Carlos
Alberto Sardenberg observa que o PT montou sistemas ineficientes e
corruptos, tanto na economia quanto nos mais simples serviços públicos.
Aliás, petistas são como cupins e gafanhotos:
Quanto
tempo, dinheiro, energia e criatividade o pessoal da Odebrecht gastou
para montar e manter por tantos anos o tal “Departamento de Operações
Estruturadas”? O sistema supervisionava, calculava e executava os
pagamentos de comissões — propinas, corrige a Lava-Jato — referentes a
grandes obras no Brasil inteiro e em diversos outros países.
Considere-se ainda que os pagamentos deviam ser dissimulados, o que
trazia o trabalho adicional de esconder a circulação do dinheiro e
ocultar os nomes dos destinatários. Coloquem na história os funcionários
que criavam os codinomes dos beneficiários — Casa de Doido, Proximus, O
Santo, Barba Verde, Lampadinha — e a gente tem de reconhecer: os caras
eram eficientes.
Nenhuma
economia cresce sem companhias eficientes. Elas extraem mais riqueza do
capital e do trabalho e, com isso, reduzem o custo de produção,
entregando mercadorias e serviços melhores e mais baratos.
Pois o
“Departamento de Operações Estruturadas” foi eficiente na geração de uma
enorme ineficiência. Tudo aquilo é parte do custo Brasil — encarece as
obras, elimina a competição, afasta empresas de qualidade e simplesmente
rouba dinheiro público.
Há aqui
dois roubos: um direto, o sobrepreço que se coloca nas obras para fazer o
caixa que alimenta as propinas; o outro roubo é indireto e mais
espalhado. Está no aumento dos custos de toda a operação econômica.
Na última
terça, a Fundação Dom Cabral divulgou a versão 2016 do ranking mundial
de competitividade, que produz em associação com o Fórum Econômico
Mundial. O Brasil apareceu no 81º lugar, pior posição desde que o estudo
é feito, atrás dos principais emergentes, bem atrás dos demais países
do Brics.
Mais
importante ainda: se o Brasil caiu 33 posições nos últimos seis anos, os
demais emergentes importantes ganharam posições com reformas e mais
atividade econômica. Prova-se assim, mais uma vez, que a crise
brasileira é “coisa nossa”, genuína produção nacional.
Os
governos Lula 2 e Dilma foram tão eficientes na geração do desastre
quanto a Odebrecht com suas operações estruturadas. Uma política
econômica que provoca recessão — por três anos seguidos — com inflação
em alta, juros elevadíssimos e dívida nas alturas, tudo ao mesmo tempo,
com quebradeira geral das maiores estatais — eis uma proeza que parecia
impossível.
Para
completar, a eliminação de qualquer critério de mérito na montagem do
governo e suas agências arrasou a eficiência da administração pública e,
por tabela, da empresa privada que tinha negócios com esse governo.
Em
circunstâncias normais, numa economia de mercado, a empresa privada
opera tendo como base as leis e as regulações que devem ser neutras e
iguais para todos. A Petrobras precisava ter regras públicas para
contratação de obras e serviços.
Em vez
disso, o que a Lava-Jato nos mostrou? Um labirinto de negociações
escondidas, operações dissimuladas, manipulações de lei e regras.
Às vezes,
a gente pensa: caramba, não teria sido mais simples fazer a coisa
legal? Sabe o aluno que gasta enorme energia e capacidade bolando uma
cola eficiente e acaba descobrindo que gastaria menos estudando?
A
diferença no setor público é que o estudo não dá dinheiro. A cola dá um
dinheirão para partidos, seus políticos, amigos e companheiros.
Nenhum
país fica rico sem ganhos de produtividade. O Brasil da era PT perdeu
produtividade. Mas, pior que isso, criou sistemas ineficientes e
corruptos desde os principais setores da economia — construção civil,
indústria de óleo e gás — até os mais simples serviços públicos, como a
concessão de bolsa-pescador ou auxílio-doença.
SOBRANDO DINHEIRO
Como o
Brasil do pré-sal, a Noruega também descobriu enormes jazidas de
petróleo. Também constituiu uma estatal — a Statoil — para extração e
produção.
Mas os
noruegueses tomaram a decisão de guardar a receita do óleo. Constituíram
um fundo soberano, alimentado com os ganhos da Statoil, fundo este que
passou a investir sobretudo em ações pelo mundo afora. Esses
investimentos deram lucros — e este dinheiro, sim, é gasto pelo governo.
E o fundão é reserva para as aposentadorias.
O fundo norueguês é hoje o maior do mundo — tem um capital investido de US$ 880 bilhões.
Já o Brasil gastou antes de fazer o dinheiro.
O pré-sal
está atrasado, perdemos o boom dos preços astronômicos do petróleo e a
Petrobras é a empresa mais endividada do mundo. Outro dia mesmo, vendeu
um poço para a Statoil, para fazer caixa. E Dilma dizia que estava
construindo o futuro. De quem? (O Globo).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário