terça-feira, 29 de novembro de 2016

Bicudo diz que Temer é um presidente decorativo e deve sofrer impeachment


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Ivan Valente, líder do PSOL, protocola pedido de impeachment
Nonato Viegas
Época
A bancada do PSOL protocolou nesta segunda-feira na Mesa da Câmara um pedido de impeachment do presidente Michel Temer por crime de responsabilidade, com base na suposta interferência do presidente em favor de interesse pessoal do ex-ministro Geddel Vieira Lima. E o pedido já tem apoio de um dos responsáveis pelo pedido do impeachment de Dilma Rousseff da Presidência da República, o jurista e ex-deputado federal Hélio Bicudo, que acusa Michel Temer de pôr interesses privados na frente de interesses públicos e diz que seu impeachment já deveria ter ocorrido.
“Ele foi um vice decorativo e, agora, é um presidente decorativo. Não faz falta”, diz. Segundo Bicudo, que foi deputado federal pelo PT entre 1991 e 1999, Temer jamais deveria ter indicado Geddel Vieira Lima (Bicudo conheceu Geddel na Câmara) para a Secretaria de Governo.
O que acontecerá após a denúncia do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero contra um dos homens mais próximos do presidente, Geddel Vieira Lima, e contra o próprio Michel Temer?
Eu acho que o que está faltando ao Brasil é um timoneiro. Não precisamos de um Temer, mas de um timoneiro. O Brasil precisa ter comando, rumo, alguém que seja capaz de dizer para que lado está a saída da crise econômica, política e social. Ele [Temer] tem se mostrado incapaz de fazer isso.
Mas o que acontecerá agora? O senhor acredita que pedidos de impeachment contra Temer avançarão?
O impeachment já deveria ter ocorrido. Ele [Temer] é inábil. O que está acontecendo hoje no Brasil não é culpa da Dilma, do Lula. A culpa é dele. O governo está desmoralizado diante da população. E governo desmoralizado não governa. Foi o que aconteceu com Dilma. Seu governo [Temer] ficou inviável porque ficou desmoralizado.
Por que o governo está desmoralizado?
Com todas as histórias dos ministros que já tiveram de deixar o governo e, por último, a gota d’água, por conta do Geddel. Eu conheci o Geddel quando fui deputado, e ele nunca foi, eu diria, recomendável. Menos ainda para ocupar um cargo tão importante, tão próximo do presidente. Temer o conhecia. Não poderia colocá-lo como ministro da Secretaria de Governo.
Acha que os movimentos que foram às ruas pedir o impeachment de Dilma Rousseff podem, agora, pedir o impeachment de Temer?
É o que vai acontecer. O mesmo movimento popular que deu a ele, de bandeja, a Presidência da República vai tirá-lo. É o coerente a se fazer. Quando se troca de governo, é para encontrar um caminho para o desenvolvimento econômico e social. Não estamos vendo sequer o norte disso. E, para piorar, vemos a questão do interesse privado se sobrepondo ao interesse público.
O senhor se refere ao fato de ministros (Casa Civil, Secretaria de Governo e Cultura) e o presidente terem tratado de um assunto particular (liberação de um imóvel de Geddel Vieira Lima)?
Isso. É um absurdo. Como um governo pode parar para resolver um problema pessoal de um ministro? É perder o sentido do que é público e do que é privado. Para além disso, é coerente [o impeachment] porque este governo não tem projeto de país. Falta visão. O governo tem conduzido o país conforme o vento sopra. Michel Temer era um vice-decorativo e, agora, é um presidente decorativo. Não faz falta. Ao contrário, atrapalha.
Por quê?
Porque ele não tem apoio popular e não trabalha para ter. Ele não chegou à Presidência por força popular, pelo voto popular. Ele chegou à Presidência porque o PT o colocou lá, quando o escolheram como vice-presidente. A chapa foi eleita. Sua Presidência é constitucional. Mas ele não tem voto, apoio. Proteger os seus não é o caminho.
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