sábado, 1 de outubro de 2016

Uma mensagem ao amigo Francisco Bendl sobre a pena de morte


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Charge de Themis Alves (Arquivo Google)
Jorge Béja
Não, Bendl. Não, não e não. Mais uma vez, não. Bendl, como minha esposa e eu gostamos de você!. Quando conhecer você pessoalmente, primeiro vou me curvar. Depois beijá-lo. Beijá-lo muito. Vou chorar. Um dia enviei para você um livro sobre os malefícios do glúten para a saúde. Duas outras vezes liguei para tocar piano e você ouvir ao telefone. E agora mesmo estamos tratando de nossa ida até a cidade gaúcha de Santa Maria para eu tocar diante do túmulo do menino Bernardo Uglione Boldrini. De Bernardo, que lá do céu já opera milagres. E Bendl já se dispôs a tratar de tudo: hospedagem, transporte de Porto Alegre para Santa Maria, hospedagem na cidade de Rolante, onde você e sua querida família residem, aluguel do piano de cauda, afinação…
Espero repetir no cemitério municipal de Santa Maria o mesmo gesto da década de 80, quando toquei no Père Lachaise. De fraque e casaca e diante dos túmulos de Allan Kardec, Edith Piaff, Oscar Wilde, Chopin…toquei. Toquei muito e chorei. Chorei muito. Eles estavam presentes. Eles todos vivem e estão presentes. E sem você, Bendl, este meu propósito de homenagear Bernardo não seria possível. Imagine um ancião de 70 e esposa de 64, sozinhos, no Rio Grande do Sul. Sua companhia é indispensável. Uma companhia de amor. De um guardião. De um guia que tudo sabe e tudo conhece.
MISTÉRIO DA VIDA – Mas pena de morte, não, Bendl. É uma pena que a Humanidade já aboliu desde a Declaração dos Direitos Humanos e da Carta da ONU. Não se trata de puritanismo, e sim do que é metafísico, que vai além da limitada compreensão humana, do que é mistério, do que é sobrenatural. E assim é a Vida.
Não será porque o Poder Público é ineficaz na ressocialização daqueles que contribuíram para o desequilíbrio social que se haverá de instituir a pena capital. Eu briguei pela iraniana Sakineh. Ela ia ser morta por apedrejamento. Mandei um pedido de clemência ao Ayatolá supremo do Irã e a mulher foi poupada. Hoje, 5 anos depois, voltou à casa para perto dos filhos. Eu tentei evitar que aqueles dois brasileiros condenados à morte na Indonésia fossem mortos, mas não consegui. Mas continuarei empenhado da defesa intransigente da Vida.
PENA INJUSTA – A pena de morte chega a ser injusta, porque o culpado não paga pelo crime que cometeu. Simplesmente morre. Isso sem falar no erro judiciário. O que seria dos irmãos Naves, se contra ambos tivesse sido aplicada a pena de morte? Foram condenados pela morte de um homem em Araguari. Um morreu no cárcere. Outro, do cárcere sobreviveu. Depois, o “morto” apareceu, belo, formoso e rico, na mesma Araguari.
Bendl, você é um cristão. É um ex-aluno de Dom Bosco. Por muitos anos estudou no Colégio Salesiano de Brasilia, cidade sonhada e profetizada por Dom Bosco. Bendl, apesar de toda a sua santa ira, sua revolta, que é sua e de todos nós, recuse a pena de morte. Viver já é morrer. Não é esta vida um “vale de lágrimas” como diz a Oração Salve Rainha? Eis um trecho: “a vós bradamos os degredados filhos de Eva, a vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas..”.
Bendl, saúdo o Espírito Infinito que habita dentro de você.
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