sábado, 29 de outubro de 2016

O que eu penso de tudo isso


Caros amigos
Michel Temer assumiu o governo de um país destroçado física e moralmente. Contaminado por uma corrupção endêmica, consequência de décadas de convivência com a impunidade planejada e regulamentada pelos principais beneficiários do desmando e do desvio de recursos dos desatentos pagadores de impostos.
Não há como não associá-lo ao sistema corrupto. Poucos políticos escapam. O PMDB, seu partido, o maior em um universo de quase 40, desde a constitucionalização do ambiente favorável ao enriquecimento ilícito, é, de alguma forma, aliado da situação ou, no mínimo, um observador atento e conivente que, quando fora do papel de predador alfa, cumpriu com louvor o papel de hiena no aproveitamento das rebarbas do butim.
Já disse e repito, Temer não é o cavalo que os brasileiros gostariam de montar para superar os obstáculos desta prova, mas é o que lhes restou por efeito da lei e o que passou encilhado por obra da oportunidade de montar e fazer valer a sua vontade.
Temer recebeu seu mandato de onde emana todo o poder, isto é, de quem, finalmente, quer vê-lo exercido em seu nome e em seu benefício. Mudaram-se as atitudes, esgotou-se a tolerância, iniciou-se um trabalho heroico de faxina que sobrevive graças ao aplauso, ao entusiasmo e à revolta do povo – o verdadeiro e máximo poder, único capaz de intimidar políticos meliantes.
Nada disso, no entanto, foi, ainda, suficiente para mudar o ambiente, o caldo de cultura em que a política e a justiça são exercidos no Brasil, porque há um rito de legalidade a ser seguido no processo de mudança. O resultado das eleições municipais testemunha a mudança e legitima o processo.
Temer sabe que chegou ao ápice de sua trajetória política e que só tem essa chance para não passar à história da mesma forma patética como estão a passar aqueles a quem substituiu. Ele não tem apenas que concluir o mandato, mas tem que direcionar o futuro para as inevitáveis e dolorosas soluções.
Temer conhece muito bem o meio em que fez sua carreira e no qual busca exercer seu mandato. Sabe muito bem o significado de “presidencialismo de coalisão”, sabe que, para que o processo de mudança que lhe impõem a sociedade e as circunstâncias tenha sucesso, tem que continuar a transitar, a conviver e a sobreviver no mesmo ambiente de falsidade e hipocrisia em que fez e consolidou sua bem adaptada carreira política.
Tudo isto eu entendo e aceito como inevitável, no entanto, não sendo político, mas apenas um soldado, comprometido, antes de mais nada, com o Brasil, causa-me náuseas vê-lo, em nome da “governabilidade” – isto é da negociação com os bandidos – cercar-se de pessoas que fatalmente, mais cedo ou mais tarde, terão que responder por seu envolvimento nos ilícitos que os brasileiros querem, a qualquer custo, ver alijados da política nacional.
Causa-me repulsa seu empenho em harmonizar ao nível máximo da hipocrisia as relações entre os presidentes do Senado e do STF, como se as fagulhas desse entrechoque, que acabaram por desmoralizar um Juiz de primeira instância e o seu Ministro da Justiça e por desgastar a Polícia Federal, pudessem interferir nos interesses imediatos e inadiáveis do País.
É decepcionante a sua omissão diante do abuso de crianças por parte de uma corja de malfeitores de esquerda, usadas como massa de manobra para ocupar escolas públicas, para desvirtuar a educação, impedir o ensino e desmoralizar os princípios básicos da moral cristã, visando a desestabilizar o próprio governo!
É angustiante vê-lo comportar-se como refém das circunstâncias, pisando em ovos e negociando de calças arriadas o que todos sabem que não pode deixar de ser feito. Será este um comportamento necessário? Serão estas e outras as atitudes a serem tomadas?
Como disse, sou apenas um soldado, um cidadão que por convicção e formação tem os interesses do Brasil acima de tudo e que esperava dele um comportamento mais firme e condizente com o poder e com a missão que recebeu, o que, embora justifique a minha ansiedade e o meu mal-estar, não me impede de torcer para que o errado seja eu.
Gen Bda Paulo Chagas

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