JORNAL A REGIÃO
de Itabuna, como eram chamados os primeiros ônibus urbanos. Foi tema de
uma coluna Conversa Sabática, do historiador Adelindo Kfoury. Ele
começava contando que, entre os emails da semana, “encontro mensagem de
uma neta de Dona Laurentina, pedindo escrever sobre as marinetes, das
quais sua avó tanto falava”. E segue.
A primeira estrada de rodagem da região é a que liga Ilhéus a Itabuna,
inaugurada em 1º de março de 1928, pelo Governador Góes Calmon, obra
realizada pela S.A. Auto Viação Sul Bahiano, empresa que, embora
constituída no Rio de Janeiro, era genuinamente grapiúna.
A ideia de sua construção decorreu do fato de que o tráfego entre as
duas cidades era feito exclusivamente por uma trilha dentro da floresta,
utilizada por tropas de animais de carga ou montarias de coronéis,
jagunços, mascates e trabalhadores rurais, e andarilhos.
Normalmente durava de dois a três dias, inclusive correndo risco de
contrair febres, sofrer ataques de cobras, animais e até salteadores,
assim como de tocaieiros profissionais... Após a estrada ser entregue,
por iniciativa de Dr. Inácio Tosta Filho foi criada a Companhia Viação
Sul Bahiano.
Popularmente conhecida como SULBA, ela dedicava-se ao transporte de
passageiros. A partir daí surgiram nossas primeiras “marinetes”.
Veículos coletivos de pequeno tamanho, com 20 poltronas internas e cujo
bagageiro ficava sobre o teto, cobrindo-se os volumes com uma lona.
Marinetes
Durante mais de 20 anos foram o meio de transporte mais utilizado. O
ponto de chegada e partida em Itabuna era o Beco das Marinetes (atual
Rua Oswaldo Cruz). As pessoas viajavam vestindo sobre a roupa um
guarda-pó, pois a intensa poeira da estrada os cobria da cabeça aos pés.
O percurso, que hoje fazemos em 25 minutos, naquele tempo durava mais
de duas horas. Nos dias de sol, nuvens de poeira; quando chovia,
atoleiros e muita lama. Debaixo das poltronas e no corredor
transportava-se tudo: animais vivos, mantimentos, sacos com frutas e
verduras, etc.
Em Itabuna, grande animação e frenesi ocorriam no Beco das Marinetes a
partir das 18 horas, quando retornavam os viajantes que pernoitavam nas
pensões de Itabuna; chegavam os exemplares do “Diário da Tarde”, logo
recolhidos pelo jornaleiro Ceguinho para entrega aos seus “assinantes”.
Em todos, uma pontinha de orgulho pela cidade possuir tão “moderno meio
de transporte, igual ao de qualquer cidade grande”. O progresso levou
nossas marinetes. Quando as veremos de novo? Certamente nunca mais.
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