quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Túmulo do 'Batman' chama atenção em cemitério de São Manuel


Família, que tem o sobrenome do homem-morcego, estuda colocar estátua.
Em Jaú, também na região, túmulos curiosos atraem visitantes.

Do G1 Bauru e Marília
Família Batman tem túmulo em São Manuel (Foto: Reprodução/TVTEM)Família Batman tem túmulo em São Manuel (Foto: Reprodução/TVTEM)
Júlia Bassil Batman é responsável por trazer sobrenome ao Brasil (Foto: Miguel Ângelo Nitolo Neto/Arquivo Pessoal)Julia Bassil Batman trouxe o sobrenome ao Brasil
(Foto: Miguel Ângelo Nitolo Neto/Arquivo Pessoal)
Apesar de não existir relações com o super-herói dos quadrinhos, filmes e desenhos, parte da família Batman está enterrada em São Manuel, no interior de São Paulo, bem distante de Gotham City, cidade fictícia onde ocorrem as sagas do homem-morcego. O orgulho do sobrenome é tão grande, que a família até estuda a possibilidade de instalar uma estátua do personagem no túmulo, que chama atenção no cemitério.
“O sobrenome Batman é incomum e, para nós, é um orgulho porque também representa o personagem. Então a gente tem a ideia de colocar a estátua do Batman no túmulo, que é de mármore, e pintar. A proprietária do cemitério até deu ‘carta branca’, mas agora temos de convencer minha mãe e minha tia. O resto da família topou”, diz Miguel Ângelo Nitolo Neto, de 37 anos, que é neto de Julia Bassil Batman, responsável por trazer a família da Síria ao Brasil.
De acordo com Neto, o sobrenome é proveniente de Aleppo, na Síria, e a família migrou em 1935 com o objetivo de fugir da Guerra Civil no país. Quando chegou ao Brasil, parte do grupo se instalou em São Paulo e parte ficou em São Manuel. “Hoje, quando comentamos sobre o sobrenome as pessoas acham que é gozação, mas a família inteira é apaixonada pelo sobrenome e pelo super-herói”, diz Neto. “As pessoas não levam a sério. Muitas vezes já ligaram para a minha avó para perguntar se era da casa do Batman,  mas ela adorava a brincadeira.”
No entanto, para a produção do filme "Batman" que foi lançado em 1989, o sobrenome não era motivo de piada. Os familiares de Julia Bassil Batman foram convidados a participar da première com uma exibição exclusiva do filme na capital paulista. "Na época eu tinha uns 8 ou 9 anos, então não fui porque eu era muito novo, mas o meu primeiro brinquedo de super-herói foi um 'bat-móvel' de uns 30 centímetros com um boneco", lembra Neto.
"Desde pequenos nós convivemos com o 'Batman' no sobrenome e nós construímos uma estrutura familiar com base nos valores do personagem, mas agora o nosso desejo é tornar o túmulo uma atração e onde minha avó de onde ela estiver, vai estar contente", finaliza.
Família Batman veio da Síria e se instalou em São Manuel (Foto: Miguel Ângelo Nitolo Neto/Arquivo Pessoal)Família Batman veio da Síria e se instalou em São Manuel (Foto: Miguel Ângelo Nitolo Neto/Arquivo Pessoal)
João-de-barro também está no cemitério
Ainda no cemitério de São Manuel, a frase "O joão-de-barro foi morar na cabeça do João de Barros" é comum entre os visitantes. Isto porque a ave construiu uma casa de barro sobre a cabeça do busto de João Baptista de Barros.
Aves construíram casa de barro sobre busto de túmulo (Foto: Reprodução/TVTEM)Aves construíram casa de barro sobre busto de
túmulo (Foto: Reprodução/TVTEM)
Segundo Eduardo Delamonica, historiador da cidade, o busto é de um membro tradicional da família Barros, que foi sepultado em 1895.
"O busto fica visível à entrada do cemitério e se tornou uma atração, pois é um caso curioso e cômico entre os visitantes, que frequentemente são flagrados fotografando o túmulo", destaca.
O historiador não soube informar sobre a data em que os pássaros se instalaram no local, mas com certeza é uma das atrações para quem visita o cemitério.
Museu a céu aberto
Os túmulos do cemitério de Jaú também colecionam histórias inusitadas e também são um verdadeiro acervo de obras de arte. Um dos túmulos mais visitados no cemitério Ana Rosa de Paula é o que tem a escultura de uma "noiva". De acordo com o arquiteto Ricardo Dal'Bó, a escultura é bem feita e representa uma mulher deitada segurando um buquê de rosas. A escultura simboliza a dor, é esculpida em mármore e se chama "Saudade".
"A escultura encomendada e importada da Europa pela família Toledo Arruda surgiu pela semelhança com uma noiva e acabou transformando-se nas estórias da noiva que abandonada morreu de tristeza, ou da noiva que teve o noivo morto no dia do casamento, ou da noiva que obrigada a casar-se com quem não amava, deu fim a própria vida", explica Dal'Bó, que também é membro do Conselho do Patrimônio Histórico de Jaú. "Em todo cemitério do Brasil onde exista escultura semelhante, as lendas se assemelham, mas no nosso cemitério os visitantes fazem pedidos relacionados ao casamento à 'noiva' do túmulo", completa.
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Estátua esculpida em mármore que se chama Saudade e simboliza a dor. Lenda diz que obra representa noiva que morreu no altar (Foto: Alan Schneider / G1)Estátua esculpida em mármore que se chama Saudade e simboliza a dor (Foto: Alan Schneider/G1)
O cemitério de Jaú, que foi inaugurado em 1894, também conta com obras exclusivas das décadas de 1920 e 1930, dos renomados artistas, Roque De Mingo e Eugênio Prati. Famílias com poder aquisitivo elevado encomendavam as obras para homenagear os mortos.
Um dos destaques é a obra de Roque De Mingo, presente no mausoléu do aviador do Comandante João Ribeiro de Barros, que dá nome a uma das principais rodovias do estado de São Paulo. Mas, segundo Dal'Bó, no mausoléu não há nenhum corpo.
"Ele tem seus restos mortais depositados no monumento localizado na praça Siqueira Campos construído em 1953, data do centenário de Jahu. João RIbeiro de Barros morreu em 1947, foi enterrado em princípio no túmulo da família até a finalização da obra do cemitério", finaliza.
De Mingo assina obra em túmulo de João Ribeiro de Barros (Foto: Alan Schneider / G1)De Mingo assina obra em túmulo de João Ribeiro de Barros (Foto: Alan Schneider/G1)

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