domingo, 30 de abril de 2017

Armas para os terroristas na Síria e no Iêmen são enviadas da Itália pelos EUA


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As armas  foram transportadas neste cargueiro
Manlio Dinucci
Il Manifesto, Itália
O regime dos EUA faz crer que lutaria contra os jihadistas. Mas continua enviando armas, a partir da Europa “democrática”, àqueles terroristas. Leva o nome de Liberty Passion, ou seja “Paixão pela Liberdade”. É um enorme, moderníssimo navio cargueiro norte-americano do tipo Ro/Ro [Roll-on/roll-off], concebido para transportar veículos, de 200 metros de comprimento, 12 conveses e superfície total de mais de 50 mil m2, com capacidade para transportar o peso equivalente a 6.500 automóveis.
Esse navio, propriedade da empresa norte-americana Liberty Global Logistics, fez a sua primeira escala – dia 24/3/2017 – no porto de Livorno, Itália. Assim começou oficialmente uma conexão regular entre Livorno e os portos de Aqaba, na Jordânia, e de Jeddah, na Arábia Saudita, servida mensalmente pelo Liberty Passion e outros dois navios similares, o Liberty Pride (“Orgulho da Liberdade”) e o Liberty Promise (“Promessa de Liberdade”). A inauguração dessa linha de transporte foi celebrada como “festa para o porto de Livorno”.
SEGURANÇA MARÍTIMA – Mas ninguém esclareceu por que a empresa norte-americana escolheu precisamente esse porto italiano. Comunicado da administração marítima dos EUA explicou – dia 4/3/2017 – que o Liberty Passion e os outros dois navios que servem a linha Livorno-Aqaba-Jeddah participam do “Programa de Segurança Marítima”, que, no contexto de uma associação de empresas privadas e estatais, garante ao Departamento de Defesa dos EUA uma poderosa frota móvel de propriedade privada, que viaja com bandeira e tripulação norte-americana”.
Assim se compreende a razão pela qual a empresa norte-americana elegeu o porto italiano de Livorno para inaugurar a nova linha de transporte marítimo para dois portos do Médio Oriente. O porto de Livorno está ligado a Camp Darby, a base logística dos EUA (na Itália) que abastece as forças terrestres e aéreas dos EUA na área mediterrânea, no Oriente Médio, África e adiante.
Camp Darby é a única instalação das forças armadas dos EUA em que material de guerra “pré-posicionado” (tanques, veículos de assalto, etc.) é armazenado lado a lado com a respectiva munição. Os 25 bunkers de Camp Darby contêm todo o equipamento necessário para manter armados dois batalhões blindados e dois batalhões de infantaria mecanizada.
BOMBAS E MÍSSEIS – Em Camp Darby armazenam-se também enormes quantidades de bombas e mísseis para aviões de combate e os “kits de montagem” para instalação rápida de pistas de pouso e decolagem em zonas de guerra. Dali, esses e outros materiais de guerra podem ser rapidamente enviados para os teatros de operações pelo porto de Livorno, ligado a Camp Darby pelo Canal de Navicelli – recentemente ampliado –, e também pelo aeroporto de Pisa, também em Itália. Esse foi o percurso cumprido pelas bombas utilizadas nas guerras contra Iraque, Jugoslávia e Líbia.
Na viagem inaugural – segundo reportam fontes como Asianews e outras –, o Liberty Passion transportava 250 veículos militares, de Livorno para o porto de Aqaba na Jordânia, onde atracou dia 7 de abril, depois de cruzar o Canal de Suez.
Dois dias antes, o presidente Trump recebera em Washington, pela segunda vez em dois meses, o rei Abdalá, ocasião em que reafirmou o apoio dos EUA à Jordânia ante a ameaça que são os  terroristas provenientes da Síria. Ninguém fez qualquer referência ao fato de que, sempre na Jordânia, durante anos, foram treinados, comandados por instrutores norte-americanos – os mesmos que se apresentam como “Exército Livre Sírio” e cometem atos de terrorismo na Síria.
APOIO AOS REBELDES – Diversas informações mencionam crescentes movimentos de tropas norte-americanas equipadas com tanques e veículos blindados, na fronteira entre a Jordânia e a Síria. O objetivo seria obter o controle, servindo-se também de tropas jordanianas, da franja meridional do território sírio, onde já operam forças especiais dos EUA e Grã-Bretanha que dão apoio ao “Exército Livre Sírio” o qual alegadamente lutaria contra o Emirato Islâmico (Daech).
Em fevereiro, o presidente Trump discutiu com o rei Abdalá “a possibilidade de estabelecer zonas seguras na Síria”. Dito de outro modo, a possibilidade de balcanizar a Síria – porque ninguém pode cogitar dominar todo o território síria, dada a presença das forças russas.
PAPA DENUNCIOU – Nesta operação de guerra, e em outras, como no massacre que a Arábia Saudita promove contra civis no Iêmen, serão usadas as armas norte-americanas que saem de Livorno –, cidade a ser visitada provavelmente pelo Papa Francisco, que ainda há pouco denunciava novamente “os traficantes de armas que ganham dinheiro à custa do sangue de homens e mulheres”.
Pois em Livorno festeja-se que esse porto toscano tenha sido definido como escala dos navios da empresa Liberty Global Logistics, que conta com amplas possibilidades de desenvolvimento.
Como diz o filme de Alberto Sordi: “Enquanto há guerra, há esperança”.  (artigo enviado por Sergio Caldieri)
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