quinta-feira, 2 de junho de 2016

Órgão eleitoral da Venezuela suspende reunião sobre referendo


Oposição tenta convocar referendo para tirar Maduro do poder.
CNE precisa confirmar se assinaturas para abrir o processo são válidas.

Da AFP
A oposição na Venezuela denunciou, nesta quinta-feira (2), que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) suspendeu uma reunião sobre os próximos passos a serem dados no processo de ativação do referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro.
 
Mesa da Unidade Democrática (MUD, de oposição) esperava que o CNE o informasse sobre a revisão do conjunto de 1,8 milhão de assinaturas - nove vezes o necessário - entregues há um mês para solicitar a ativação do referendo.

O CNE precisa confirmar se foram obtidas pelo menos 200 mil assinaturas válidas para que a oposição dê continuidade ao processo de validação, por impressão digital, do que foi coletado.
"Vamos anunciar ao país os passos que vamos dar diante dessa insólita situação. Pedimos ao povo que tenha calma, serenidade, para estar à altura dessa situação extremamente complexa", declarou o porta-voz da MUD, Jesús Torrealba, ao convocar uma reunião de emergência da coalizão.
"Hoje, pela quinta vez consecutiva, o CNE descumpriu [seu compromisso] com o povo", acrescentou, ao se referir a outros encontros que também teriam sido cancelados pelo órgão eleitoral no processo.
"É inaceitável a suspensão da reunião com a Unidade por parte das Senhoras do CNE", tuitou o líder de oposição Henrique Capriles, principal promotor do referendo revogatório.

Protesto
Um protesto realizado nesta quinta com dezenas de pessoas contra o presidente, a poucas quadras do Palácio de Miraflores, foi dispersado pela polícia com bombas de gás lacrimogêneo.
Manifestante confrontam a polícia durante protesto perto do palácio presidencial de Miraflores nesta quinta-feira (2) em Caracas (Foto: AP Photo/Fernando Llano)Manifestante confrontam a polícia durante protesto perto do palácio presidencial de Miraflores nesta quinta-feira (2) em Caracas (Foto: AP Photo/Fernando Llano)
"Vai cair, vai cair, este governo vai cair", repetiam alguns manifestantes a quatro quarteirões do Palácio, desafiando centenas de homens da Polícia Nacional e da militarizada Guarda Nacional Civil Bolivariana, que cercavam o protesto por vários setores.
"Estou protestando porque já estamos cansados de que não se consigam produtos, das filas", disse à AFP Francis Marcano, estudante de 21 anos, com uma pedra na mão.
Atingida pela queda dos preços do petróleo, a Venezuela sofre com uma profunda crise política, institucional, social e econômica, com grave escassez de alimentos e medicamentos, e uma inflação - a mais alta do mundo - de 180,9% em 2015, projetada pelo FMI para 700% em 2016.
Longas filas, vigiadas pela polícia militar, se formam todos os dias nos supermercados para a compra de alimentos subsidiados. Em vários estabelecimentos de Caracas e outras cidades ocorreram saques e protestos nas últimas semanas.
A oposição venezuelana responsabiliza pela crítica situação o governo de Maduro e impulsiona um referendo revogatório do mandato presidencial, enquanto a Organização de Estados Americanos (OEA) defende o diálogo como saída para a crise.
Polícia lança gás para dispersar manifestação nesta quinta-feira (2) em Caracas, Venezuela (Foto: AP Photo/Fernando Llano)Polícia lança gás para dispersar manifestação nesta quinta-feira (2) em Caracas, Venezuela (Foto: AP Photo/Fernando Llano)

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