domingo, 27 de novembro de 2016

Fidel traiu Marx e Engels, que jamais defenderam a tal “Ditadura do Proletariado”


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Lenin inventou a Ditadura do Proletariado e atribuiu a Marx
Carlos Newton
A morte de Fidel Castro é uma boa ocasião para reflexões ideológicas, porque o comunismo está aparentemente superado e fora de moda. O fato concreto é que, nas últimas décadas, a inovadora doutrina criada por Karl Marx e Friedrich Engels deixou de ser discutida em relação à época em que foi idealizada, em meados do século XIX, início da revolução industrial. E o marxismo passou a ser fraudulentamente considerado como sinônimo de ditadura e barbárie, vejam a que ponto as distorções intelectuais e políticas podem chegar.
Não adianta querer atribuir a esses dois grandes humanistas as perseguições, as chacinas e os massacres promovidos por ditadores supostamente tidos como comunistas, como Josef Stalin, Fidel Castro, Pol Pot etc. Nenhum deles era verdadeiramente comunista e seguia as lições de Marx e Engels.
Também não adianta vir aqui defender Vladimir Lenin, alegando que ele era o mocinho e Stalin teria se tornado o bandido, porque na realidade os dois foram parceiros na criminosa manipulação da doutrina marxista para implantação da sangrenta ditadura na Rússia.
DITADURA DO PROLETARIADO? – O maior exemplo das absurdas distorções do pensamento de Marx e Engels é a famosa “Ditadura do Proletariado”. Essa expressão, que passou a ser usada como sinônimo de marxismo ou comunismo, na verdade não existe na extensa obra filosófica, econômica, política e social desses dois pensadores prussianos.
Um dos maiores estudiosos do marxismo foi Karl Johann Kautsky, um filósofo, jornalista, historiador e economista tcheco-austríaco que se tornaria um dos fundadores da ideologia social-democrata. Kautsky nasceu em 1854, justamente quando se discutia na Europa o Manifesto Comunista, lançado em 1848.  Sua obra é extraordinária. Fez estudos profundos e lançou livros sobre o Cristianismo, a Utopia de Thomas More, a Ética e o Materialismo, as Doutrinas Econômicas, a Mais Valia etc.
Foi o maior pensador de seu tempo, deixou uma obra portentosa. E ninguém estudou o marxismo como Kautsky. O mais interessante foi a polêmica travada com Stalin e Lenin. Com total conhecimento de causa, Kautsky destruiu a farsa da “Ditadura do Proletariado”, expressão jamais usada por Marx e Engels em suas obras. Na verdade, Marx não a mencionou nem mesmo na célebre carta escrita ao médico alemão Ludwig Kugelmann em 1871, que é citada como prova de que ele defendia a “Ditadura do Proletariado”.
TRANSFORMAÇÃO PACÍFICA – Ao contrário do que se apregoa hoje com a maior irresponsabilidade, Marx e Engels jamais defenderam nenhuma ditadura, eram humanista, democratas e lutavam pela liberdade de imprensa. O que eles defendiam era a possibilidade da transformação pacífica da democracia burguesa em democracia proletária.
«Atualmente, em 1917, na época da primeira grande guerra imperialista, esta ressalva feita por Marx perdeu a razão de ser”, escreveu Lênin em “O Estado e a Revolução”, livro lançado um mês antes da revolução comunista na Rússia. E acrescentou: “A ditadura do proletariado é o Poder do proletariado sobre a burguesia, Poder não limitado por lei e baseado na violência e que goza da simpatia e do apoio das massas trabalhadoras e exploradas“.
Quando Lenin inventou a “Ditadura do Proletariado” baseada na violência, Marx já estava enterrado em Londres há 34 anos. Portanto, Marx e Engels não têm nada a ver com as atrocidades cometidas pelos ditadores pseudo-comunistas.
RELIGIÃO & COMUNISMO – Toda religião que se preza defende a igualdade, a fraternidade e a liberdade. Não foram os revolucionários franceses de 1789 que inventaram esse lema, apenas copiaram o que aprenderam na Igreja. Não incluíram caridade, dignidade, honestidade e humildade, porque assim o lema ficariam muito extenso e perderia o impacto.
E tudo isso vem desde Krishna na Índia (3 mil anos antes de Cristo); Lao Tse na China (1300 a.C.); Moisés no Egito e Oriente Médio (1291 a.C); Buda na região do Nepal/Himalaia (600 anos a.C.); Confúcio no Nordeste da China (550 anos a.C.); Sócrates na Grécia (469 a.C.); Jesus Cristo na Palestina, com a abertura da atual nova Era; e Maomé (570 depois de Cristo).
Não foi à toa que Karl Kautsky estudou tanto as origens do cristianismo, os evangelhos, as relações de Jesus  com os essênios, seita judaica socialmente evoluída.
CRISTO, O REVOLUCIONÁRIO – Assim como outros grandes historiadores, Kautsky dizia que Pôncio Pilatos, governador da Judeia, no julgamento de Jesus Cristo, não o considerou um simples pregador religioso, mas como um líder revolucionário que lutava para desestabilizar o Império Romano na Palestina. Por isso, condenou-o à crucificação, castigo reservado aos rebeldes e outros inimigos da sociedade, como os ladrões.
Naquela época, os rebeldes eram chamados de “zelotes”, expressão que agora entrou em moda aqui no Brasil, na caça aos corruptos. Mas isso já é outro assunto, e depois a gente volta a ele, na Graça de Deus, porque sou comunista mas não deixei de ser religioso.
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