Outro
dia disse no Twitter que basta ir a alguma universidade para se
encontrar alguma Hillary, abundante nesses campi de ideologias
feministas, antiliberais, politicamente corretas e de professorinhas
medíocres e arrogantes. Pelo jeito, o Instituto Liberal concorda.
Touché!
Constatei
que a opinião majoritária dos analistas políticos, após o primeiro
embate televisivo entre Donald Trump e Hillary Clinton, é a de que o
republicano saiu-se bem no início do debate, notadamente nos primeiros
trinta minutos, e depois foi totalmente dominado pela oponente. Mas o
que teria gerado este divisor de águas? O que favoreceu Trump no começo,
e o que fez com que sua performance fosse afetada no decorrer do
debate?
O
primeiro tópico trazido à baila pelo “isento” moderador Lester Holt
tratava de prosperidade. Na prática, a contenda girou em torno da
geração de empregos. E foi nessa hora que a admiradora de Saul Alinskybalançou, sendo sobrepujada pelo adversário. Não é de causar espanto: em pleno século XXI, a “Democrata” (eis aí uma clamorosa distorção entre significado e significante
do tipo que a Esquerda adora promover) sustenta teses econômicas que já
foram refutadas (pela vida real) há muito tempo, declarando que o
Estado deve ser o responsável por gerar trabalho para a população, por
meio do investimento público. Para tal, sugere cobrar mais impostos dos
ricos – como se isso não fosse causar elevação de preços e desemprego, e como se os maiores financiadores de sua própria campanha não fossem George Soros e outros bilionários de Wall Street.
Waddill
Catchings, em 1926, afirmava que as recessões eram causadas por falta
de demanda, e que, portanto, seria imperativo que os governos (com
dinheiro emprestado, se necessário) investissem em obras públicas para
provocar demanda, abastecendo, assim, os consumidores com dinheiro para
comprar o excesso de bens produzidos na recessão. Isso até podia fazer
sentido 90 anos atrás, mas Hilary, ao fazer uso desta retórica
desbotada, veio com um estilete para uma briga de machados neste
primeiro trecho do debate, especialmente se comparado com o discurso do
adversário. Bernie Sanders deve ter ficado orgulhoso da camarada
Clinton, mas não tenho certeza se a maioria dos americanos quer brincar
de virar cubano ou venezuelano (not yet, at least). Aparentemente, a
maior parte deles entende que, se todos os cidadãos forem contratados
pelo Estado para cavar buracos, teremos desemprego zero, muitas tocas
para tatus e nada para comer.
Trump,
a seu turno, propôs reduzir em 15% a carga tributária nacional, como
medida para incentivar o empreendedorismo, bem como rever acordos
comerciais leoninos assinados pelos Estados Unidos (NAFTA), e criar
outros incentivos para que os empresários americanos não migrem para o
terceiro mundo, tal qual vem ocorrendo com o Brasil também, refrear a
bolha financeira que está sendo gerada pelo FED com sua política de
redução artificial dos juros, além de ter mostrado preocupação com o
crescente déficit público (US$20 trilhões). Não chega a ser uma palestra
sobre a Escola Austríaca, mas está bem mais condizente com os princípios dos pais fundadores da América, e que proporcionaram tanto progresso àquela nação. Ponto para Trump.
A
partir daí é que o caldo entorna. A conversa descamba para temas que um
interlocutor despreparado, quando confrontado com um(a) esquerdista
profissional, tende a perder a compostura, tal qual ocorreu com Donald.
Trump passou sessenta minutos se defendendo de pechas e clichês típicos
do ideário “progressista”. Xenófobo, sexista, racista, maluco que vai
causar uma guerra nuclear, tudo temperado com risos debochados e
gritinhos da platéia: foi muito para alguém que ingressou no meio
político há pouco mais de um ano, e o candidato perdeu o rebolado. E
olhe que estamos falando de alguém habituado a estar em frente às
câmeras e sob pressão.
Hillary
“venceu o debate sem precisar ter razão”, como detalhado por Artur
Schoppenhauer em seus 38 estratagemas: encolerizar o adversário, plantar
pistas falsas, fazer manipulações semânticas, uso de premissa falsa
previamente aceita pelo adversário (e por toda a Direita), impelir o
adversário ao exagero, fuga do específico para o geral; enfim, estava
tudo lá. Desde a polêmica da tensão entre policiais e negros, até a
celeuma da recusa do Republicano em apresentar seu imposto de renda,
passando pelo fato de que ele mal tocou no assunto dos e-mails deletados
por Hillary e deixou de mencionar o atentado terrorista em Benghazi –
dois pontos fracos dela. Trump caiu feito pato na armadilha, e, quando
se deu conta, era tarde demais.
Ou
seja, uma vez mais, a Esquerda mostra que ainda dá um baile em
Conservadores e Liberais quando se trata de conquistar corações e
mentes, independentemente da lógica por esta adotada. Aquela metáfora do
jogo de xadrez com o pombo, que derruba todas as peças, defeca no
tabuleiro e sai de peito estufado dizendo que ganhou, funcionou e ainda
angariou aplausos do público americano, diante de um Trump boquiaberto e
sem ação. Ele assistiu Hillary nadar de braçada e não soube como
subverter aquele processo.
E
poucos de nós saberíamos, convenhamos. Jogar pelada no campo da esquina
como se estivesse trotando no gramado do Camp Nou é implorar pela
derrota, e é exatamente o que os oponentes de esquerdistas costumam
fazer em debates e campanhas eleitorais. Trump terá mais duas
oportunidades de dar a volta por cima até novembro, mas quem precisa
aprender a lição, na verdade, são todos aqueles que pretendem conter o
avanço dos apologistas do Globalismo e do big government mundo afora.
Não pense que será muito diferente com quem for travar discussões com Ciro Gomes
ou Marina Silva nas eleições presidenciais de 2018. Se não quisermos
ver o Planalto pintado de vermelho de novo (ainda que com matizes
diversas), cumpre entender que a esperteza, em determinados momentos, é
mais importante que a inteligência e o preparo, e que a forma deve, por
vezes, ser prestigiada em detrimento do conteúdo.
Olavo
de Carvalho, em outubro de 2015, publicou um artigo intitulado “O Reino
do Subjetivismo”, donde se extraí esta mesma lição:
“…
há dois conjuntos de conhecimentos, diferentes e incomunicáveis entre
si, que o cidadão tem de dominar para alcançar algum sucesso. O primeiro
refere-se, naturalmente, ao objeto ou propósito da tarefa a
desempenhar. Se o sujeito trabalha numa fábrica de sabonetes, tem de
saber algo sobre sabonetes. Se é enfermeiro, algo sobre corpos humanos,
doenças e remédios. Se é legislador, juiz ou advogado, algo sobre leis.
Se é escritor ou jornalista, algo dos assuntos sobre os quais escreve e
do idioma que emprega. E assim por diante. O segundo conjunto de
conhecimentos, que não pode ser deduzido do primeiro e tem de ser
adquirido independentemente, ensina como o cidadão tem de tratar os
colegas, os chefes e o público para sobreviver e, se possível, subir na
hierarquia profissional…”.
Aí
está. Ao que me parece, saber jogar para a torcida, que é uma aptidão
comum em políticos populistas/estatizantes, é artigo em falta entre
Liberais e Conservadores. Mas não é nada que não possa ser assimilado e
posto em prática. A vida dos americanos já não andava fácil, precisando escolher entre duas maçãs podres,
mas tudo leva a crer que os próximos quatro anos podem ser ainda mais
duros na terra dos livres e lar dos bravos (pero no mucho).
Ministrar
cursos visando habilitar candidatos com estas competências pode ser uma
boa oportunidade de ganhar dinheiro no futuro próximo, hein. Mas
cuidado para não ficar rico como Trump, e entrar para o time dos “The Have”
– ou, em português Lulopetista, a ZELITE! Não serás perdoado, e sua
reputação será atacada impiedosamente, seja ao vivo na CNN, seja em
Terra Brasilis. “Make America Great Again” sounds good, but americans
seem to prefer “Fundamentally transform America”. It’s a shame…
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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