Está certo o
juiz que aceitou ação por dano moral impetrada por um professor da
Unicamp que estava sendo impedido de dar aula. Os vagabundos a soldo do
diretório acadêmico batiam bumbo na sala de aula e apagando o que ele
escrevia no quadro. A propósito, segue editorial do Estadão (veja vídeo aqui):
Na mesma
semana em que alunos da Unicamp invadiram a reunião do Conselho
Universitário para protestar contra o corte do ponto de servidores em
greve desde maio e organizaram piquetes para tentar obstruir o início do
semestre letivo, o juiz Guilherme Fernandes Cruz, da 9.ª Vara Civil de
Campinas, acolheu uma ação por dano moral impetrada pelo professor
Serguei Popov, do Instituto de Matemática, Estatística e Computação
Científica, contra os estudantes que o têm impedido de dar aula, batendo
bumbo na sala de aula e apagando o que escreve no quadro negro. O
magistrado também determinou a retirada das redes sociais de textos e
imagens ofensivas ao docente, sob pena de multa de R$ 1 mil por dia. Foi
a primeira vez na história da Unicamp que um professor recorreu à
Justiça sem medo das retaliações dos grupelhos radicais. Com a decisão, a
maioria dos alunos defendeu o fim de qualquer tipo de protesto e a
retomada das aulas.
Infelizmente,
atos de baderna não são raros nas universidades públicas paulistas.
Desde que um pequeno grupo de alunos e servidores da USP, Unicamp e
Unesp entrou em greve, há três meses, portões de acesso aos campitêm
sido trancados, prédios administrativos têm sido ocupados e depredados e
batucadas impedem os professores de lecionar. Em algumas unidades, o
barulho é tanto e as agressões morais são tão violentas que docentes não
conseguem permanecer em suas salas.
Nas três
universidades públicas estaduais, esses grupelhos de estudantes e
servidores manipulados por pequenos partidos de esquerda radical
justificam o vandalismo e as agressões morais em nome da luta pela
implantação de democracia direta. Segundo eles, suas “intervenções em
sala são discutidas coletivamente em assembleia e têm como objetivo
central a discussão democrática e a garantia de que nenhum grevista será
prejudicado com a aplicação de provas, trabalhos e faltas”.
Numa
afronta à ordem jurídica, também afirmam que “as greves por si sós já
preveem que as aulas não aconteçam e, portanto, quem insiste em
contrariar essa decisão estaria desrespeitando o direito de greve,
tentando impor o interesse individual sobre a decisão coletiva e
democrática”. E ainda acusam os dirigentes universitários de se negarem a
“discutir” as reivindicações. O problema é que, por serem irrealistas,
elas foram formuladas para não serem atendidas, dando a esses grupelhos o
pretexto para praticar agressões e vandalismos. Apesar da grave crise
financeira de todo o setor público, os servidores querem reajustes
salariais e mais vagas em creches e os estudantes pedem mais alojamentos
e restaurantes. O denominador comum dos protestos das duas categorias é
a acusação de que o governo estadual estaria “desmontando” a USP, a
Unicamp e a Unesp.
O
desgaste das reivindicações e a banalização das agressões, intimidações e
ocupações são apenas um dos lados do problema. O outro lado é a
invocação de um arremedo de democracia direta como manto que oculta a
defesa de ideologias autoritárias e a usurpação, por assembleias
controladas por minorias radicais, de direitos e deveres estabelecidos
pela Constituição. Qualquer reação das autoridades com base na lei é
convertida em denúncia de “criminalização” do movimento estudantil.
Qualquer pedido judicial de reintegração de posse é classificado como
arbítrio. A tentativa de aplicação de sanções a quem afronta regimentos e
leis é denunciada como opressão. E os professores que manifestam nos
órgãos colegiados sua indignação com esse estado de coisas se tornam
vítimas de ataques à sua honra pelas redes sociais.
No Estado
de Direito, demonstrações de intolerância e radicalismo como essas não
podem ser toleradas, sob o risco de destruir não só as mais importantes
universidades do País, mas, também, as instituições democráticas. Por
reafirmar essa lição básica e impedir que minorias radicais continuem
tumultuando os campi universitários, a decisão do juiz da 9.ª Vara Civil
de Campinas não poderia ter vindo em melhor hora.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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