Texto de Percival Puggina sobre a inusitada entrevista coletiva do comando político do país em pleno domingo:
Quem não assistiu deveria assistir a inédita entrevista coletiva
que os três dirigentes dos poderes político-partidários da república
proporcionaram à imprensa nacional na manhã deste domingo. Não me lembro
de algo semelhante em nossa história: ombro a ombro, o presidente da
república, o da Câmara dos Deputados e o do Senado Federal, falaram
sobre votação das famosas Dez Medidas e os possíveis enxertos que
acabariam por conceder anistia aos que se beneficiaram dos recursos da
corrupção para fins eleitorais.
Fica
patente nas três manifestações a existência de um acordo para
constranger a apresentação de iniciativas nesse sentido e para obrigar
seus eventuais promotores e apoiadores a assumirem publicamente suas
posições.
Dado o
caráter inusitado da manifestação do alto comando político do país, numa
manhã de domingo, tudo indica que: 1) havia real perigo de aprovação de
alguma emenda desavergonhada; 2) o governo não quis assumir o risco de
ser entendido como conivente; 3) as três autoridades pressentiram, ou
receberam informação, de que a reação das ruas, prevista para o dia 4,
as fulminaria politicamente.
Penso
que foi uma boa lição para eleitos e eleitores, para a sociedade e sua
elite política. Há um poder maior, legítimo, que pode chegar às ruas de
modo ordeiro para se fazer ouvir. E esse poder é reconhecido.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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