Por Folhapress
Rompendo um longo silêncio de quase um ano sem dar entrevistas longas, a
ex-presidente argentina Cristina Kirchner, 64, fez críticas ao governo
Mauricio Macri, se postulou para as eleições legislativas de outubro (na
qual se renova metade do Congresso) e chamou o presidente brasileiro,
Michel Temer, de "ridículo" e "brega".
Cristina falou ao canal C5N, na noite de quinta-feira (25). A emissora é
um dos únicos meios que hoje se posicionam contra Macri, por pertencer a
um empresário aliado ao kirchnerismo, Cristóbal Lopez.
As críticas de Cristina ao atual mandatário começaram tratando de sua
participação nas festividades do 25 de Maio, feriado nacional na
Argentina, que celebra o início da revolta que daria lugar à
Independência, em julho.
"Não há nada que festejar no país hoje", disse Cristina, apontando
principalmente para a alta inflação, de 40%. "Isso está acontecendo
porque não há intervenção do Estado. Na nossa gestão, tínhamos os Preços
Cuidados", referindo-se a um programa que fixava preços máximos para
vários tipos de alimentos, que Macri vem diminuindo para uma quantidade
cada vez menor de produtos.
Apontou ainda para o aumento da dívida do governo "que cresceu, em um
ano, mais do que o dobro do que durante a ditadura", afirmou. E
criticou, de maneira geral, os cortes nos subsídios e no sistema
previdenciário. Com relação a este, disse, inclusive, que "deveria haver
uma investigação no Congresso".
Cristina também criticou o aumento da compra de armas e aparatos para
combater o narcotráfico, algo de que Macri faz muita propaganda. "Esse
tipo de armamento não é para combater a violência, é para incrementar a
repressão", afirmou.
Também criticou, com sua ironia de costume, as frases repetidas
constantemente pelo atual mandatário. "Macri adora dizer a toda hora que
a Argentina voltou ao mundo, sim, mas voltou ao pior dos mundos."
Ao comparar com sua gestão, disse que "durante nosso governo, as
pessoas iam vivendo cada vez melhor, e no último um ano e meio, estão
vivendo cada vez pior", chamando a atenção para o aumento dos índices de
pobreza, de 28%, ao final de seu mandato, para 32%, em 2017.
"Macri cometeu um embuste eleitoral, suas promessas estão se mostrando mentirosas", concluiu.
Cristina disse que será candidata ao Senado, para ajudar a agregar
votos ao peronismo, que vem fragmentado. "Se é necessário que eu me
candidate para dar mais votos a nossa força política, eu sou candidata. É
preciso que surja um candidato forte do nosso lado para colocar limite a
esse governo. Quero contribuir para isso", afirmou.
A ex-mandatária ainda não decidiu se será candidata pela província de Santa Cruz ou pela capital, Buenos Aires.
Ao ser perguntada sobre a situação de crise no Brasil, Cristina disse
que o presidente Michel Temer era um "ridículo" e um "brega" e atacou
sua iniciativa de chamar as Forças Armadas para conter os protestos em
Brasília.
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