sábado, 25 de março de 2017

A lava jato está no encalço do PMDB, diz Época



Por Redação Bocão News | Fotos: Agência Senado
Em relatório sigiloso obtido por ÉPOCA, a Polícia Federal levanta suspeitas de que o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), confeccionou o relatório da Medida Provisória (688/2015) para atender a interesses defendidos por Milton Lyra, um lobista ligado ao ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e investigado pela Operação Lava Jato, acusado de intermediar o pagamento de propina a senadores do PMDB.
Chamado de Miltinho nos círculos de Brasília, Lyra é um personagem central das investigações da Lava Jato por ser um dos principais operadores do PMDB do Senado. No caso em questão, ele aparece em uma frente considerada promissora, o comércio de Medidas Provisórias.
Na prática, parlamentares redigiam essas medidas para atender a interesses de empresas em troca de dinheiro. É por esse caminho, com a delação dos 78 executivos da Odebrecht e subsídios de outras áreas, que a Lava Jato vai avançar sobre os senadores do PMDB.
Em uma de suas operações, a Polícia Federal encontrou em cima de uma escrivaninha da residência de Milton Lyra documentos relacionados à MP 688, relatada por Eunício. “As principais alterações propostas à Medida Provisória e encampadas pelo senador Eunício Oliveira condizem com o objeto da petição apreendida na casa do investigado Milton Lyra”, diz o relatório.
Com base na Medida, uma empresa que a PF suspeita ser representada por Lyra aproveitou para tentar um acréscimo milionário em sua receita. Os investigadores encontraram também na mesa de Lyra cópia de uma petição da Interligação Elétrica do Madeira, subsidiária da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, solicitando à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a revisão de um contrato de transmissão de energia e o aumento de R$ 34 milhões da receita anual permitida. O fundamento usado na petição é a legislação decorrente da Medida Provisória relatada por Eunício. O pedido foi rejeitado pela Aneel em 26 de abril do ano passado e em um despacho neste mês.
Apesar de ainda não ter elementos conclusivos, a PF aponta a possibilidade de que Lyra atuava como lobista da empresa por seu histórico de influência nos bastidores do poder de Brasília. Há um ano, Milton apareceu na Lava Jato no papel de facilitador de Eunício. Segundo a delação premiada do ex-diretor da Hypermarcas Nelson Mello, Lyra intermediou o pagamento de R$ 5 milhões para a campanha de Eunício ao governo do Ceará, em 2014. Mello disse em depoimento que “ajudou mediante contratos fictícios”.
Na terça-feira, dia 21, as empresas usadas nesses contratos foram alvo da Operação Satélites, deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Procuradoria-Geral da República para investigar as suspeitas de corrupção envolvendo o presidente do Senado e seus colegas senadores do PMDB, Renan Calheiros e Valdir Raupp, além do senador petista Humberto Costa. A operação se baseou nas delações de Nelson Mello e dos executivos da Odebrecht.

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