a página seja virada. É o que vamos ver na próxima quarta-feira.
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