sexta-feira, 3 de junho de 2016

Farmácia Popular está ameçada


Corte de recursos coloca em risco programa que distribui medicamentos subsidiados

por
Adilson Fonseca
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
No Vale do Ogunjá, Calçada e Ribeira, as lojas da Farmácia Popular do Brasil, programa instituído pelo Ministério da Saúde em 2006 para a distribuição com preços subsidiados de medicamentos fecharam as portas desde o ano passado, juntamente com 24 unidades, totalizando 27 em todo o Estado.Restaram as sete unidades mantidas pela Fundação Osvaldo cruz e as da rede privada, conveniadas com o Governo federal.
Agora é o próprio Ministério da Saúde que admite que a falta de recursos pode inviabilizar o programa este ano, deixando de atender na Bahia mais de 70 municípios, incluindo Salvador. O ministério emitiu nota,. No início do mês de que os recursos do orçamento destinados ao programa farmácia Popular só são suficientes para o mês de agosto. O problema resulta do fato de que a redução de R$ 5,5 bilhões afetaria o programa, que na sua maior parte é feito em parceria com a iniciativa privada para a venda subsidiada de remédios para várias doenças à população.
Conforme explicou a vice-presidente do Sindicato dos Farmacêuticos na Bahia (Sindifarma), Eliane Simões, desde o ano passado, quando o Governo do Estado fechou as 27 farmácias da rede própria, operadas através da Sesab, que a situação da população necessitada piorou. Ela disse que até hoje há um questionamento no ministério Público sobre o porquê do fechamento das unidades mantidas pelo Estado. “Quem acaba pagando é a população carente”, disse.
O corte, que pode chegar a R$578 milhões, vai permitir que em todo o País apenas 460 unidades sejam mantidas com recursos do próprio ministério. Já as unidades credenciadas, que na Bahia, conforme a relação da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) são 1.233, das quais 217 estão em Salvador, ainda mantém o subsídio que permitem a venda de medicamentos com até 90% de desconto do preço original.
Prejuízos
O Programa Farmácia Popular do Brasil atua em duas linhas de trabalho. A primeira, com recursos próprios do Ministério da Saúde, é feita em parceria com prefeituras e secretarias estaduais de saúde, enquanto a segunda linha de ação é feita em convênio com a iniciativa privada, que vende medicamentos com até 90% de subsídios. As unidades próprias são operadas pela Fundação Oswaldo Cruz.
No ano passado, alegando prejuízos com a manutenção do programa, o Governo do Estado fechou 27 unidades das Farmácia Popular do Brasil,,  mantendo apenas os estabelecimentos conveniados e unidades que foram absorvidas pela Fundação Osvaldo cruz (Fiocruz). À época, a Secretaria estadual da Saúde argumentou que tinha gastos mensais de R$ 7,5 milhões, para uma receita de pouco mais de R$ 1 milhão. Em Salvador afora as lojas da rede privada conveniadas com o Ministério da Saúde,ficaram apenas sete farmácias do programa – Amaralina, Comércio, Liberdade, Brotas, Roma, Cajazeiras e Boca do Rio.
A vice-presidente do Sindifarma, Eliane Simões, também contesta as alegações, à época, de que os medicamentos que eram distribuídos gratuitamente nas farmácias popularespodem ser encontrados nas unidades de saúdes da Sesab na capital e no interior do Estado. “O que a gente constata é que faltam medicamentos básicos na rede de saúde pública, quanto mais aqueles mais complexos.
Há ainda a questão do repasse de recursos do Ministério da Saúde, que atrasa e é insuficiente para atender á demanda de estados e municípios, e a farmácia popular é um suporte para as populações mais carentes e que necessitam desses medicamentos”, emendou.
O anúncio de cortes dos recursos foi feito no início do mês e deverá afetar, principalmente, a continuidade dos convênios com a rede privada.
Em nota na semana passada, o Ministério da Saúde disse que o Programa Farmácia Popular é complementar ao acesso já garantido pelo Sistema  Único de Saúde (SUS) aos medicamentos essenciais, e constam da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, distribuídos  gratuitamente também nos postos e centros de saúde pública. Apesar dos cortes no orçamento, a nota diz que não se cogita da extinção dos programas.
Nova formatação do projeto está em curso, diz Secretaria da Saúde
Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que a nova formatação do projeto Farmácia Popular  já está em curso e envolve a vinculação das unidades que fazem parte da rede própria serão administradas pela Bahiafarma. Além disso, a reestruturação envolve os municípios, que ficarão responsáveis pela gestão operacional das farmácias, mediante manifestação de interesses dos prefeitos em reativar o programa para que sejam criadas as  unidades em suas cidades.
Na Bahia atualmente a rede própria, que antes era mantida pela Sesab mediante convênio com mo ministério da Saúde, está sendo operada pela Fundação Oswaldo Cruz, com  sete lojas em Salvador e duas no interior do estado. Isso acontece enquanto não se define os procedimentos que serão a adotados na nova formatação do programa que será administrado também pela Bahiafarma. Dos 1.233 medicamentos disponíveis na Relação do Ministério da Saúde para serem incluídos no programa, mediante a comercialização subsidiada, 12 deles são gratuitos.
Ministério
Em nota também, o Ministério da Saúde informou no último dia (25) que o Programa Farmácia Popular tem papel complementar de acesso aos medicamentos, desenvolvido através da parceria com Estados, Municípios e o setor varejista de medicamentos, permitindo a população ter uma alternativa importante, reduzindo os gastos familiares com medicamentos e impedindo a descontinuidade do tratamento.
Seguindo a nota, o governo federal já investiu R$ 10,4 bilhões para ampliação do Programa e na oferta dos medicamentos, saltando de um orçamento de R$ 34,7 milhões, em 2006, para R$ 2,8 bilhões no ano passado.  O comunicado do Ministério da Saúde informa ainda que existe uma dotação orçamentária de R$ 2,98 bilhões para o Farmácia Popular em 2016. E que atualmente, o Programa conta com 34.682 farmácias conveniadas que beneficiam 4.446 municípios. A nota finaliza afirmando que o orçamento de 2016 ainda está sendo negociado e que  caso se confirmem os cortes, que o ministério vai avaliar as áreas afetadas.

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