Editorial do jornal O Globo comenta a corrupção instalada no primeiro escalão do governo petista, que finge ser vítima:
Desde
março de 2014, quando foi lançada a Operação Lava-Jato, casos de
roubalheira de lulopetistas e aliados se concentraram no grupo Petrobras
e em alguma outra empresa pública. Golpes dados contra o Erário na
administração direta, na manipulação de verbas de ministérios, em que os
desvios no Denit (Transportes) são grande exemplo, haviam ficado para
trás.
Mas,
vê-se agora, na Operação Custo Brasil, na qual foi preso o ex-ministro
Paulo Bernardo, que a corrupção no primeiro nível da administração
federal continuou campeando. O esquema montado no Planejamento, com
Paulo Bernardo, é prova disso. Por ele foram ordenhados, segundo o MP de
São Paulo, R$ 100 milhões em cobranças indevidas de servidores federais
clientes de crédito consignado. Parte foi para o PT, sobraram R$ 7
milhões para o ex-ministro, e assim por diante.
A sede do
partido, em São Paulo, também foi visitada pela Operação. Logo,
parlamentares petistas e outros representantes do PT , inclusive a
executiva nacional da legenda, reagiram de forma típicamente petista:
pela vitimização e a partir de uma visão conspiratória.
Nessas
circunstâncias, o partido sempre se apresenta como vítima de tenebrosas
maquinações dos adversários e inimigos. Desta vez, tudo acontece porque o
Planalto de Michel Temer enfrenta desgastes devido ao envolvimento, de
alguma forma, de gente do governo interino com a Lava-Jato. Por serem
investigados ou acusados pela operação, como também por tramarem para
conter o desbaratamento do petrolão, com leis aprovadas no Legislativo e
lobbies em Cortes judiciais.
Acham
petistas — ou dizem achar — que o governo interino, jogado às cordas por
gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, por
exemplo, manobrou para que o Ministério Público e a Polícia Federal
desfechassem a Custo Brasil.
Acredite
quem quiser que o MP, independente por determinação constitucional, e a
PF, operacionalmente autônoma, aprontaram esta operação para prejudicar o
PT e nesta hora. O partido se prejudica a si mesmo, sem ajuda. Ele
precisa é, mais uma vez, se explicar. Há várias descobertas graves
feitas pelas investigações: a Consist, empresa contratada, cobrou um
sobrepreço na tarifa de serviço aos clientes do crédito e com isso
arrecadou R$ 100 milhões, dos quais saíram propinas e dinheiro para o
PT. Uma das ligações do caso com a senadora Gleisi Hoffmann (PT), mulher
de Bernardo, é a participação no esquema do seu advogado em campanhas,
Guilherme Gonçalves.
Um
aspecto relevante em tudo isso é que a operação comprova que a
“organização criminosa” do partido e aliados (PMDB, PP, PCdoB) não atuou
apenas na Petrobras. Já haviam sido detectadas ramificações dela no
setor elétrico (Eletronuclear, Belo Monte). Agora, na administração
direta. E obedecendo ao mesmo padrão: financiamento eleitoral e bolsos
pessoais.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário