O presidente Michel Temer, na tarde de domingo, nomeou Torquato Jardim no Ministério da Justiça e transferiu Oscar Serraglio para o Ministério da Transparência. Qual o motivo da troca de cargos? Reportagem de Cristiane Jungblut, Eduardo Bresciani e Geralda Doca, O Globo de segunda-feira, ilumina bem o ato do presidente da República. Uma das consequências da nomeação de Osmar Serraglio para a transparência é que o deputado afastado da Câmara Rocha Loures permanece na condição de parlamentar e com isso mantém o direito a foro privilegiado. O presidente da República, portanto, teme que ele recorra à delação premiada para escapar da primeira instância do juiz Sérgio Moro.
Rocha Loures, que tinha sido assessor do Palácio do Planalto, foi o personagem filmado pela Polícia Federal recebendo a mala contendo 500 mil reais, entregue por Ricardo Saud, da JBS. Portanto, o temor de que Loures assuma a delação atingiu o presidente da República.
FORO PRIVILEGIADO – Acontece que nesta quarta-feira o Supremo Tribunal Federal poderá decidir uma mudança radical no direito ao foro privilegiado, nos moldes em que funcionou até hoje, Mas esta é outra questão. O que ficou patente nos atos assinados pelo presidente Michel Temer é que ele receia que uma nova avalanche de acontecimentos negativos se encaminhe na direção do Palácio do Planalto. Um dos fatos contidos no pensamento presidencial é que Torquato Jardim possa influir diretamente no comportamento da Polícia Federal e também no julgamento do TSE marcado para 6 de junho. Torquato Jardim já integrou o Tribunal.
Quanto à Polícia Federal, em entrevista a Daniela Lima, Folha de São Paulo de segunda-feira, Torquato afirmou que vai avaliar ainda se muda ou não muda o atual comando da PF. Acrescentou que, até o momento não fez avaliação alguma. E nem leu o documento assinado pelos delegados da PF.
SEM OBSTRUÇÃO – Não será pela nomeação de Torquato Jardim que poderá ocorrer alguma obstrução nos trabalhos investigativos que têm dado base a decretação de prisões preventivas ou provisórias por parte de juízes federais.
Rocha Loures, antes de assumir como suplente de deputado, integrava assessoria direta do presidente Michel Temer, que nele depositava total confiança, como foi dito no encontro com Joesley Batista, na noite de 7 de março quando a gravação ocorreu. Essa gravação tem sido contestada por setores ligados a presidência da República, que tentam arguir sua ilegitimidade legal e jurídica.
Entre os que contestam a validade da fita encontra-se Torquato Jardim. Posição que colide com a de Rodrigo Janot, Procurador Geral da República, para quem não importa se a gravação foi editada por Batista, mas o que se sobrepõe a tudo é o fato do encontro no Jaburu ter sido confirmado pelo próprio presidente da República.
A GRAVAÇÃO – Foram os 40 minutos mais graves do seu período de governo, dos quais não poderá se livrar com ou sem Torquato Jardim e Rocha Loures. Principalmente, Rocha Loures. Basta assistir ao filme que o exibe recebendo a mala de Ricardo Saud. Além disso, também é mais que suficiente lembrar que ele entregou a mala à Polícia Federal em São Paulo.
E o que fez ele diante do fato de faltarem 35 mil reais? Depositou-os num segundo lance, 48 horas depois, na Caixa Econômica Federal.
Afinal, o que Rocha Loures poderá dizer diante de tal tortuosa escapada? Se contar a verdade, o que será de Temer?
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