Rolf
Kuntz escreve sobre as mudanças depois do impeachment de Dilma, a
desastrada e irresponsável "presidenta" dos idiotas que assim a
denominam (ancorados na linguística vagabunda do Grotão):
Marco
político, a conclusão do impeachment poderá ser também um ponto de
inflexão para a economia brasileira. Afastada a presidente Dilma
Rousseff, o novo governo terá melhores condições para apontar um rumo de
recuperação e estimular a produção e o investimento. Mantida a
presidente, empresários ficarão à espera de uma possível metamorfose, de
um quase milagre de conversão, antes de se dispor a investir em
máquinas, equipamentos e construções.
Com
ou sem conclusão do julgamento, no dia 31 de agosto os brasileiros
poderão conhecer o primeiro balanço oficial do primeiro semestre.
Saberão quanto encolheu o produto interno bruto (PIB) na primeira metade
do ano, se os negócios bateram no fundo do poço e se os sinais
positivos observados até agora, um tanto vagos, foram prenúncio de uma
virada.
O
último bom sinal foi divulgado na sexta-feira pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): o investimento produtivo aumentou
0,38% do primeiro trimestre para o segundo. A variação foi puxada
principalmente pela produção de bens de capital (máquinas e
equipamentos), acompanhada de um aumento da importação em junho. Apesar
da melhora, o indicador ainda ficou 9,2% abaixo do nível do segundo
trimestre do ano passado. Nos primeiros três meses, a mesma comparação
havia indicado uma retração de 17,5%.
Seria
exagero falar de uma retomada. Em julho as fábricas ainda produziram
utilizando, em média, somente 65% da capacidade instalada, de acordo com
a última sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 2011,
no começo do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, a ocupação
atingiu 75% do potencial, em alguns momentos. Os níveis caíram quase
continuamente nos anos seguintes.
Tanto
pela ociosidade quanto pela insegurança, a disposição de investir
continuou muito baixa em agosto, de acordo com a mesma sondagem. Apesar
de algum aumento, o indicador de intenção ficou em 42 pontos, bem
abaixo, portanto, da linha de 50 pontos, divisória das opiniões e
expectativas pessimistas e otimistas.
Confiança
será essencial para o setor privado voltar a investir. Antes disso
poderá haver algum aumento de produção, até porque o excesso de estoques
foi eliminado, ou muito reduzido, nos últimos três meses. Contratações
de pessoal só deverão ocorrer mais tarde, como observa, em geral, nos
primeiros tempos depois de uma recessão.
Mas
a confiança dependerá, em primeiro lugar, de fatores políticos. A
mudança de governo poderá ajudar, mas será insuficiente. O presidente
Michel Temer precisará demonstrar, juntamente com seus ministros, um
compromisso muito claro com a correção dos enormes desajustes da
economia brasileira. Além disso, propósitos bem definidos e consequentes
serão necessários para atrair capitais privados para os projetos de
infraestrutura. Esses projetos poderão proporcionar o impulso mais
forte, nos primeiros tempos, à normalização da atividade empresarial e
às decisões estratégicas de maior alcance.
A
economia deverá crescer 1,6% no próximo ano, segundo as novas projeções
anunciadas pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Isso deverá
resultar em maior arrecadação de impostos e contribuições.
Mas
a proposta orçamentária para 2017 incluirá também, como já foi
antecipado, receitas obtidas na outorga de concessões. Serão receitas
extraordinárias e nenhum governo sensato basearia um ajuste fiscal
duradouro nesse tipo de arrecadação. Será um dinheiro bem-vindo numa
fase de muita dificuldade, mas os leilões de infraestrutura deverão,
acima de tudo, marcar um retorno ao bom senso e ao realismo, abandonados
durante anos.
Nessas
concessões, como em todos os demais componentes da política econômica, o
governo deverá renegar claramente o pensamento mágico predominante na
fase petista. Esse pensamento, ainda exercitado por muitos defensores da
presidente Dilma Rousseff e de seus companheiros, inclui, entre outros,
os seguintes pressupostos: riqueza cai do céu, basta gastar para
produzir resultados e, além disso, rótulos bonitos valem tanto quanto
planos, programas e projetos bem elaborados e bem executados. Governar
como se essas premissas fossem verdadeiras levou ao fracasso a
administração da presidente Dilma Rousseff - e teria levado mesmo sem a
maquiagem das contas fiscais e as pedaladas financeiras.
Se
alguém estranhar ou achar excessiva a referência a esses pressupostos,
pense por alguns momentos em alguns componentes muito importantes do
debate político brasileiro. Nesse debate, dá-se mais importância ao
volume do chamado gasto social do que aos seus efeitos, mensuráveis nos
testes educacionais, na qualidade da mão de obra e na eficiência das
políticas de saúde.
Além
disso, no pensamento mágico recursos fiscais são ilimitados e qualquer
esforço de controle do gasto é manifestação de preconceito neoliberal.
Esse pensamento leva também à rejeição de juros altos, como se fosse
possível uma política monetária independente da inflação, ou como se o
Tesouro pudesse fixar livremente o custo de rolagem de sua dívida.
Disfarçado
por belas intenções, o pensamento mágico tem sido uma importante marca
do populismo, do discurso de muitos empresários, da fala de políticos
ditos de esquerda e de escritos econômicos classificados como
progressistas.
Já
se escutam arengas desse tipo contra as primeiras tentativas de
correção do desarranjo fiscal, como se fosse possível manter por tempo
indeterminado um déficit público nominal - com inclusão dos juros,
portanto - próximo de 10% do PIB. Isso é mais que o triplo da média
observada na União Europeia. Mas detalhes como esse devem ser pouco
importantes, quando intelectuais e políticos ligam a Lava Jato e o
processo de impeachment a uma conspiração para entregar o pré-sal aos
gringos.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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