terça-feira, 31 de maio de 2016

Sérgio Machado, provavelmente o delator mais transparente do mundo


Reprodução do blog professorrafaelporcari.com
Pedro do Coutto
É isso, pela atuação que desenvolveu como uma naturalidade espantosa, o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado revelou-se o delator mais transparente do mundo, estabelecendo um recorde difícil de ser superado. Além das gravações com Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney, Machado gravou também o encontro do ministro da Transparência do governo Temer, Fabiano Silveira, na ocasião em que este apresentava sugestões ao presidente do Senado para que tentasse tornar intransparentes as evidências que em torno dele surgiram de estar envolvido no esquema de corrupção que predominava na Petrobrás.
Sérgio Machado produziu assim uma peça de humor da vida real na medida em que tornou pública e transparentes as intenções do ministro da Transparência indicado para o cargo por ninguém menos que o próprio Renan Calheiros.
Nesse processo político circular, como fica o presidente Michel Temer? Muito mal na fotografia, sobretudo porque sua primeira reação foi a de não exonerar Fabiano Silveira, reduzindo assim a importância de sua atuação, buscando obscurecer as luzes das investigações, quando seu dever era agir exatamente no sentido contrário.
POUCO TRANSPARENTE
Nunca se viu um ministro tão pouco transparente, principalmente ocupando cargo que tem o nome de Ministério da Transparência.
Transparente, sem dúvida, tem sido Sérgio Machado, iluminando as curvas sinuosas que ligam Brasília, centro do poder, aos assaltos praticados contra a Petrobrás, que equivale a dizer executados contra o país .
Mas Sérgio Machado comprovou na prática as condições amplas que possuía para agir, agora se vê, em duplo sentido. Era ele o distribuidor plenipotenciário de comissões ilegais resultantes de super faturamentos nos contratos entre a estatal e as grandes empreiteiras do Brasil.
MUITA FORÇA
Com base na absoluta intimidade que mantinha, e continua a manter, com os poderosos de sempre, sua força é tão grande que, trafegando em mão dupla, causou a demissão do ministro Romero Jucá e também se tornou autor da exoneração de Fabiano Silveira.
Aliás, independentemente da omissão de Michel Temer, Fabiano Silveira deveria ser o primeiro a colocar o cargo à disposição para que sua atitude não pesasse sobre o poder do Planalto, que passou a ser abalado por duas crises produzidas por Sérgio Machado, que se revela um personagem fatal para seus companheiros de outros tempos.
Tempos de tempestade que o levaram, em 2015 a ter que se licenciar sucessivamente da presidência da Transpetro. Com isso, para citar o samba de Monsueto, uma fonte da corrupção secou.
PROPINODUTO
O próprio Machado confessa sua participação como operador de um propinoduto de grande diâmetro.
Caso contrário, não aceitaria sua qualificação como um dos delatores premiados de um processo cujo fundo parece não ter fim. Quem delata para reduzir sua pena se confessa previamente um condenado. Deseja apenas diminuir sua condenação. Sérgio Machado tornou-se o maior símbolo de uma época que derrubou um governo e está no momento abalando seriamente.
Posted in

Nenhum comentário:

Postar um comentário