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- Escrito por jo.ustra
Ruy Castro - Folha de São Paulo - 02/09/2016
A ex-presidente Dilma Rousseff saiu atirando em seu discurso de
despedida. Nem se lembrou de agradecer aos senadores golpistas que
votaram pela manutenção dos seus direitos políticos e a salvaram da pena
de morte. Este é um velho problema de Dilma: excesso de cabelinho nas
ventas. Se foi ingrata até para com seu criador, o ex-presidente Lula,
não lhe devolvendo o trono que ele esperava ter de volta em 2014, por
que seria simpática com os que lhe garantiram uma sobrevida?
O fato é que, agora, com agenda livre e todas as opções, Dilma deveria
aproveitar para algo que nunca teve tempo de fazer: estudar. Os que a
conhecem sabem que isso — permitir que alguma informação nova penetre em
sua carapaça de certezas — poderá ser uma revolução em sua vida. Mesmo
porque é disso que dependerá sua sobrevivência política.
Dilma tem zero experiência legislativa, por exemplo. Poderia
candidatar-se a vereadora em Porto Alegre, para se familiarizar com o
beabá do jogo político e aprender que a democracia não vive de decisões
monárquicas, mas de acordos e desacordos — ou não será democracia. A
vereança, por municipal, terá também a vantagem de impedi-la de propor
medidas que afetem a economia nacional. Se for bem sucedida, Dilma
poderia, aos poucos, aspirar às legislaturas mais altas. Em apenas oito
anos, estaria de volta a Brasília.
Se quiser tirar férias da política, Dilma poderá aceitar os convites
para se tornar professora das universidades de Bolívia, Equador e
Venezuela — espera-se que não de administração. Ou efetivamente cumprir o
mestrado e/ou doutorado (nunca se soube qual) em ciências econômicas
que dizia ter feito na Unicamp.
Talvez estas sejam as suas melhores opções. Mesmo porque Lula e o PT só
esperam a poeira assentar para dizer-lhe — de vez — tchau, querida
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