terça-feira, 29 de novembro de 2016

Dinheiro da venda do pré-sal se esvai todo no estranho negócio do gasoduto


Resultado de imagem para PRE-SAL charges
Charge do Benett, reproduzida da Folha
Carlos Newton
Em comunicado aos investidores, a Petrobras informa que o dinheiro que a empresa obteve a partir da venda do Campo do Pré-sal de Carcará (comprado pela estatal norueguesa Statoil) será totalmente utilizado para o pagamento de dívidas contraídas junto ao BNDES.  Algumas coisas chamam atenção neste informe da estatal: foi divulgado que o Campo de Carcará foi vendido por 2,5 bilhões de dólares (metade agora, a outra parcela a perder de vista). O mais lógico seria usar os dólares para liquidar dívidas contraídas em dólar aos bancos e fundos estrangeiros, que acabaram de ser renovadas com a faca no pescoço, passando de 5% ao ano para 8,6% ao ano de bônus (pagamento acima dos juros do tesouro norte-americano).
Ao invés disso, optou por liquidar dívidas dentro do país, possivelmente com juros subsidiado pelo BNDES (portanto muito abaixo de 8,6% de bônus sobre o dólar). Nesta estratégia curiosa, permanece mais refém dos bancos estrangeiros, justamente neste momento em que eles pedem ativos e/ou processos de privatização como garantia.
Outro fato curioso é a citação à subsidiaria originária da dívida: a Transportadora de Gás Associada S.A. Aquela mesma, que vai vender a malha de gasodutos do sudeste.
VENDA DO GASODUTO – Assim está se desvendando um mistério de 7 bilhões de dólares: ao vender a NTS (Nova Transportadora do Sudeste), que contempla o transporte de 80% da produção e consumo de gás do Brasil, a Petrobras informou que receberia 4 bilhões de dólares, sem informar se a dívida, que no último balanço somava 7 bilhões de dólares, ficaria com a compradora (a canadense Brookfield) ou com a vendedora (Petrobras).
O pagamento da dívida da Transportadora de Gás Associada S.A. é um indício de que a dívida ficará com a viúva, que terá que sanear (pagar ou transferir internamente) as dívidas e passar o gasoduto limpinho, pronto para a Brookfield lucrar. É o capitalismo à brasileira, sem risco.
ERROS E ACERTOS – Quando a Petrobras arriscou e errou, fica com o erro, que é majorado, garantindo uma gorda baixa contábil. Quando acerta, vende para outros em condições excepcionais. Realmente, o petróleo é muito lucrativo, senão não teria como a empresa ainda existir neste clima de confraternização corporativa entre pseudo-empreendedores.
Tudo indica que, dados os volumes e os preços assumidos de transporte, a Brookfield conseguirá retornar seu investimento em um tempo estimado entre 1 e 5 anos (desde que não tenham dívidas a serem pagas, como tudo indica que será o caso). Todo esse desapego da Petrobras ocorre sob a justificativa de liquidar dívidas, cujo custo de serviço obviamente é menor que o custo de transporte que será cobrado pela Brookfield.
Além do mais, pelo visto, a “quebrada” Petrobras é a única devedora do BNDES a pagar antes do prazo…
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