quinta-feira, 28 de julho de 2016

Demanda por refeição a R$ 1 cresce 15% em Salvador


O do Comércio oferece 2.645 refeições diárias, enquanto que a unidade Liberdade dispõe de 2.300 pratos/dia

por
Matheus Fortes
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
A dificuldade financeira – atrelada com o receio de fazer novos gastos que tomou conta do comportamento do consumidor desde o ano passado – contribuiu também para agregar ainda mais pessoas aos restaurantes populares da cidade.
Localizados nos bairros do Comércio e da Liberdade, os restaurantes ofertam o almoço pelo preço simbólico de R$ 1. A qualidade nutritiva do prato transformaram os estabelecimentos em verdadeiras “salvações”, para aqueles que não podem gastar muito nem para uma refeição essencial. O fornecimento foi ampliando em 15% nas unidades.
O do Comércio oferece 2.645 refeições diárias, enquanto que a unidade Liberdade dispõe de 2.300 pratos/dia.
 O cardápio varia de acordo com o dia da semana, mas, de forma geral, é dividido em uma entrada com saladas (que podem ser cozidas ou cruas), ou guarnição (massas, legumes, purê e farofa), no prato principal (que pode ser carne bovina, aves ou peixes), o acompanhamento (arroz simples ou temperado e feijão simples), uma sobremesa (que pode ser fruta ou doce caseiro a depender do dia da semana), e um refresco de frutas.
De acordo com a coordenadora de Restaurantes Populares da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), Jane Gladys, o cardápio é definido por nutricionistas que faz um planejamento alimentar, respeitando o hábito alimentar e o valor calórico das refeições do baiano. Segunda o coordenadora  existe um plano de expansão para estes estabelecimentos sendo analisado pela Secretaria de Justiçã .
“É feito um trabalho para definir todos os componentes que estão no prato, de modo a oferecer uma alimentação saudável e balanceada aos frequentadores do restaurante. Por isso que é importante destacar a presença de frutas, saladas no cardápio, enquanto que itens como as frituras, por exemplo, não fazem parte do cardápio”, destacou Jane Gladys.
O atendimento tem início às 10h30, de segunda à sexta-feira. No entanto, quem chega ao Comércio por volta das 9h, por exemplo, já encontra uma boa concentração de pessoas, à espera da distribuição das fichas. Na região central da cidade, o estabelecimento é a opção mais utilizada por trabalhadores do bairro, vendedores ambulantes, feirantes, idosos, aposentados, estudantes, e moradores de rua.
Trabalhador de uma escola pública na Cidade Baixa, onde faz serviços administrativos, o técnico Antônio Aprigio almoça no local há pelo menos cinco anos. Segundo ele, a qualidade da comida que é servida no restaurante tem melhorado bastante, o que tem contribuído para que ele decida encarar a fila mais vezes na semana. “Não sou muito exigente com comida, mas o que é servido aqui consegue satisfazer, e muito bem o apetite”, relatou.
1.300 CALORIAS
Assim como ele, o vendedor de sucatas José Carlos Pires que trabalha na Península de Itapagipe, também frequenta o lugar a pouco tempo, e o faz quando não pode preparar a comida em casa para levar numa marmita. Tendo vivido boa parte da vida com a renda de um salário mínimo, o José Carlos diz sentir dificuldade para achar um lugar que se possa comer o suficiente, e por um preço acessível.
“Não posso gastar muito com comida, tenho contas de casa e filhos pra sustentar. Até vale comer um salgado, ou uma quentinha de vez em quando, mas é luxo. O único lugar que a gente pode comer bem, “pra encher a barriga”, é aqui mesmo”, explica o vendedor, que mora com a esposa e mais dois filhos em Fazenda Coutos.
O prato servido nos restaurantes tem entre 1.300 e 1.600 calorias, e originalmente custam R$ 4,92 no Comércio, e R$ 5,49 na Liberdade, do qual a maior parte é subsidiada pelo Governo do Estado. Como a refeição custa R$ 1, o valor aproximado de arrecadação é de R$ 600 mil por mês.

Unidade em Paripe passou por reforma
Já para quem mora no Subúrbio, a opção mais em conta é o Prato Popular, que fica em São Tomé de Paripe. Reinaugurado recentemente, após uma reforma fruto de uma parceria entre a prefeitura e a iniciativa privada, o estabelecimento funciona entre às 11h30 e 13h30, oferecendo diariamente um total de 350 refeições – embora o local tenha capacidade para atender até 500 pessoas – com o valor de R$ 1 para os usuários a partir dos 10 anos – crianças de faixa etária menor não pagam.
O estabelecimento tem uma média de 230 pagantes por dia. Considerando que só funciona em dias úteis, a média mensal de arrecadação é de R$ 5.060,00. Em relação ao funcionamento, o Município investe uma média de R$ 80 mil com recursos próprios (ou seja, oriundos da Secretaria da Fazenda).
De acordo com a Secretaria Municipal de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (Semps), a prefeitura tem interesse no aumento de número de unidades como o Prato Popular, e estudos técnicos já estão sendo realizados buscando a ampliação para áreas como, por exemplo, a região de Cajazeiras.
Desde 2011 não existe mais o cofinanciamento do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS). Com isso, a construção de uma nova unidade do Restaurante Popular - dependerá exclusivamente dos recursos da prefeitura.

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